segunda-feira, outubro 23, 2006

A física deve estar a passar pelas brasas
Depois ria-se. Erguia os braços com o pequeno pedaço de borracha nas mãos de dedos compridos, esticados e abertos. Olha para isto,
como é possível esticar tanto esta porcaria sem que rebente?
É óbvio que é feito para aguentar uns puxões. Mas isto já é demais. É o que te digo, o raio da física adormeceu, que outra forma existe para justificar que possa ser esticado tanto sem se atrever a rebentar?
Até te digo mais
Às vezes, olho para o molho espesso de folhas que segura e não consigo evitar um semicerrar de olhos, um franzir da testa na expectativa de um esgar de dor pela chicotada de uma das pontas depois de rebentar.
Até agora, tenho-me enganado sempre
Quando penso que é a última vez, que estou a abusar da sorte, que desta vez exagerei e que não há mesmo hipótese que resista sou, uma vez mais contrariado. Subsiste. Continua a segurar.
Mas também te digo outra coisa
O problema dos elásticos é que, eventualmente, rebentam. Mais tarde ou mais cedo. Quando parte da borracha nos atinge em cheio na mão, não é tanto a dor que nos dói.
É a surpresa
Porque mesmo que pensemos, de cada vez que vamos remexer no molho de papéis, que esta pode ser finalmente a última vez que o objecto resista, não esperamos que ele, de facto, rebente. Para quem não gosta da surpresa, para quem não gosta de lidar com a incerteza de um susto, só há uma saída. Fácil ou nem tanto.

Rebentar