sábado, junho 02, 2007

Acerca da arriscada e, por isso, bela arte de comentar – Bernardo Mota comenta o jogo da terceira ronda de Roland Garros que opõe Djokovic a Patience. Claramente, qualquer pessoa que acompanhe minimamente ténis não está à espera de ver Djokovic ter grandes problemas para ganhar. Para quem não acompanha, bastaria referir que há um hiato de para aí uns 120 lugares no ranking ATP entre os dois jogadores.

Só para chatear e estatística e mostrar que isto tudo é falível, Patience responde ao primeiro set perdido com uma vitória no segundo e, assim que ligo o televisor, segurou o seu jogo de serviço e fez 5-3 no terceiro, ou seja, uma quebra de serviço à maior. O sérvio prepara-se para servir e o Bernardo Mota reafirma a sua confiança nele, ganhando aquele jogo de serviço colocará pressão sobre o francês que depois terá que servir para fechar o set sobre pressão, alturá em que poderá tremer.

Entretanto, Djokovic já vai nos 30-0, tranquilamente quando o outro resolve atacar. Rapidamente estão nos 30-30 e aí o Mota já diz que o francês não tem nada a perder, pode arriscar à-vontade frente ao seu público parisiense, e o sérvio é que está sobre pressão, seria sempre mais fácil jogar com um jogador melhor colocado no ranking e sem ser autóctone. De qualquer das formas, é um teste interessante, beréubéubéubéu, pardais ao ninho.

Dupla falta e balde de água a roçar o gelado. Ponto de quebra de serviço que é simultaneamente de set. Primeiro serviço falhado, enterrado na rede ou fora, não me recordo. Segundo serviço seguido de uma direita ao longo que rasga o canto esquerdo superior do court e Patience remata o terceiro set em grande estilo. Volta de punho erguido para a cadeira, Djokovic de cabeça baixa.

Quarto set. Djokovic está no comando das operações. Serve para o 4-2, tem um break. De repente, quando menos se espera, o francês volta a disparar três ou quatro pontos absurdos, não se sabe muito bem vindos donde. Devolve o break. Serve de seguida um jogo branco no limite do perfeito, ases e winners a pontapé. O que é que diz o Mota? O francês está muito confiante, Djokovic tem que se pôr a pau.

É uma profissão dura. A de comentador, claro está.

P.S. – Gostaria de acrescentar que Bernardo Mota diz “eispetacular”. Fiquei na dúvida se se escreve com “is” ou “x”.