segunda-feira, novembro 05, 2007

Está sempre sentada naquela paragem - que protege os passageiros do vento que fustiga o lugar ermo. De bilhete na mão, aqueles bocados grossos de papel com cores e números, aos quais a máquina, qual ritual de imolação, prontamente arranca um pequeno quadrado que paga a viagem.

Nenhuma das carreiras que passam naquele local a levará ao destino que pretende mas está sempre sentada naquela paragem que protege os passageiros do vento. Sentada no banco de plástico, com o braço direito sobre a mala no colo.

De cada vez que vê um autocarro aproximar-se, levanta-se e aproxima-se do lancil do passeio. Ansiosa, expectante, lança de imediato o olhar para a faixa na parte superior do veículo, onde o número da carreira e o destino se pavoneiam em letras garrafais. Franze a testa, os olhos, no esforço de vencer a miopia e decifrar o letreiro.

Depois, faz sinal ao condutor para que não pare. Não é aquele que o autocarro que espera e volta a sentar-se com o braço direito sobre a mala no colo, enquanto vê as folhas e a poeira levantadas pela deslocação do veículo. Está sempre sentada naquela paragem, de bilhete na mão, protegida do vento que fustiga aquele lugar.