terça-feira, dezembro 04, 2007

« – Outra vez ainda! – disse Rodolfo. – Sempre os deveres! Sinto-me maçado com tais palavrões. É um bando de velhos caturras de colete de flanela, e de beatas com pantufas e rosário, cantando continuamente aos ouvidos: «O dever! O dever!» Deus me livre! O dever é o sentimento do que é grandioso, querer o que é belo, e não aceitar todas as convenções da sociedade com as ignomínias que ela nos impõe.
– Contudo…contudo… – objectava Ema.
– Oh, não! Para que se há-de declamar contras as paixões? Não serão elas a única coisa bela que há neste mundo, a fonte do heroísmo, do entusiasmo, da poesia, da música, das artes, de tudo, enfim?»

Madame Bovary, Gustave Flaubert