Bigode farfalhudo - e cabelo um pouco comprido atrás, camisa cor-de-burro-quando-foge aberta à frente e pilosidade do peito descoberta, sapatinho com berloques e meiinha branca nos pés, medalhão ao pescoço e aneis bojudos nos dedos. Toda a gente conhecia o Sr. Vinagre, um dos castiços da vila. Descia a rua com andar gingão, presenteando os transeuntes com olhares de basófia e, ocasionalmente, cuspindo para o chão. No café, envolvia-se em grandes discussões enquanto devorava caracóis regados por uma “mine”: sobre os políticos que só querem é chegar ao poleiro; pior quando o tema era o Benfica, chegava mesmo a engalfinhar-se por dá cá aquela palha. Às meninas, o Sr. Vinagre reservava sempre um olhar especial, de cima a baixo e centrado em determinadas zonas da sua anatomia. E nunca escapavam à sua marroteira, tinha sempre uma frase feita na ponta da língua, estilo “ó febra, anda cá ao grelhador”, para lhes dirigir. Nos bailaricos, arregaçava as mangas do seu blazer salmão e era vê-lo a convidá-las a todas para um pézinho de dança.
O Sr. Vinagre era um grande azeiteiro.
O Sr. Vinagre era um grande azeiteiro.
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