quarta-feira, abril 30, 2008

Nunca deixo de ligar a uma pessoa que me dá o seu número de telefone, disse-lhe de uma forma que ainda acentuava o carácter cavalheiresco da afirmação. Depois destoou um pouco quando acrescentou que ligaria nem que fosse para dizer que nada feito, tinha mudado de ideias ou nem sequer era bem o estilo dele, não fazes o meu tipo. Afinal, os encontros casuais proporcionam sempre este risco a quem neles investe como se de uma bolsa de valores se tratasse. E que seria deles se não existisse esta componente de sinceridade tão crua?

Pelo sim pelo não, ficas também com o meu número. Se alguma coisa estranha acontecer. Era quase como se deixasse o bilhete de identidade para garantir que voltaria mais tarde ao restaurante para pagar uma refeição em dívida. Ela aceitou com um sorriso e tomou nota na memória do telefone moderno, cheio de luzes e ícones bruxuleantes. Assim até saberia que era ele quem lhe ligava.

Passados uns dias, ele cumpriu a promessa. Procurou o nome na lista e carregou no botão verde. E então foi ela quem nunca atendeu.