Com eleições à porta, o PS acobardou-se. E então resolveu fazer a fraca figura que fez: colocar o casamento homossexual na agenda e deixá-lo tropeçar e estatelar-se ao comprido na Assembleia. Afinal, falava ultimar este Orçamento de Estado e isso implica negociação, ou não fosse complicado comprar votos nos dias que correm.
O PP aproveita sempre estes acontecimentos para soltar aquelas afirmações estilo “há coisas mais importantes que preocupam os portugueses”. Frase essa que, a aplicar-se à letra, impossibilitaria debates sobre imensos outros assuntos, há sempre gente com muitos problemas e vidas muito complicadas.
Agora, uma que o diploma chegou, de facto, à análise e escrutínio dos deputados, então sim, deveria ter sido dada a liberdade de votar sem ser em carneirada à bancada do PS. Perder-se-ia menos tempo do que aquele que se perdeu desta vez: não acredito que o tema não volte a reclamar tempo de antena do hemiciclo no futuro.
Do lado dos que votam convictamente na negativa (porque houve aqueles do PS que não o fizeram), já chegaram à conclusão que não é um cavalo de batalha fácil este de convencer os outros que o casamento só pode ser para pessoas de sexos diferentes. Dois homens ou duas mulheres cumprem facilmente todos os requisitos estipulados na lei actual. Excepto o requisito da braguilha.
E então, enveredam pela única escapatória possível, a da Mãe Natureza. O casamento pressupõe a procriação. É um facto que muitas pessoas que casam têm filhos e o fazem com esse propósito. Mas também é um facto que – uma tendência crescente dos tempos modernos – também há casais que casam sem o mínimo intuito de contribuir para as estatísticas da natalidade. E há ainda aqueles que não casam e que têm filhos; evitemos, porém, referir estes casos de pessoas manchadas pelo pecado.
Imagino o dia em que, para defender a natalidade, a espécie, o futuro do país, se coloque a pergunta ao par heterossexual que apareça no Registo Civil: “então e os senhores, estão a pensar procriar?”. E claro, fazer depender a aceitação desse contrato que é o casamento da justeza da resposta dada. No limite, os senhores até poderão fazer-se acompanhar dos resultados de contagens de espermatozóides e as senhoras de ecografias aos ovários.
O Estado é democrático. E livre. Ou deveria ser. Para todos, portanto. Incluindo minorias. O mais curioso neste caso é que a legalização do casamento dos homossexuais não tem nenhum impacto senão neles próprios. Não é um jogo de soma nula que, ao pender para um dos lados, forçosamente prejudica o outro. Se não querem reconhecer esta gritante discriminação e aceitar a cidadania plena destas pessoas então, ao menos, deixem-se de subterfúgios e desculpas esfarrapadas e assumam-se.
Saiam do armário, seus homofóbicos.
O PP aproveita sempre estes acontecimentos para soltar aquelas afirmações estilo “há coisas mais importantes que preocupam os portugueses”. Frase essa que, a aplicar-se à letra, impossibilitaria debates sobre imensos outros assuntos, há sempre gente com muitos problemas e vidas muito complicadas.
Agora, uma que o diploma chegou, de facto, à análise e escrutínio dos deputados, então sim, deveria ter sido dada a liberdade de votar sem ser em carneirada à bancada do PS. Perder-se-ia menos tempo do que aquele que se perdeu desta vez: não acredito que o tema não volte a reclamar tempo de antena do hemiciclo no futuro.
Do lado dos que votam convictamente na negativa (porque houve aqueles do PS que não o fizeram), já chegaram à conclusão que não é um cavalo de batalha fácil este de convencer os outros que o casamento só pode ser para pessoas de sexos diferentes. Dois homens ou duas mulheres cumprem facilmente todos os requisitos estipulados na lei actual. Excepto o requisito da braguilha.
E então, enveredam pela única escapatória possível, a da Mãe Natureza. O casamento pressupõe a procriação. É um facto que muitas pessoas que casam têm filhos e o fazem com esse propósito. Mas também é um facto que – uma tendência crescente dos tempos modernos – também há casais que casam sem o mínimo intuito de contribuir para as estatísticas da natalidade. E há ainda aqueles que não casam e que têm filhos; evitemos, porém, referir estes casos de pessoas manchadas pelo pecado.
Imagino o dia em que, para defender a natalidade, a espécie, o futuro do país, se coloque a pergunta ao par heterossexual que apareça no Registo Civil: “então e os senhores, estão a pensar procriar?”. E claro, fazer depender a aceitação desse contrato que é o casamento da justeza da resposta dada. No limite, os senhores até poderão fazer-se acompanhar dos resultados de contagens de espermatozóides e as senhoras de ecografias aos ovários.
O Estado é democrático. E livre. Ou deveria ser. Para todos, portanto. Incluindo minorias. O mais curioso neste caso é que a legalização do casamento dos homossexuais não tem nenhum impacto senão neles próprios. Não é um jogo de soma nula que, ao pender para um dos lados, forçosamente prejudica o outro. Se não querem reconhecer esta gritante discriminação e aceitar a cidadania plena destas pessoas então, ao menos, deixem-se de subterfúgios e desculpas esfarrapadas e assumam-se.
Saiam do armário, seus homofóbicos.
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