domingo, julho 30, 2006

Por que é que - dominar qualquer coisa muito bem é comparável com o grau de erudição sobre a palma da própria mão? Ah, eu conheço esse caminho como a palma da minha mão! Pois eu conheço mal e porcamente a minha mão. Se me pedissem para a descrever diria que tem cinco dedos, uns ossos, uns músculos, umas veias, pele e alguns pêlos. E, claro, umas linhas, motivo de ataque por parte das ciganas nas cidades do sul da Espanha. De resto, sei mais acerca das suas capacidades e limitações do que outra coisa.

sexta-feira, julho 28, 2006

Se eu soubesse - que há terra depois desta imensidão de mar, se eu tivesse a certeza inabalável de que uma rocha se ergue no meio do azul rasgado de espuma, então largaria a nadar, evitando as ondas com mergulhos, lutando contra a corrente, derrotando a força da água e da maré. Não ficaria cansado, não teria frio. Muito menos medo de ser engolido pelas vagas.

Porque acreditaria.

quinta-feira, julho 27, 2006

Não há dois sem três

quarta-feira, julho 26, 2006

Festival da Eurovisão - Que mais podia ser da Antevisão; é já amanhã, um futuro muito próximo.

Vamos a factos.
O Nacional, primeiro:



O Europeu, depois:




Bonus track - Acaso existisse o Festival da Religião ou, para o mesmo efeito, da Desafinação Infantil, um bom candidato seria:

terça-feira, julho 25, 2006

Prometeu-lhe - que não ia percorrer os chavões mas, de seguida, disse-lhe que era a última vez que acontecia. Não sou perfeita, foi um deslize. Sou só humana. Esteve quase para dizer que se sentia sozinha mas segurou as palavras com os lábios. Enquanto falava, ia percebendo que estava a resvalar para o caminho que supostamente não iria percorrer. E apercebeu-se que não é fácil trilhar outro que não aquele que está mais do que pisado.
Quando tomo nota - num papel não me esqueço das ideias e, regra geral, nem sequer preciso de olhar para o que escrevi. Quando penso que deixar na cabeça vai ser suficiente, das duas, uma: ou não me lembro de todo ou fico sempre com a impressão que não era bem assim.

segunda-feira, julho 24, 2006

Sempre pensei - que estas coisas dos direitos de propriedade industrial eram muito fortes e para levar a sério. Mas às vezes há exemplos que me baralham. Sempre que vejo a marca Fnac estampada nas respectivas lojas e sacos e por aí fora, lembro-me de uma marca de aparelhos de ar-condicionado que havia sei lá eu há quanto tempo, cujo nome era exactamente igual. É quase como uma recordação de infância.

Também é verdade que há imenso tempo que não vejo essa marca. Será que desapareceu? Será que é por isso que Fnac loja de livros e CD’s e por aí fora pode usar esse nome à vontade?
O sketch - do lusco-fusco do Gato Fedorento não funciona na Noruega estival das noites brancas; os cinco/sete minutos transformam-se em cinco/sete horas. A fotografia não tem interesse rigorosamente nenhum excepto o facto de ilustrar a primeira afirmação: foi tirada algures entre as três e as quatro da manhã.

domingo, julho 23, 2006

«Nisto, descobriram trinta ou quarenta moinhos de vento que há naquele campo, e logo que os viu Dom Quixote, disse a seu escudeiro:
- A ventura vai guiando nossas coisas melhor do que acertáramos desejar; porque vês ali, amigo Sancho Pança, onde se descobrem trinta ou pouco mais desaforados gigantes, aos quais penso dar batalha e a todos tirar a vida, com cujos despojos começaremos a enriquecer, que esta é boa guerra, e é grande serviço de Deus arrancar tão má semente de sobre a face da terra.
- Que gigantes? – disse Sancho Pança.
- Aqueles que ali vês – respondeu seu amo –, com os braços compridos, que soem alguns tê-los de quase duas léguas.
- Olhe, vossa mercê – respondeu Sancho – que aqueles que ali se mostram não são gigantes, mas sim moinhos de vento, e o que neles parecem braços são as aspas, que, volteadas pelo vento, fazem andar a pedra do moinho.
- Bem parece – respondeu Dom Quixote – que não és versado nisto de aventuras: são gigantes, e se tens medo tira-te daí, e põe-te em oração pelo tempo que vou travar com eles fera e desigual batalha.
E, dizendo isto, deu de esporas a seu cavalo Rocinante (…).»

Dom Quixote de la Mancha, Miguel de Cervantes

sábado, julho 22, 2006

O saudosismo - da minha avó evoca os pregões que a cidade de Lisboa perdeu e que, segundo ela, a transformaram por completo. Já não se ouve:
Hááá figuinho da capa rooota!
Mooraaango de Siiiintra!
Fava Rica!
Carapau e Sardiinha vivinha da cooosta!
Há miii flor!

Tento contrapor. Afinal, quero defender que a Lisboa moderna também reflecte o seu encanto em pregões dos novos tempos, igualmente pitorescos. O progresso não é forçosamente mau. Então digo-lhe que agora se ouve:
Qué fro?
Destroce, destroce…!
Olha a revista Cais!
Chamon? Erva?

Estranhamente, não fica convencida.

quinta-feira, julho 20, 2006

Olhei para o céu - que se erguia em frente ao Parque do Centenário e não consegui evitar interromper a conversa repentinamente
Já viram a quantidade de trilhos de avião no céu?
Parecíamos papalvos a olhar para cima, era de dia e bem de dia, não estavam lá as estrelas que costumam justificar as dores de pescoço.
Em Lisboa não há nem um pouco desta actividade frenética. Desta constante mudança, deslocação. As pessoas que conheci estão todas apenas temporariamente na cidade. Dizem-me
J’aime bouger
E são capazes de soltar com a maior naturalidade do mundo entre duas garfadas ao jantar
Olha afinal na quinta vou-me embora, venho depois cá para buscar as coisas.
Estão constantemente a enviar candidaturas, contam-me os sítios pelos quais já passaram, a misturada de raízes diferentes nunca é suficientemente forte para os prender ao chão. A Terra move-se e eles têm que acompanhar a deslocação.
É certo que a maioria é mais velha, é certo que me apelidam de overachiever quando lhes explico o que faço. Mas depois percebo que também eles atingem muito em pouco tempo. E sinto-me vazio ao lado deles.
Em cinco minutos, um aperto de mão e estão a partilhar uma cerveja comigo e trocamos endereços electrónicos, enquanto discutimos que língua utilizar. A sexta é o dia da mala, da mochila, do trolley.
Je rentre tout les weekends.
Pudera, é fácil. Comboio, autocarro ou até avião. Um par de horas depois e está feito.

É assim que eu sinto o coração da Europa. Uma miríade de culturas, personalidades, costumes, que se encontram nestas encruzilhadas de curta duração mas terrivelmente easygoing, onde a palavra de ordem é a mentalidade aberta.
Como sempre – fiz-me acompanhar de um caderno muito vetusto, o coitadinho, onde fui escrevendo o que me vinha à cabeça quando arranjava algum tempo e a indispensável disposição. Leio agora as páginas com linhas de caneta preta e nada me agrada. Acho que é a primeira vez que tal me acontece. Vou mandar tudo fora e esperar que algo mais inspirado surja.

De qualquer das formas, fazendo uso das mil palavras que cada imagem vale, posso dizer que a viagem está muito bem documentada até este momento.

quarta-feira, julho 19, 2006

Ora digam-me lá se não sou um forte candidato a terapia - Estou (só) a trabalhar. Parece que estou de férias.

terça-feira, julho 18, 2006

Reminiscências - ou em como olhar para as fotos de soslaio em casa revela surpresas escondidas em computadores alheios.







Eu nem me importo - de viver uma vida inteira sem ganhar a lotaria, um prémio que seja, um concurso de televisão com o Malato ou mesmo o raio Euromilhões. Juro que não importo. Enfim, o facto de não jogar senão muito esporadicamente limita ligeiramente as minhas possibilidades de auferir alguma coisa que seja.

Mas será que nunca assistirei ao dia em que um qualquer acaso, um acontecimento fortuito, uma coincidência, uma anomalia, um alinhamento cósmico, um bater de asas de uma borboleta em Tóquio, seja o que for, deite por terra a lei de Murphy e faça com que a minha mala seja a primeira a chegar ao tapete vinda do porão do avião e que eu não tenha que esperar sempre mais de meia-hora de cada vez que viajo?

Ficaria feliz. Realizado.

segunda-feira, julho 17, 2006

On the run posting #11 - E o ultimo post do genero, e o ultimo dia em viagem. Estes dias passaram a voar. Por falar em voar, ja so falta apanhar um voo hoje a tarde. O ceu continua limpo, a temperatura elevada. Acordei com o barulho que vem da rua e com o sol a bater na janela. Esta na hora de começar a arrumar as tralhas.

sexta-feira, julho 14, 2006

On the run posting #10 - Amanha bem cedo saimos. Segundo o programa que me enviaram, pelas dez da manha ja devemos estar num kayak a descer o La Laisse. Regresso a minha casa emprestada no domingo a noite, mesmo a tempo de empacotar as tralhas e tentar repor algum do sono perdido pelo caminho (embora parte dele o tenho encontrado hoje). O meu voo sai pouco antes das cinco da tarde de segunda-feira.

Fiquei a dormir ate bastante tarde, pese embora o ruido tipico do quarteirao turco, famoso pelo chiqueiro. Percebi que fiz uma grande jogada ao deixar um dia e uma noite para descansar em casa antes de recomeçar a trabalhar. O meu corpo queixa-se dos abusos a andar, dos abusos alimentares, das noitadas e dos copos. Da ausencia de alguma actividade fisica.
On the run posting #9

quinta-feira, julho 13, 2006

So quando me apetece

On the run posting #8



terça-feira, julho 11, 2006

On the run posting #7 - Depois de ser apelidado de "lucky bastard" uma data de vezes pelo sol radioso que me acompanhou na Escandavia (e que rendeu um misto de bronze e escaldao), um dia de chuva para fechar a conta. Afinal, a experiencia nao estaria completa sem o tipico clima daquelas paragens.

Do aeroporto a Gare Centrale e dai ate Arts-Loi e Madou, de mochila as costas e mala de rodas atras. Cheguei encharcado. Em bruxelas esta abafado. Embora de vez em quando surja uma pequena aragem.

Hoje estive em Gent e ainda aproveitei o fim do dia para rever a Grande Place e outras zonas do centro. Amanha, volto a encontrar-me com compatriotas para visitar o Parque do Centenario e a zona das instituiçoes europeias.

segunda-feira, julho 10, 2006

On the run posting #6 - A passagem pela Escandinavia tem hora marcada para terminar. Faltam algumas horas. Estou a refazer a mala e a preparar-me para ir para o aeroporto e prosseguir. E para as despedidas, que sao sempre momentos estranhos. Porque nunca se sabe quanto tempo durarao.

Pela frente, tenho imensa gente que quero visitar e rever e acho que muito pouco tempo para conseguir tudo.
Young man

sexta-feira, julho 07, 2006

On the run posting #5

Nærøyfjord



On the run posting #4

E eu que pensava que com o Rabobank tinha visto tudo o que havia para ver

Encore une fois - Mais uma meia para os franceses. E, uma vez mais, com um penalty pelo meio. Sempre a mesma coisa.

quarta-feira, julho 05, 2006

On the run posting #3 - Ontem vi o jogo com duas alemas e dois pints que me custaram umas 160 coroas. Elas comecaram por dizer "ja" uma data de vezes mas, a dois minutos do fim e depois mesmo em cima do fim, largaram dois grandes "nein" que ate a mim me doeu.

Nao sei quem vai estar no pub hoje nem se vai haver quem queira ver-nos ganhar. Se bem que, assim que cheguei, vi um tipo trajado a Sporting da cabeca aos pes. Fiquei tao atarantado que nem consegui ter reaccao.

Vou comer qualquer coisa e guardar um lugar mesmo em frente ao ecran.

terça-feira, julho 04, 2006

On the run posting #2 - Nao ha acentos mas ha vinte e tal graus la fora. E estranho ter que vir tanto para norte, onde a noite e branca, para sentir algum calor e tomar a primeira banhoca de mar do ano.
Tambem ha muitas mais fotografias que porei assim que regressar a minha casa adoptiva dos ultimos dias. De momento, estou longe de tudo e com constrangimentos tecnicos e logisticos.

Ate breve.

domingo, julho 02, 2006

On the run posting #1