quinta-feira, julho 31, 2003


Estádios - Relatos de pessoas próximas (tellement pour toi celui ci, mec, je t`avais dit) põem-me ao corrente de duas notícias interessantes do fabuloso mundo do futebol e, neste caso, em especial, da evolução das obras dos estádios para esse grandioso evento, o EURO 2004.

Ora, vamos a isso. A primeira reporta-se ao estádio da Luz: sucede que umas mentes brilhantes conseguiram projectar um estádio e não se dar conta que alguns dos lugares cimeiros ficaram demasiado perto da cobertura, ao ponto da integridade física dos espectadores poder ser posta em causa caso, embrenhados na emoção do desafio, descrevam uma trajectória de salto coincidente com a colisão entre as suas estimadas cabeças e o betão da estrutura.

Melhor, na minha opinião, é a segunda. Há seiscentos lugares (notem bem, não são só dois ou três) no estádio de Alvalade que ficaram sem visibilidade, bloqueados por um ecran gigante. Confrontada com este pequeno revés, a administração leonina decidiu, amavelmente, ceder estes lugares a uma associação de invisuais. Estes últimos, por sua vez, classificaram o presente de envenenado, uma forma de discriminação.

No meio disto tudo, há um conhecido arquitecto da nossa praça, que foi o responsável por este último estádio, e que parece ter voltado a fazer das suas. Aplicou mais um dos seus “ui ca bom!”, “pronto... já está!” e “todo lá dentro!”, que tão bem o celebrizaram. Só que desta vez não foi no “da querida”, foi no do querido leão.

Aguenta, não chora.



quarta-feira, julho 30, 2003


Shell - A cor amarela da luzinha da reserva já era tão gritante, acusadora mesmo, que não tive outro remédio senão passar a correr na Shell que fica ao pé da rotunda dos Reis de Espanha. A atender estava o brasileiro do costume, normalmente bastante lacónico e rí­spido nos gestos.

Disse-lhe qual era a bomba e que queria um recibo. E, enquanto o tipo efectuava a operação na caixa abstraí­-me a olhar para qualquer coisa. Que já nem lembro o que terá sido. Só regressei ao mundo dos vivos quando me apercebi que ele me tinha dito qualquer coisa que, pura e simplesmente, me escapou:
- Desculpe...? - perguntei acordando do meu sono.

E o tipo repetiu com um sorrisinho nos lábios (aplicar sotaque do Brasiú):
- Pricisa di pancada, esta caixa. É como muler di malandro.
Fiz o meu tradicional sorriso de cortesia e deferência enquanto ele aproveitava para aplicar mais uma caridosa pancadinha, como que a demostrar como se fazia.
Fui-me embora sem ter reunido a coragem para lhe perguntar se era casado.



terça-feira, julho 29, 2003


Electricidade - Hoje estou irritado. E não é razão para menos. E qual o objecto deste meu estado de espírito, perguntam vocês, simpáticos que são, tentando que desabafe e que me sinta melhor depois. OK, eu digo. São as cegonhas.

As cegonhas são umas aves filhas da mãe, já para não dizer outra coisa. E porquê? Porque têm uma grave contenda com os postes de electricidade. Não devem gostar deles, só pode ser, não vejo outra justificação. E sobretudo aqui na zona onde resido, deve haver uma reserva natural destes bichos porque as falhas de corrente eléctrica acumulam-se. As últimas duas ocorreram na terça-feira passada à noite e ontem, sendo que esta última começou às duas da tarde para só voltar a poder acender uma luz às nove da manhã do dia de hoje, totalizando a módica quantia de 19 (dezanove) horas sem corrente...

Mas é um fenómeno extremamente confinado e circunscrito, porque basta olhar pela janela para ver que quinhentos metros mais à frente as casas têm luz. Ou seja, ou as cegonhas têm um problema comigo e com as gentes que habitam esta terra e procuram lixar-nos sempre que podem, ou algo de muito estranho se passa aqui. Forças do sobrenatural, quiçá.

No meio disto tudo a pobre EDP está farta de despender energia. Ligamos e ela apenas sabe responder que há uma avaria, estamos a proceder à reparação, não, não sabemos quanto tempo vai demorar até estar resolvida a situação. Coitados. Diz que já andam aí de caçadeira em riste, tal não é a frustração.

Raça das cegonhas...



segunda-feira, julho 28, 2003


Manos - Uday e Qusay dizem eles que são os nomes das criaturas que aparecem nas fotografias. Podia ser pior. Carla Vanessa ou Ivete Marise, por exemplo. Mas a questão é outra. Pelo que percebi, a intenção por detrás da amostragem das fotos tipo passe dos dois caramelos é garantir, mostrar e, sobretudo, vangloriar-se perante a opinião pública mundial que, afinal, os tipos são efectivamente os filhos do ditador de seu nome Saddam.

Pergunto eu: como é que é suposto eu olhar para as fotografias e ficar completamente esclarecido? Isso pressupõe que eu já os conheça. Ou que já lhes tivesse visto a fronha. O que não é o caso. Se me dissessem que aqueles dois eram, ao invés, o Abdul e o primo dele eu não veria nisso nenhum problema. Quantos de vocês aí por esse mundo fora conheciam as feições dos manos em vida? Não costumam vir propriamente na capa da Caras.

Exemplos que me ocorrem:
“Ai, eu cá conheci o Uday uma vez que fui a um cocktail na embaixada do Iraque em Riad, foi muito giro, fartei-me de divertir com ele, na altura tinha a barba mais curta e andava com aquela gaja a.... agora não me lembro do nome.”
“Conheci o senhor Qusay numa reunião da OPEP, estava ele a representar o seu país. Um homem de convicções que deu um grande apoio ao desenvolvimento à ideia dos petro-dólares.”
“Foi na festa de lançamento do livro de Uday, entitulado "Como perpetuar um regime de tirania depois do papá ter lerpado? Manual de sobrevivência do tirano whanabe" que os conheci. Estava tudo muito bonito e eles também. Pena que agora mais para o fim tenham ficado com a barba um bocado mal aparada e com alguns problemas de pele. Já não têm propriamente idade para ter acne, estes homens ainda têm pudor em usar produtos de beleza”.

Quem é que perde tempo a ver imagens deste género? Poupem-me...



domingo, julho 27, 2003


Confesso, sou novo nestas andanças, jovem e inexperiente, com muito para aprender. Esperemos que consiga levar a cabo mais uma das minhas manias. Sim, porque se manias e ideias toscas fossem música, eu seria no mínimo um trombone de varas. Ou uma orquestra sinfónica. Se bem que uma Big Band....

Qual então o intento deste bicho? Vamos lá ver se me consigo "espremer" convenientemente. Que gosto de escrever é óbvio. Também gosto que leiam o que escrevo. Também tem o seu "q" de óbvio. Narcisismo, pedantismo, chamem-lhe o que quiserem. Mas a ideia era sobretudo manter as novidades e a conversa em dia, sobretudo no meu período de desterro em Maastricht que se avizinha. É claro que, para além desta vertente de diário, há sempre a possibilidade de adicionar outras coisas que me passem pela veneta na altura. Daí a piada...

Feito o convite, espero que gostem e que visitem com alguma regularidade. E, já agora, sugestões e interactividade são extremamente apreciadas.

Até ao próximo blogue