segunda-feira, março 31, 2008
Igualdade entre os sexos – uma velhota de boa aparência puxar uma escarreta bem lá do fundo do gargomilo e escarrapachá-la no passeio de calçada. Tudo em plena luz do dia.
domingo, março 30, 2008
Desde sempre - que as imagens de cadáveres de animais atropelados na berma das estradas o impressionavam. Não fosse precisar dos olhos bem abertos para conduzir e fechá-los-ia sempre que se apercebesse que ia passar por um. Naquele dia, quando viu o cão velho e lento mesmo no meio da estrada, sentiu que podia fazer alguma coisa. Encostou o carro, pôs os quatro piscas e atravessou para o passeio do outro lado. Depois começou a chamar o bicho, para que viesse ter com ele.
Com alguma insistência, ofegante, o cão saltou para o passeio e, algo desconfiado, aproximou-se. Cheirou-o um pouco, permitiu uma festa que ele usou como despedida, enquanto lhe dirigia algumas palavras como se falasse com um miúdo de dez anos: “e não voltes a ir para a estrada que é perigoso, ouviste?”. Imediatamente a seguir à reprimenda, lançou-se em direcção ao seu carro na berma do lado oposto.
Não chegou a ver o veículo que embateu nele e que o projectou alguns metros pelo ar.
Com alguma insistência, ofegante, o cão saltou para o passeio e, algo desconfiado, aproximou-se. Cheirou-o um pouco, permitiu uma festa que ele usou como despedida, enquanto lhe dirigia algumas palavras como se falasse com um miúdo de dez anos: “e não voltes a ir para a estrada que é perigoso, ouviste?”. Imediatamente a seguir à reprimenda, lançou-se em direcção ao seu carro na berma do lado oposto.
Não chegou a ver o veículo que embateu nele e que o projectou alguns metros pelo ar.
sábado, março 29, 2008
A União Europeia - está a estudar a criação de uma força policial que será dedicada exclusivamente a acompanhar a violência associada ao desporto. Aliás, o arranque desta nova polícia deverá dar-se já no Europeu deste ano.
Este tipo de medidas dão-me cabo do juízo. Acho inadmissível que ainda tenhamos que gastar mais dinheiro de impostos a garantir que hordas de selvagens não se matem quando vão assistir a jogos de futebol. Sim, porque este tipo de fenónemos, está na quase totalidade, concentrado nas claques de futebol que, se a segurança correr bem, apenas têm hipótese de entoar cânticos insultosos durante a partida.
Já que os clubes fomentam estes grupos, facilitando o acesso a jogos e incuntindo o espírito tribal que tão bem encarnam, então deveriam receber uma facturazinha das horas de trabalho dos referidos agentes.
Este tipo de medidas dão-me cabo do juízo. Acho inadmissível que ainda tenhamos que gastar mais dinheiro de impostos a garantir que hordas de selvagens não se matem quando vão assistir a jogos de futebol. Sim, porque este tipo de fenónemos, está na quase totalidade, concentrado nas claques de futebol que, se a segurança correr bem, apenas têm hipótese de entoar cânticos insultosos durante a partida.
Já que os clubes fomentam estes grupos, facilitando o acesso a jogos e incuntindo o espírito tribal que tão bem encarnam, então deveriam receber uma facturazinha das horas de trabalho dos referidos agentes.
sexta-feira, março 28, 2008
«(...)se alguma coisa fosse era anarquista, mas ele é demasiado anarquista mesmo para poder ser anarquista»
Rio das Flores, Miguel Sousa Tavares
Rio das Flores, Miguel Sousa Tavares
quinta-feira, março 27, 2008
Com papas e bolos e cevada cara – Um ponto do IVA a menos é areia para os olhos, não compensa o aumento do preço da cerveja.
quarta-feira, março 26, 2008
O potencial de absorção - de um miúdo de na escola primária é impressionante. Está para as palavras do professor como uma esponja sequinha para líquidos. O rol de coisas que memorizei nessa altura é bastante extenso, vai do alfabeto à tabuada.
Um dos temas clássicos desta fase escolar são os plurais, sobretudo os irregulares. Os que - não há outra forma – precisamos mesmo de decorar. Cão e cães, capitão e capitães, qualquer e quaisquer, mão e mãos. Tendo como justificação este último, lembro-me distintamente da minha professora da terceira e quarta classe, a Dona Amélia, falar em corrimão e corrimãos.
Por isso, quando algures no Rio das Flores li o “corrimões” que o Miguel Sousa Tavares lá escreveu, senti uma certa comichão. Fui investigar. O dicionário online da Texto Editores, o Priberam, garante que existem as duas versões, a da minha professora e a do Miguel.
Mas, muito certamente culpa da Dona Amélia, “corrimões” soa muito mal.
Um dos temas clássicos desta fase escolar são os plurais, sobretudo os irregulares. Os que - não há outra forma – precisamos mesmo de decorar. Cão e cães, capitão e capitães, qualquer e quaisquer, mão e mãos. Tendo como justificação este último, lembro-me distintamente da minha professora da terceira e quarta classe, a Dona Amélia, falar em corrimão e corrimãos.
Por isso, quando algures no Rio das Flores li o “corrimões” que o Miguel Sousa Tavares lá escreveu, senti uma certa comichão. Fui investigar. O dicionário online da Texto Editores, o Priberam, garante que existem as duas versões, a da minha professora e a do Miguel.
Mas, muito certamente culpa da Dona Amélia, “corrimões” soa muito mal.
segunda-feira, março 24, 2008
domingo, março 23, 2008
sábado, março 22, 2008
sexta-feira, março 21, 2008
quinta-feira, março 20, 2008
Posologia do cocainómano com rinite alérgica – desenhar duas linhas brancas perfeitamente alinhadas com a ajuda de um bocado de papel como, por exemplo, um bilhete de metro. Depois, com a ajuda de um pequeno tubo de vidro, inspirar fortemente. Deixar bater um pouco. De seguida, duas a três nebulizações de vasoconstritor nasal para desentupir o nariz e contrariar a reacção alérgica.
quarta-feira, março 19, 2008
O namorado de Constança derrete-se todo por ela. Venera o chão que ela pisa, rasteja e gatinha atrás dela. Mas, o que ele não sabe, talvez cego pela flecha do Cupido, é que, de cada vez que se dirige a ela à boa moda do “A vida é bela” com um meloso “princesa”, não está a marcar pontos, mas sim a dar tiros nos pés. Porque ela não fica contente, aquilo sabe-lhe a pouco e ela quer mais, muito mais.
Afinal, Constança, do alto da sua altivez, sabe-se uma verdadeira rainha.
Afinal, Constança, do alto da sua altivez, sabe-se uma verdadeira rainha.
terça-feira, março 18, 2008
O técnico de laboratório diz para o CSI com uma cara pesarosa:
“Did you ever have that feeling that you did the right thing and still felt guilty about it?»
“Did you ever have that feeling that you did the right thing and still felt guilty about it?»
segunda-feira, março 17, 2008
Estar num consultório médico - e ouvir como música de fundo: “Doctor, doctor, gimme the news, I gotta bad case of love in youth!”
domingo, março 16, 2008
Quando era miúdo, chamava “sós” aos telefones de emergência que se encontram nas auto-estradas. Anos mais tarde, quando percebi a diferença entre o que lhes chamava e o significado do acrónimo SOS, percebi que, na minha ingenuidade, era capaz de ter alguma razão. Afinal, os telefones estão ali isolados, o mais próximo está a uma distância predefinida de um par de quilómetros.
sábado, março 15, 2008
sexta-feira, março 14, 2008
Era vidente. Fazia tarot, sessões de espiritismo, resolvia maus-olhados, afastava bruxedos e lia o futuro das pessoas. Tinha algo semelhante a um consultório, num vão de escada, onde recebia os clientes. Um dia quis expandir o negócio, elevá-lo a outro nível. Após algum período de aconselhamento, achou que a Internet era o meio adequado à expansão. Arranjou um site, um blog, um e-mail, um chat para troca de impressões com colegas de profissão.
Foi então que se tornou uma e-vidente.
Foi então que se tornou uma e-vidente.
quinta-feira, março 13, 2008
quarta-feira, março 12, 2008
O BCP enviou-me uma proposta de seguro para praticantes de golfe. “Não espere pela pancada, proteja-se já”. Vai da morte e invalidez até perdas, danos ou roubo de equipamento para a prática do desporto e inclui despesa de tratamento do caddy, bem como assistência no estrangeiro.
terça-feira, março 11, 2008
É compreensível que a taxa de divórcios seja elevada nos países anglófonos. Há um certo charme em terminar um casamento e atingir o estatuto de divorcé(e).
segunda-feira, março 10, 2008
O miúdo está sentado no sofá, debruçado sobre a mesa de café, rabiscando lentamente num caderno. Faz os trabalhos de casa à velocidade de quem só há pouco tempo aprendeu a escrever, de quem ainda pára para desenhar todas as letras com a dedicação de um artista plástico.
De repente, pergunta-me
Qual é a tua cor preferida?
Devo ter feito uma cara surpreendida, tal foi a pergunta inesperada. Sentiu-me apanhado em falso e continuou
A minha é azul
Azul. Lembro-me de eu próprio ser miúdo e dizer que azul era a minha cor preferida, mas não me lembro de, depois disso, ter pensado sobre o assunto mais alguma vez. Ele insiste
E a tua…?
Tenho que responder qualquer coisa senão ele fica demasiado impaciente.
Não sei bem.
Não sabes bem?
Baralho-o propositadamente.
Hoje, por exemplo, acho que é assim uma cor forte, estilo laranja. Mas ontem foi cinzento.
Agora é ele quem foi apanhado em falso. Responde-me qualquer coisa a querer dizer que as pessoas não mudam de cor preferida consoante o dia. Tento explicar-lhe que esse tipo de coisas depende do estado de espírito das pessoas. E aí ele recorre ao pragmatismo.
Mas só podes responder uma.
Como regatear com tal evidência?
Ah, então é azul.
De repente, pergunta-me
Qual é a tua cor preferida?
Devo ter feito uma cara surpreendida, tal foi a pergunta inesperada. Sentiu-me apanhado em falso e continuou
A minha é azul
Azul. Lembro-me de eu próprio ser miúdo e dizer que azul era a minha cor preferida, mas não me lembro de, depois disso, ter pensado sobre o assunto mais alguma vez. Ele insiste
E a tua…?
Tenho que responder qualquer coisa senão ele fica demasiado impaciente.
Não sei bem.
Não sabes bem?
Baralho-o propositadamente.
Hoje, por exemplo, acho que é assim uma cor forte, estilo laranja. Mas ontem foi cinzento.
Agora é ele quem foi apanhado em falso. Responde-me qualquer coisa a querer dizer que as pessoas não mudam de cor preferida consoante o dia. Tento explicar-lhe que esse tipo de coisas depende do estado de espírito das pessoas. E aí ele recorre ao pragmatismo.
Mas só podes responder uma.
Como regatear com tal evidência?
Ah, então é azul.
sábado, março 08, 2008
A informação mais importante e útil - que todos os folhetos de medicamentos têm é aquela que diz que as pessoas alérgicas à substância activa não devem tomar o medicamento.
sexta-feira, março 07, 2008
quinta-feira, março 06, 2008
«Como todas as enfermeiras, Hannah mete tudo no frigorífico, quer seja deteriorável ou não. O axioma dela é: se não se pode esterilizar, congela-se.»
O canto da missão, John le Carré
O canto da missão, John le Carré