quarta-feira, maio 31, 2006
terça-feira, maio 30, 2006
JóGA
All these accidents that happen
follow the dot
coincidence makes sense
only with you
you don't have to speak - I feel
Emotional landscapes
they puzzle me
then the riddle gets solved
and you push me up to this:
State of emergency : how beautiful to be
state of emergency : is where I want to be
All that no-one sees
you see
what's inside of me
every nerve that hurts you heal
deep inside of me
you don't have to speak - I feel
Emotional landscapes
they puzzle me
then the riddle gets solved
and you push me up to this:
State of emergency : how beautiful to be
state of emergency : is where I want to be
Björk
All these accidents that happen
follow the dot
coincidence makes sense
only with you
you don't have to speak - I feel
Emotional landscapes
they puzzle me
then the riddle gets solved
and you push me up to this:
State of emergency : how beautiful to be
state of emergency : is where I want to be
All that no-one sees
you see
what's inside of me
every nerve that hurts you heal
deep inside of me
you don't have to speak - I feel
Emotional landscapes
they puzzle me
then the riddle gets solved
and you push me up to this:
State of emergency : how beautiful to be
state of emergency : is where I want to be
Björk
segunda-feira, maio 29, 2006
O síndrome - do ex-telemóvel atinge-nos quando, em resposta a um toque, de imediato levamos as mãos aos bolsos, à carteira ou qualquer outro sítio onde o guardemos. Algures no decorrer deste processo, apercebemo-nos que não é o nosso aparelho que está a tocar, é o da pessoa ao lado, do tipo da frente, da flausina lá ao fundo.
O passo seguinte é perceber que não ouvimos o toque do nosso telefone. Escusado será de dizer que este passo leva à pergunta então porque carga de água tive eu o reflexo de procurar o bicho? E só então finalmente chegamos ao fundo da questão. Era um toque igual ao anterior telefone que possuímos. De tal forma ficou enraizado que, mesmo após anos de não coabitação, continua a estar presente no subconsciente.
É uma sensação quase assustadora.
O passo seguinte é perceber que não ouvimos o toque do nosso telefone. Escusado será de dizer que este passo leva à pergunta então porque carga de água tive eu o reflexo de procurar o bicho? E só então finalmente chegamos ao fundo da questão. Era um toque igual ao anterior telefone que possuímos. De tal forma ficou enraizado que, mesmo após anos de não coabitação, continua a estar presente no subconsciente.
É uma sensação quase assustadora.
domingo, maio 28, 2006
Estudar externalidades – quando há uma cambada de brasileiros sonoros a fazer uma churrascada na casa ao lado com música aos berros, é sádico. Muito sádico.
O cansaço - uniu-nos na parca vontade de fazer seja o que for de produtivo. Os dois dentro da sala, na ausência das prováveis testemunhas inquisitórias, não teríamos qualquer hipótese de um futuro peso de consciência. Automática e diligentemente, afastámos os livros para o lado, deslizaram no tampo escuro da pesada mesa oval. E começámos a falar.
Poderia ter sido um concurso de cansaço, uma medição de olheiras, uma contabilização de pontapés nas horas de sono supostamente sãs. Terias também um ardor constante à volta dos olhos como eu? Sentirias a cabeça feita em água, relutante em começar qualquer espécie de raciocínio?
Os pontos de contacto existem mesmo em pessoas com percursos de vida e actividades profissionais tão díspares. Admiro o teu desenrascanço, o teu caminho que é sempre para a frente. A total ausência de papas na língua. O manifesto interesse em culturas alheias. Invariavelmente, a conversa segue esse rumo. A somar ao da crítica dos respectivos países de berço.
Nem é só nos instrumentos propriamente ditos que são os códigos linguísticos. É também nos assuntos. Esquivar-me a perceber minimamente de futebol seria auto-excluir-me de grande parte das conversas das segundas de manhã, depois dos resultados de mais uma jornada. Os assuntos são, portanto, uma espécie de pedra basilar, a água do cimento das conversas.
Gosto de sentir que me estou a esforçar para não bloquear na ausência de vocabulário. Para não vacilar quando sei que uma palavra de pronúncia mais exigente está para chegar. Aqui e ali, corriges-me com uma tal naturalidade que a secura com que o fazes deixa de existir. E, por isso, sinto que te posso responder na mesma moeda quando o erro é teu na minha língua.
Com tudo isto, és daquelas pessoas que me fazem solidificar a ideia de que tudo é comunicação. É o propósito derradeiro. Nada disto faz sentido se não for para podermos estar aqui uma hora (que só não foi mais porque tínhamos onde estar depois) no parlapié. Também deve haver alguma curiosidade e algum interesse ou masoquismo, dependendo do ponto de vista, em dominar as regras. Mas, no limite, tudo se resume a limpar as distracções e poder soltar as amarras da língua.
É como música. Não são as notas que interessam. Qual dó qual ré qual carapuça. Não são as pautas. Não são as claves, as linhas e os espaços. As semínimas, as mínimas, as breves, as colcheias. Nem sequer a cifra da harmonia. Nenhuma dessas componentes que não passa da gramática de outro tipo de língua. São os sons. O objectivo único.
Porque são esses que deveras comunicam.
Poderia ter sido um concurso de cansaço, uma medição de olheiras, uma contabilização de pontapés nas horas de sono supostamente sãs. Terias também um ardor constante à volta dos olhos como eu? Sentirias a cabeça feita em água, relutante em começar qualquer espécie de raciocínio?
Os pontos de contacto existem mesmo em pessoas com percursos de vida e actividades profissionais tão díspares. Admiro o teu desenrascanço, o teu caminho que é sempre para a frente. A total ausência de papas na língua. O manifesto interesse em culturas alheias. Invariavelmente, a conversa segue esse rumo. A somar ao da crítica dos respectivos países de berço.
Nem é só nos instrumentos propriamente ditos que são os códigos linguísticos. É também nos assuntos. Esquivar-me a perceber minimamente de futebol seria auto-excluir-me de grande parte das conversas das segundas de manhã, depois dos resultados de mais uma jornada. Os assuntos são, portanto, uma espécie de pedra basilar, a água do cimento das conversas.
Gosto de sentir que me estou a esforçar para não bloquear na ausência de vocabulário. Para não vacilar quando sei que uma palavra de pronúncia mais exigente está para chegar. Aqui e ali, corriges-me com uma tal naturalidade que a secura com que o fazes deixa de existir. E, por isso, sinto que te posso responder na mesma moeda quando o erro é teu na minha língua.
Com tudo isto, és daquelas pessoas que me fazem solidificar a ideia de que tudo é comunicação. É o propósito derradeiro. Nada disto faz sentido se não for para podermos estar aqui uma hora (que só não foi mais porque tínhamos onde estar depois) no parlapié. Também deve haver alguma curiosidade e algum interesse ou masoquismo, dependendo do ponto de vista, em dominar as regras. Mas, no limite, tudo se resume a limpar as distracções e poder soltar as amarras da língua.
É como música. Não são as notas que interessam. Qual dó qual ré qual carapuça. Não são as pautas. Não são as claves, as linhas e os espaços. As semínimas, as mínimas, as breves, as colcheias. Nem sequer a cifra da harmonia. Nenhuma dessas componentes que não passa da gramática de outro tipo de língua. São os sons. O objectivo único.
Porque são esses que deveras comunicam.
sábado, maio 27, 2006
Não sei se é RTP mas, pelo menos, memória é - In 1972 a crack commando unit was sent to prison by a military court for a crime they didn’t commit. These men promptly escaped from a maximum security stockade to the Los Angeles underground. Today, still wanted by the government, they survive as soldiers of fortune. If you have a problem, if no one else can help and if you can find them, maybe you can hire the A-Team.
sexta-feira, maio 26, 2006
Os Chilli Peppers andam a dar-me música
Dani California
Gettin' born in the state of Mississippi
Papa was a copper and mama was a hippie
In Alabama she would swing a hammer
Price you gotta pay when you pick the panorama
She never knew that there was anything more than poor
What in the world? What does your confidant take me for?
Black bandana, sweet Louisiana
Robbin' on a bank in the state of Indiana
She's a runner, rebel and a stunner
Oh her merry way sayin' baby whatcha gonna
Lookin' down the barrel of a hot metal forty five
Just another way to survive
California rest in peace
Simultaneous release
California show your teeth
She's my priestess, I'm your priest, yeah, yeah
She's a lover baby and a fighter
Shoulda seen her coming when it got a little brighter
With a name like Dani California
Day was gonna come when I was gonna mourn ya
A little loaded, she was stealin' another breath
I love my baby to death
California rest in peace
Simultaneous release
California show your teeth
She's my priestess, I'm your priest, yeah, yeah
Who knew the other side of you?
Who knew what others died to prove?
Too true to say good bye to you
Too true too sad sad sad...
Push the fader, gifted animator
One for the now and eleven for the later
Never made it up to Minnesota
North Dakota man was a gunnin' for the quota
Down in the badlands she was savin' the best for last
It only hurts when I laugh
Gone too fast...
California rest in peace
Simultaneous release
California show your teeth
She's my priestess, I'm your priest, yeah, yeah
Dani California
Gettin' born in the state of Mississippi
Papa was a copper and mama was a hippie
In Alabama she would swing a hammer
Price you gotta pay when you pick the panorama
She never knew that there was anything more than poor
What in the world? What does your confidant take me for?
Black bandana, sweet Louisiana
Robbin' on a bank in the state of Indiana
She's a runner, rebel and a stunner
Oh her merry way sayin' baby whatcha gonna
Lookin' down the barrel of a hot metal forty five
Just another way to survive
California rest in peace
Simultaneous release
California show your teeth
She's my priestess, I'm your priest, yeah, yeah
She's a lover baby and a fighter
Shoulda seen her coming when it got a little brighter
With a name like Dani California
Day was gonna come when I was gonna mourn ya
A little loaded, she was stealin' another breath
I love my baby to death
California rest in peace
Simultaneous release
California show your teeth
She's my priestess, I'm your priest, yeah, yeah
Who knew the other side of you?
Who knew what others died to prove?
Too true to say good bye to you
Too true too sad sad sad...
Push the fader, gifted animator
One for the now and eleven for the later
Never made it up to Minnesota
North Dakota man was a gunnin' for the quota
Down in the badlands she was savin' the best for last
It only hurts when I laugh
Gone too fast...
California rest in peace
Simultaneous release
California show your teeth
She's my priestess, I'm your priest, yeah, yeah
quinta-feira, maio 25, 2006
Entrou - no stand onde estavam os carros destinados a aluguer e não teve meias medidas: indicou o Ferrari vermelhão ao funcionário que ficou sem saber o que fazer. Mostrou-lhe o pequeno plástico de prestígio e, de imediato, deu por si a debitar os dados necessários ao preenchimento dos formulários.
Pagou com cartão de crédito.
Saiu para a estrada desenfreado. Percorria as ruas numa velocidade que era mais do que meramente proibida; era proibitiva. Como se o veículo do cavalo relinchasse a cada chicotada que era enfiar o pé na tábua. O resultado foi o esperado: foi mandado parar e multado fortemente. Não tentou a prática corrente das luvas aos agentes da autoridade. Nem sequer discutiu.
Pagou com cartão de crédito.
Centro comercial. Entrou na joalharia e comprou o maior diamante que havia na loja com o intuito de oferecer à sua mãe. Para a meia dúzia de irmãos e irmãs, comprou um conjunto de colares, fios e anéis.
Pagou com cartão de crédito.
Foi ao restaurante mais in e caro da cidade. Se não tivesse chegado no carro alugado, provavelmente não teria conseguido passar da porta. Refastelou-se na cadeira e cedeu ao pecado da gula. Nem se preocupou em ver como era o prato, olhou para o preço mais elevado e mandou vir. Deliciou-se.
Pagou com cartão de crédito.
O destino seguinte foi um casino. Deixou o carro no arrumador, enfiou-lhe uma gorjeta generosa no bolso do fato. Dirigiu-se à caixa e levantou um montante considerável em fichas.
Pagou com cartão de crédito.
E jogou. Começou nas slots. Depois passou para as paradas mais elevadas, roleta, blackjack. A certa altura, depois de observar o ritmo da despesa, uma daquelas senhoras que rondam os big spender nos casinos começou a sondá-lo. Sem papas na língua, convidou-a para uma suite no hotel por cima do casino.
Pagou com o cartão de crédito.
No dia seguinte, Abdullah deflagrou os explosivos que trazia à cintura dentro de um autocarro em Telavive.
Acerca dos problemas de moral hazard no mercado de crédito dos países árabes.
Pagou com cartão de crédito.
Saiu para a estrada desenfreado. Percorria as ruas numa velocidade que era mais do que meramente proibida; era proibitiva. Como se o veículo do cavalo relinchasse a cada chicotada que era enfiar o pé na tábua. O resultado foi o esperado: foi mandado parar e multado fortemente. Não tentou a prática corrente das luvas aos agentes da autoridade. Nem sequer discutiu.
Pagou com cartão de crédito.
Centro comercial. Entrou na joalharia e comprou o maior diamante que havia na loja com o intuito de oferecer à sua mãe. Para a meia dúzia de irmãos e irmãs, comprou um conjunto de colares, fios e anéis.
Pagou com cartão de crédito.
Foi ao restaurante mais in e caro da cidade. Se não tivesse chegado no carro alugado, provavelmente não teria conseguido passar da porta. Refastelou-se na cadeira e cedeu ao pecado da gula. Nem se preocupou em ver como era o prato, olhou para o preço mais elevado e mandou vir. Deliciou-se.
Pagou com cartão de crédito.
O destino seguinte foi um casino. Deixou o carro no arrumador, enfiou-lhe uma gorjeta generosa no bolso do fato. Dirigiu-se à caixa e levantou um montante considerável em fichas.
Pagou com cartão de crédito.
E jogou. Começou nas slots. Depois passou para as paradas mais elevadas, roleta, blackjack. A certa altura, depois de observar o ritmo da despesa, uma daquelas senhoras que rondam os big spender nos casinos começou a sondá-lo. Sem papas na língua, convidou-a para uma suite no hotel por cima do casino.
Pagou com o cartão de crédito.
No dia seguinte, Abdullah deflagrou os explosivos que trazia à cintura dentro de um autocarro em Telavive.
Acerca dos problemas de moral hazard no mercado de crédito dos países árabes.
quarta-feira, maio 24, 2006
Pátio da escola primária #5
Senhor condutor, por favor,
Ponha o pé no acelerador
Se chocar, não faz mal,
Vamos todos para o hospital
Hospital de Santa Maria
Que é uma granda porcaria
Hospital de São José
Que cheira a xulé.
Senhor condutor, por favor,
Ponha o pé no acelerador
Se chocar, não faz mal,
Vamos todos para o hospital
Hospital de Santa Maria
Que é uma granda porcaria
Hospital de São José
Que cheira a xulé.
Tinha um cabelo - de um ondulado tão perfeito e cuidado que a sua cabeça parecia acentuada por um til.
terça-feira, maio 23, 2006
Com a nova lei - que possibilita a utilização de embriões excedentários dos processos de fertilização para investigação científica, a Espanha arrisca-se seriamente a ser o país mais liberal que existe. Se levarmos em conta o curto espaço de tempo em que tantas alterações surgiram, a questão torna-se ainda mais pungente. No entanto, é proibido passear numa rua espanhola com um copo de cerveja na mão.
Há sempre um paradoxo.
Há sempre um paradoxo.
Com o último -, o Kangchenjunga, começo verdadeiramente a acreditar que poderá atingir o restrito clube dos que escalaram todos os oito mil. Espanta-me, respeito a força de vontade, a capacidade de pôr para trás feridas físicas supostamente limitadoras e continuar a avançar. E as psicológicas. Eu sei que falta a segunda metade, Garcia.
Mas fico à espera.
Mas fico à espera.
segunda-feira, maio 22, 2006
domingo, maio 21, 2006
«El matrimonio es como una plaza sitiada; los que están afuera quieren entrar y los que están adentro quieren salir.»
sábado, maio 20, 2006
sexta-feira, maio 19, 2006
A mão está no meu ombro. Oiço dizer bom trabalho e não me sinto contente ou orgulhoso, como provavelmente deveria. Sinto-me aliviado por não ter metido a pata na poça, por não ter deixado cair uma das inúmeras bolas que aguento em movimento, num perpétuo equilibrismo.
quinta-feira, maio 18, 2006
Tenho pena das hospedeiras - sempre que pegam naquelas coisas dos coletes e das máscaras e desatam a fazer figuras tristes com uns gestos e umas macacadas que mais parecem mimos. E depois ninguém lhes liga puto. Só para que não fiquem tristes, fico com vontade de me levantar do meu lugar ultra-apertado e ir brincar com elas aos Carnavais.
quarta-feira, maio 17, 2006
Curto agradecimento - ao R. pela expertise necessária à nova barrinha que aparece do lado direito. Enfim, alguns retoques na formatação para segundas núpcias. Minhas e do template do blogger.
Pátio da escola primária #2
Se tu visses o que eu viii
Dominó!
À porta do tribuuunaal
Dominó!
As cuecas do juiiiz
Dominó!
Embrulhadas num jornaaal
Se tu visses o que eu viii
Dominó!
À porta do tribuuunaal
Dominó!
As cuecas do juiiiz
Dominó!
Embrulhadas num jornaaal
terça-feira, maio 16, 2006
Pátio da escola primária #1
Eu fui à Béélgiiiicaaaa
De aaviiãããããoo
E no aeroporto e no aeroporto
Encontrei um bor-ra-chão.
Pisquei-lhe o oooolhoo
Apertei-lhe a mãããoo
Mas o que ele queria mas o que ele queria
Era um xi-coração
Stop!
Eu fui à Béélgiiiicaaaa
De aaviiãããããoo
E no aeroporto e no aeroporto
Encontrei um bor-ra-chão.
Pisquei-lhe o oooolhoo
Apertei-lhe a mãããoo
Mas o que ele queria mas o que ele queria
Era um xi-coração
Stop!
segunda-feira, maio 15, 2006
Neste momento não consigo avançar. Chego novamente àquele ponto em que não sinto nada senão o desgaste, as súplicas dos músculos, dos ossos, do corpo cuja última gota de energia foi gasta sem parcimónia. E então páro, recupero a respiração. Sento-me e observo a paisagem.
Olho para cima. À minha frente continua uma massa, um rochedo escuro, imponente, com resquícios do branco das neves eternas nas zonas cimeiras. Juraria que o cume estava mais perto, pensei que esta última investida me tinha colocado na zona decisiva.
Mas não. Posso ter-me enganado. Se calhar não é este o caminho correcto. Tem que ser. Afinal quantos caminhos poderão levar até lá acima? E a frustração surge, rápida, pesada, esmaga-me. Penso em tudo, não penso em nada.
Vou parar, estou à beira de desistir. É escusado. O esforço não compensa. Aliás qual é sequer a razão para chegar lá acima? Ainda para mais quando logo em seguida tenho que descer? Para ver a vista? Tirar fotografias?
Há mais para além desta montanha. Há vales. Há praias. Há planícies e planaltos. Há vilas e cidades, aldeias e lugarejos. Há todo um mundo que guardo numa gaveta. Aquela gaveta que, num futuro incerto, vou finalmente poder abrir.
Ainda aqui estou. O frio. Sinto-me contraído, as costas ardem-me, o pescoço é fustigado por uma dor aguda que o atravessa. Passo as mãos pelos braços, esfrego energicamente para me tentar aquecer.
A pouco e pouco sinto o desconforto passar. Como o dissipar das nuvens exaustas do trovejar de uma tempestade.
Até que acordo. Com outra cabeça. Com outro corpo. Com outra agilidade. As dores já não existem. Os músculos, os ossos, todo o invólucro parece recuperado. O cansaço deixou de lá estar. E então declaro o descanso acabado.
Volto a encarar a subida. Basta um só esticão, um esforço convicto que me coloque para lá da zona em que não há desistências porque o fim está demasiado perto para isso. Depois dessa fronteira, o derradeiro passo, embora custoso, é simples.
Estou de novo a subir. Acelero o passo. Certeiro, preciso, decidido. Mentalizo-me, capacito-me, galvanizo-me.
Mas, depois de um bocado, não resisto e volto a olhar para cima. Está tudo na mesma. E é só então que percebo que a cada passo que dou, a cada metro que avanço, também o cume se ergue um metro mais em direcção ao céu.
Páro. Sento-me. Respiro outra vez.
Olho para cima. À minha frente continua uma massa, um rochedo escuro, imponente, com resquícios do branco das neves eternas nas zonas cimeiras. Juraria que o cume estava mais perto, pensei que esta última investida me tinha colocado na zona decisiva.
Mas não. Posso ter-me enganado. Se calhar não é este o caminho correcto. Tem que ser. Afinal quantos caminhos poderão levar até lá acima? E a frustração surge, rápida, pesada, esmaga-me. Penso em tudo, não penso em nada.
Vou parar, estou à beira de desistir. É escusado. O esforço não compensa. Aliás qual é sequer a razão para chegar lá acima? Ainda para mais quando logo em seguida tenho que descer? Para ver a vista? Tirar fotografias?
Há mais para além desta montanha. Há vales. Há praias. Há planícies e planaltos. Há vilas e cidades, aldeias e lugarejos. Há todo um mundo que guardo numa gaveta. Aquela gaveta que, num futuro incerto, vou finalmente poder abrir.
Ainda aqui estou. O frio. Sinto-me contraído, as costas ardem-me, o pescoço é fustigado por uma dor aguda que o atravessa. Passo as mãos pelos braços, esfrego energicamente para me tentar aquecer.
A pouco e pouco sinto o desconforto passar. Como o dissipar das nuvens exaustas do trovejar de uma tempestade.
Até que acordo. Com outra cabeça. Com outro corpo. Com outra agilidade. As dores já não existem. Os músculos, os ossos, todo o invólucro parece recuperado. O cansaço deixou de lá estar. E então declaro o descanso acabado.
Volto a encarar a subida. Basta um só esticão, um esforço convicto que me coloque para lá da zona em que não há desistências porque o fim está demasiado perto para isso. Depois dessa fronteira, o derradeiro passo, embora custoso, é simples.
Estou de novo a subir. Acelero o passo. Certeiro, preciso, decidido. Mentalizo-me, capacito-me, galvanizo-me.
Mas, depois de um bocado, não resisto e volto a olhar para cima. Está tudo na mesma. E é só então que percebo que a cada passo que dou, a cada metro que avanço, também o cume se ergue um metro mais em direcção ao céu.
Páro. Sento-me. Respiro outra vez.
«Presos reclamam pulseiras mais “fashion” – O uso de pulseiras está a deixar insatisfeito um grupo de presos sujeitos a este sistema de vigilância electrónica. Os reclusos consideram que as pulseiras “têm um aspecto bimbo, parecem um brinde da revista ‘Bravo’” e já fizeram saber ao Ministério da Justiça que gostariam de ver novos acessórios a serem usados nesta opção à prisão preventina. “Já era altura de arranjarem umas pulseiras diferentes, com um look mais étnico ou que dêem para usar quando se dá uma soirée cá em casa”, declarou o porta-voz deste movimento, Tiagão Pequerrucho, que propôs mesmo outros acessórios para lá da pulseira. “Achamos que o Ministério devia dar uma olhadela nas novas tendências que saem na ‘Máxima’ e não pensar só em pulseiras. Abrir os horizontes a colares, brincos, pregadeiras. Por exemplo, este ano as bandoletes estão outra vez super in, e talvez fosse uma boa opção, sobretudo para quem tem cabelos mais volumosos.»
in Inimigo Público
in Inimigo Público
domingo, maio 14, 2006
Dois anos e meio depois - atravessei o centro da cidade novamente. Primeiro de táxi, acabado de chegar do aeroporto. Parou do outro lado da rua da paragem do autocarro e disse “c’est ici”. Instalado no hotel, disse não ao jantar que o funcionário me perguntou se queria que ele me providenciasse.
Merci, ça va, je vais me balader un peu.
Saímos os cinco naquele sábado. Os outros haviam de ir mais tarde. Fomos buscar o carro à Avis no dia anterior e aproveitámos a viatura para não ter de carregar as compras nas mochilas. Saímos cedo. Fizemos os cerca de duzentos quilómetros relativamente rápido.
Talvez porque foi apenas um dia, de pouco me conseguia lembrar a semana passada quando me falaram no Luxemburgo. À minha frente, via o edifício da estação de comboios, onde parámos assim que chegámos para pedir ajuda com direcções. Depois, lembrava-me do anjo lá no alto do pedestal, com a coroa nas mãos. De costas para o vale verde.
Não tinha frio mas devia estar algum. Não havia quase ninguém na rua. Atravessei a ponte rapidamente, evitei os adolescentes que tentavam sacar trocos aos turistas. Nem sequer podia usar a minha língua como escudo de defesa, em boa hora me ocorreu que aquela terra foi co-colonizada por conterrâneos.
Français…? Deutsch…? English…? Portugais…?
Achei piada, quase sintomático ter dito “português” em francês. Ao fundo já via a estátua lá no alto, à direita a igreja, um pouco tapada pelos andaimes de umas obras. Sabia que bastava chegar mais um pouco mais à frente e enveredar pelas ruas, estaria seguramente no centro da cidade, nem seria necessário tirar o mapa de papel que o tipo do hotel assinalou do bolso de trás das calças.
A praça. Eu sabia que assim que virasse a cabeça para a direita, ia encontrar aquele “i”. E lá estava ele. Senti-me parvo a tirar fotografias a um posto de turismo, é estranho o que nos pode marcar em viagem. O “Quick”, a cadeia que não sai dos países francófonos. O coreto, mesmo no meio. As esplanadas. Vazias.
Depois percebi porquê. Em direcção à praça do Guilherme, a passagem do hotel que me encheu o olho assim que a revi porque não a antecipei. Do outro lado, tudo cheio. Uma feira. Gente. Confusão. Misturei-me, atravessei de um lado ao outro. E vi, lá ao fundo, na rua de peões, o palácio. Parei ao pé e deixei-me relembrar.
Voltei à feira. Com um intuito. Descobrir a banca das wurst que via nas mãos de algumas pessoas. Aquelas tão compridas que não cabem no pão. O salsichame. O homem perguntou-me que “sauce” queria, respondi maionnaise rápido e, possivelmente afectado, comecei a afastar-me sem pagar. Soltei uma exclamação enquanto me virei e levei a mão à carteira. O homem riu-se.
No dia seguinte, segui as indicações divididas entre os experientes de Lisboa e os locais. Apanhei o 18 na gare. Com um mapa na mão para acompanhar o trajecto e voltar a sentir a cidade. C’est jusqu’aprés le pont. E assim que o veículo se afastou da estrada principal e enveredou pela de sentido único, quase senti um baque.
Já ali tinha estado. A dica do Sofitel fez-me despertar e relembrar que tinha que sair. Segui os demais engravatados em direcção à entrada principal, aquela onde tirámos esta fotografia. Tudo estava deserto naquele dia de Outono porque era fim-de-semana. Desta vez, a azáfama era mais que muita. A entrada principal lá ao fundo.
Foi a primeira vez que viajei totalmente sozinho. Sempre achei que não ia gostar. Ainda não sei se tinha razão. Mesmo quando em cada esquina fui bombardeado com nostalgia. Sobretudo aquela, perto da qual estava o restaurante patrício, aquele do caldo verde e da bica. Aquele das fotografias com os óculos escuros da F.
Dois anos e meio depois, atravessei a entrada principal do edifício Jean Monnet. Com mais cabelo, outros óculos. Os cerca de cinco quilos a mais poderiam ser a justificação para outras calças. Mas foi o intuito não turístico a pôr-me a gravata.
Dois anos e meio depois, é por aqui que eu ando. E vocês…?
Merci, ça va, je vais me balader un peu.
Saímos os cinco naquele sábado. Os outros haviam de ir mais tarde. Fomos buscar o carro à Avis no dia anterior e aproveitámos a viatura para não ter de carregar as compras nas mochilas. Saímos cedo. Fizemos os cerca de duzentos quilómetros relativamente rápido.
Talvez porque foi apenas um dia, de pouco me conseguia lembrar a semana passada quando me falaram no Luxemburgo. À minha frente, via o edifício da estação de comboios, onde parámos assim que chegámos para pedir ajuda com direcções. Depois, lembrava-me do anjo lá no alto do pedestal, com a coroa nas mãos. De costas para o vale verde.
Não tinha frio mas devia estar algum. Não havia quase ninguém na rua. Atravessei a ponte rapidamente, evitei os adolescentes que tentavam sacar trocos aos turistas. Nem sequer podia usar a minha língua como escudo de defesa, em boa hora me ocorreu que aquela terra foi co-colonizada por conterrâneos.
Français…? Deutsch…? English…? Portugais…?
Achei piada, quase sintomático ter dito “português” em francês. Ao fundo já via a estátua lá no alto, à direita a igreja, um pouco tapada pelos andaimes de umas obras. Sabia que bastava chegar mais um pouco mais à frente e enveredar pelas ruas, estaria seguramente no centro da cidade, nem seria necessário tirar o mapa de papel que o tipo do hotel assinalou do bolso de trás das calças.
A praça. Eu sabia que assim que virasse a cabeça para a direita, ia encontrar aquele “i”. E lá estava ele. Senti-me parvo a tirar fotografias a um posto de turismo, é estranho o que nos pode marcar em viagem. O “Quick”, a cadeia que não sai dos países francófonos. O coreto, mesmo no meio. As esplanadas. Vazias.
Depois percebi porquê. Em direcção à praça do Guilherme, a passagem do hotel que me encheu o olho assim que a revi porque não a antecipei. Do outro lado, tudo cheio. Uma feira. Gente. Confusão. Misturei-me, atravessei de um lado ao outro. E vi, lá ao fundo, na rua de peões, o palácio. Parei ao pé e deixei-me relembrar.
Voltei à feira. Com um intuito. Descobrir a banca das wurst que via nas mãos de algumas pessoas. Aquelas tão compridas que não cabem no pão. O salsichame. O homem perguntou-me que “sauce” queria, respondi maionnaise rápido e, possivelmente afectado, comecei a afastar-me sem pagar. Soltei uma exclamação enquanto me virei e levei a mão à carteira. O homem riu-se.
No dia seguinte, segui as indicações divididas entre os experientes de Lisboa e os locais. Apanhei o 18 na gare. Com um mapa na mão para acompanhar o trajecto e voltar a sentir a cidade. C’est jusqu’aprés le pont. E assim que o veículo se afastou da estrada principal e enveredou pela de sentido único, quase senti um baque.
Já ali tinha estado. A dica do Sofitel fez-me despertar e relembrar que tinha que sair. Segui os demais engravatados em direcção à entrada principal, aquela onde tirámos esta fotografia. Tudo estava deserto naquele dia de Outono porque era fim-de-semana. Desta vez, a azáfama era mais que muita. A entrada principal lá ao fundo.
Foi a primeira vez que viajei totalmente sozinho. Sempre achei que não ia gostar. Ainda não sei se tinha razão. Mesmo quando em cada esquina fui bombardeado com nostalgia. Sobretudo aquela, perto da qual estava o restaurante patrício, aquele do caldo verde e da bica. Aquele das fotografias com os óculos escuros da F.
Dois anos e meio depois, atravessei a entrada principal do edifício Jean Monnet. Com mais cabelo, outros óculos. Os cerca de cinco quilos a mais poderiam ser a justificação para outras calças. Mas foi o intuito não turístico a pôr-me a gravata.
Dois anos e meio depois, é por aqui que eu ando. E vocês…?
sábado, maio 13, 2006
segunda-feira, maio 08, 2006
Passava-se - com o som quando eu tocava guiado pelo tempo imbatível da caixinha preta. Nunca gostei dos electrónicos ou digitais. É a mesma diferença que existe entre um relógio digital e um de corda. Por mais versáteis que possam ser, matam o romantismo do movimento, a beleza da física do objecto a marcar com grande precisão o tempo.
Enfim, a grande precisão é discutível. Basta colocar dois aparelhos com as mesmas batidas por minuto a tocar ao mesmo tempo para verificar que começam a descolar passado um bocado. Qual deles o correcto ou mais perto de o ser, venha o diabo e escolha.
Girar aquela pequena saliência metálica que dá corda ao mecanismo, soltar a barra de ferro. O meu metrónomo tem, inclusivamente, uma característica que não é comum à maioria: uma campainha que assinala o primeiro tempo dos compassos. Pelo menos para algumas divisões de tempo.
Só tem o defeito de ser de plástico. O que torna o estalido um pouco mais estridente e menos quente que aquele que os de madeira fazem. Mas os procedimentos, o ritual, por si só, e por muito que custe a muita gente admiti-lo, já é música.
Enfim, a grande precisão é discutível. Basta colocar dois aparelhos com as mesmas batidas por minuto a tocar ao mesmo tempo para verificar que começam a descolar passado um bocado. Qual deles o correcto ou mais perto de o ser, venha o diabo e escolha.
Girar aquela pequena saliência metálica que dá corda ao mecanismo, soltar a barra de ferro. O meu metrónomo tem, inclusivamente, uma característica que não é comum à maioria: uma campainha que assinala o primeiro tempo dos compassos. Pelo menos para algumas divisões de tempo.
Só tem o defeito de ser de plástico. O que torna o estalido um pouco mais estridente e menos quente que aquele que os de madeira fazem. Mas os procedimentos, o ritual, por si só, e por muito que custe a muita gente admiti-lo, já é música.
domingo, maio 07, 2006
sábado, maio 06, 2006
Nem consegui rir - com este sketch, fiquei demasiado petrificado a pensar como está estupidamente bem escrito. Um portento chamado Gato Fedorento.
Dois velhotes (Zé Diogo Quintela e Ricardo Araújo Pereira) sentados num banco de jardim.
- Nunca mais vi o Lopes da Silva. Achas que faleceu?
- Não sei. Aonde é que está estacionado? Olha que se puseste em frente à escola é proibido.
- Também espero que não tenha falecido. Ainda me está a dever dois contos de reis que lhe emprestei para ir às meninas.
- Sim sim, eu lembro-me disso, antigamente não era, mas agora é proibido e rebocam.
- Parece-te? Eu cá acho uma graça a isso. Ficar a dever dinheiro por causa das meninas…
- E não só! Se rebocam é uma chatice, tens que ir ao parque da polícia lá preencher as papeladas.
- E o Lopes da Silva tinha um carro igual ao meu.
- Olha lá, não era o Lopes da Silva que tinha um carro igual ao teu?
- Por falar nisso, achas que o meu carro é capaz de estar mal estacionado?
- Sim sim, tinha um carro igual ao teu, tinha. Estou agora a ver. Olha lá, ele já te pagou aqueles dois contos de reis que te estava a dever, o malandro?
- Não, acho que aqui não rebocam, espero eu, eles não têm cuidado nenhum a rebocar.
- Exactamente, é dívidas de jogo e de prostituição, essas para mim pagam-se logo.
- E pelo sim pelo não acho que vou mudar o carro de sítio, não achas?
- Não sei, não sei se terá falecido, eu ando com atenção aos obituários e não dei conta de nada.
- Então vou estacionar noutro sítio.
- Olha, se vais ao urinol aproveita para estacionar noutro sítio.
- Sabes, se calhar vou aproveitar vou também ao urinol.
- Eh pá, não te admito que digas isso sobre a minha mãe.
- Tens razão, vou aguentar, é capaz que seja só da próstata.
- Estúpido és tu.
Dois velhotes (Zé Diogo Quintela e Ricardo Araújo Pereira) sentados num banco de jardim.
- Nunca mais vi o Lopes da Silva. Achas que faleceu?
- Não sei. Aonde é que está estacionado? Olha que se puseste em frente à escola é proibido.
- Também espero que não tenha falecido. Ainda me está a dever dois contos de reis que lhe emprestei para ir às meninas.
- Sim sim, eu lembro-me disso, antigamente não era, mas agora é proibido e rebocam.
- Parece-te? Eu cá acho uma graça a isso. Ficar a dever dinheiro por causa das meninas…
- E não só! Se rebocam é uma chatice, tens que ir ao parque da polícia lá preencher as papeladas.
- E o Lopes da Silva tinha um carro igual ao meu.
- Olha lá, não era o Lopes da Silva que tinha um carro igual ao teu?
- Por falar nisso, achas que o meu carro é capaz de estar mal estacionado?
- Sim sim, tinha um carro igual ao teu, tinha. Estou agora a ver. Olha lá, ele já te pagou aqueles dois contos de reis que te estava a dever, o malandro?
- Não, acho que aqui não rebocam, espero eu, eles não têm cuidado nenhum a rebocar.
- Exactamente, é dívidas de jogo e de prostituição, essas para mim pagam-se logo.
- E pelo sim pelo não acho que vou mudar o carro de sítio, não achas?
- Não sei, não sei se terá falecido, eu ando com atenção aos obituários e não dei conta de nada.
- Então vou estacionar noutro sítio.
- Olha, se vais ao urinol aproveita para estacionar noutro sítio.
- Sabes, se calhar vou aproveitar vou também ao urinol.
- Eh pá, não te admito que digas isso sobre a minha mãe.
- Tens razão, vou aguentar, é capaz que seja só da próstata.
- Estúpido és tu.
Estou de luto. A minha vetusta aparelhagem está a dar as últimas. Diagnostico a necessidade de umas cabeças de leitura novas. Ou seja, mais vale uma nova.
sexta-feira, maio 05, 2006
De repente, senti o fino fio que me segurou rebentar e pensei que a terapêutica de distância não iria resultar. Separei-me da minha vida o mais que pude mas, como que munida daquela orientação que só o instinto animal consegue explicar, continuava ali, ao meu lado. Estava em cada cara, em cada esquina, em cada casa.
A abstinência de cafeína potenciou-me a dor de cabeça. Embora nunca vá saber qual das contribuições foi a maior. O sono bateu com tanta força que nem a luz nem o som do televisor me seguraram. Foi finalmente altura de começar a fuga, evadir-me da prisão.
O momento decisivo foi a montanha. A estrada que leva até lá acima e depois a visão daquela luz límpida que só há lá no alto, com a ajuda da neve branca. Foi nessas alturas que finalmente perdi a minha vida. Aquela que não quis viver. Deixei o peso das questões.
E nessa morte renasci.
A abstinência de cafeína potenciou-me a dor de cabeça. Embora nunca vá saber qual das contribuições foi a maior. O sono bateu com tanta força que nem a luz nem o som do televisor me seguraram. Foi finalmente altura de começar a fuga, evadir-me da prisão.
O momento decisivo foi a montanha. A estrada que leva até lá acima e depois a visão daquela luz límpida que só há lá no alto, com a ajuda da neve branca. Foi nessas alturas que finalmente perdi a minha vida. Aquela que não quis viver. Deixei o peso das questões.
E nessa morte renasci.