sábado, setembro 30, 2006
Setembro de 2006 – Na memória fica um mês (quase) todo para esquecer. Embora o mais certo seja não se avizinhar nada de melhor, não resisto ao profundo suspiro de suposto alívio. Não o vou deixar ficar em suspenso. Ninguém me tira os meus suspiros. A não ser que sejam aqueles que se comem como sobremesa, nunca gostei desses.
Quando chove, sem que faça por isso, lembro-me sempre que uso óculos. Hoje, não sei porquê, foi ainda pior. Ocorreu-me que vai para uns vinte anos que sou caixa de óculos.
quinta-feira, setembro 28, 2006
quarta-feira, setembro 27, 2006
Mais do que um peso mínimo salutar, as modelos deviam ter diferentes categorias de peso como os pugilistas. Do peso-pluma ao peso pesado, os equivalentes podiam ser anoréctica e trinca-espinhas até cheiinha e balofa.
terça-feira, setembro 26, 2006
Se o Sócrates e o Marques Mendes - se podem juntar alegremente para escolher qual o novo Procurador Geral da República, por que carga de água não hão-de poder o Luís Filipe Vieira e o Major Valentim Loureiro decidir quais os árbitros que vão actuar em determinados jogos?
segunda-feira, setembro 25, 2006
Decidi-me e fiz a operação no Multibanco para evitar a deslocação. A máquina imprimiu-me um recibo que serviria para levantar o bilhete na altura. Descemos a rua das Portas de Santo Antão a gozar, tentando pronunciar o nome como fãs que não falam inglês convenientemente.
Poucas bandas fariam dar-me ao trabalho de vasculhar em inúmeras páginas da Internet e no You Tube para tentar relembrar e reconstruir o máximo possível não só a história, mas também o que se sucedeu naquele longínquo dia 7 de Abril de 1998 (volvidos 8 anos e picos, há pormenores que me escapam).
Já lá vamos. Permitam-me primeiro a analepse.
Recuemos até 1992, ano da graça de nosso senhor. Os Guns N’ Roses deslocam-se ao Estádio José de Alvalade num dos mais aguardados concertos do ano e (atrevo-me a acrescentar), da década de 90. Tinha apenas 11 e jamais me perdoarei por não ter assistido. Do espectáculo, ficou sobretudo na memória um tralho que o Axl mandou, resultado de uma garrafa em cima do palco. Isso e a subsequente birra: não queria cantar mais. Penso que foram o Duff e o Gilby a ir buscá-lo aos bastidores a certa altura.
O que pode motivar uma multidão sedenta por ver os Guns, a grande banda da altura, a pôr em risco a sua prestação desta forma?
Recuemos mais um pouco. Umas horas. Até aos supporting acts. Em particular, o de uma banda com um vocalista muito sui generis. A meio do Epic, Mike Patton resolve provocar a multidão e convida-a a atirar lixo para cima do palco. As suas preces são ouvidas e rapidamente fica rodeado de papeis, relva, embalagens e garrafas, numa das quais Axl Rose haveria de tropeçar e cair, horas depois (aqui, a reportagem completa da MTV).
Um recuo final para um pouco mais de história. Mike Patton tinha sido convidado a entrar nos Faith No More em 1988, substituindo Chuck Mosley. A dança de cadeiras era algo de perfeitamente comum na banda que chegou a contar com Courtney Love ao microfone no início dos anos oitenta. Isso e as constantes diferenças resolvidas à batatada.
Apenas três elementos se mantiveram do início até ao fim: o baixista Billy Gould, o teclista Roddy Bottum e o baterista Mike “Puffy” Bordin cuja forma de tocar, com os tímbalos dispostos horizontalmente, e as rastas sempre a voar e a ser constantemente molhadas por um roadie, sempre me impressionou. Dos restantes, para além de Patton, destaca-se o guitarrista Big Jim Martin, conhecido pela barba e cabelos enormes e o solo que tocou na cover Easy.
Veia provocatória?
O mais interessante é que o episódio no Estádio de Alvalade é apenas a ponta do icebergue. Insultos feitos às bandas cabeças de cartaz com quem faziam tournées eram habituais. Aliás, está aqui um exemplo recente de como Patton ainda não perdeu esse hábito, insultando os Wolfmother quando os ouviu tocar a meio de uma entrevista que estava a dar.
A MTV também teve a sua dose, aqui quando a apresentadora é impedida de falar. Pior foi a questão do teledisco do Epic: Perto do final, surge um comum peixe de aquário a saltar, agonizando por estar fora de água. A cena foi altamente contestada por instituições de defesa dos direitos dos animais. Em 1990, os Faith no More foram convidados a participar no MTV Music Awards e tocaram essa mesma música. No final da actuação, Mike Patton deitou-se no chão e imitou o peixe da discórdia. Lembro-me também doutra ocasião em que apresentadora foi gozada em directo porque parecia não perceber a ironia do título “Album of the year”. Aqui, a apresentarem o teledisco do From out of nowhere no Headbangers Ball, quando a MTV ainda era um canal de jeito.
E depois havia os concertos, onde tudo podia acontecer. Os tradicionais flips frontais que acabavam com Patton a aterrar de costas no palco mas sem nenhuma falha ao microfone, nem sequer no momento do impacto (Exemplos 1 e 2). Em Santiago do Chile, ficou imortalizado o Midlife Crisis pela reacção da multidão que resolveu cuspir em cima do vocalista que, provocando e retribuindo, continuou a cantar.
Regressemos ao dia 7 de Abril
Só vi o filme do John Voight e do Dustin Hofman muito mais tarde. Mas as notas e os acordes do genérico do Midnight Cowboy com que abriram o concerto, nunca mais me saíram da cabeça. Mike Patton tocava um instrumento de sopro com teclas.
O set subiu de intensidade com Collision, o Midlife Crisis, Naked in front of the computer e Ashes to ashes, um dos temas da noite. Ouviu-se “agora mais tranquilo” no frágil mas pouco tímido português de Patton (assim como uma exclamação “vinho verde!”) e veio o Evidence. Depois, não resistimos a deixar um trecho generoso do Easy, “um fado americano” com o sotaque americano, no voice mail do Mário que resolveu não se juntar a nós nessa noite.
Regressa a intensidade: Introduce yourself, The gentle art of making enemies, Last Cup of Sorrow com “vive la France” e que “que bella è la Itália” pelo meio, Land of sunshine, King for a day, We care a lot, Epic, Just a man.
Não falou em português quando voltaram para os primeiros encores; “dedicated to Amália Rodrigues” antes de tocarem o This guy’s in love with you. Logo de seguida, Get out.
O início do segundo encore foi marcado pela ausência do guitarrista que apenas surgiu a meio do Stripsearch para um solo melódico e saiu assim que acabou, com o feedback da guitarra a acompanhá-lo. A cover do Highway Star dos Deep Purple e, para acabar, As the worm turns.
Angel Dust
Poucos dias depois, os Faith No More acabaram. O concerto do Coliseu dos Recreios fica para a História como o último de sempre. Para além de 1992, houve outras passagens por Lisboa, uma a 29 de Junho de 1993 e outra a 9 de Julho de 1995, na primeira edição do Super Bock Super Rock, na altura, na gare marítima de Alcântara.
Aquilo que na altura foi inesperado, surge afinal como previsível assim que fica enterrado no passado. O cliché será dizer que era desse confronto de diferenças tão pronunciadas, de irreverência e inconstância, que saía a fusão, a diversidade que os caracterizava. Na música e fora dela.
Uma Small Victory ou pequena consolação são os projectos como Fantomas e Tomahawk que mantiveram bastante da criatividade e irreverência. Mas esses ficam para outra altura.
Poucas bandas fariam dar-me ao trabalho de vasculhar em inúmeras páginas da Internet e no You Tube para tentar relembrar e reconstruir o máximo possível não só a história, mas também o que se sucedeu naquele longínquo dia 7 de Abril de 1998 (volvidos 8 anos e picos, há pormenores que me escapam).
Já lá vamos. Permitam-me primeiro a analepse.
Recuemos até 1992, ano da graça de nosso senhor. Os Guns N’ Roses deslocam-se ao Estádio José de Alvalade num dos mais aguardados concertos do ano e (atrevo-me a acrescentar), da década de 90. Tinha apenas 11 e jamais me perdoarei por não ter assistido. Do espectáculo, ficou sobretudo na memória um tralho que o Axl mandou, resultado de uma garrafa em cima do palco. Isso e a subsequente birra: não queria cantar mais. Penso que foram o Duff e o Gilby a ir buscá-lo aos bastidores a certa altura.
O que pode motivar uma multidão sedenta por ver os Guns, a grande banda da altura, a pôr em risco a sua prestação desta forma?
Recuemos mais um pouco. Umas horas. Até aos supporting acts. Em particular, o de uma banda com um vocalista muito sui generis. A meio do Epic, Mike Patton resolve provocar a multidão e convida-a a atirar lixo para cima do palco. As suas preces são ouvidas e rapidamente fica rodeado de papeis, relva, embalagens e garrafas, numa das quais Axl Rose haveria de tropeçar e cair, horas depois (aqui, a reportagem completa da MTV).
Um recuo final para um pouco mais de história. Mike Patton tinha sido convidado a entrar nos Faith No More em 1988, substituindo Chuck Mosley. A dança de cadeiras era algo de perfeitamente comum na banda que chegou a contar com Courtney Love ao microfone no início dos anos oitenta. Isso e as constantes diferenças resolvidas à batatada.
Apenas três elementos se mantiveram do início até ao fim: o baixista Billy Gould, o teclista Roddy Bottum e o baterista Mike “Puffy” Bordin cuja forma de tocar, com os tímbalos dispostos horizontalmente, e as rastas sempre a voar e a ser constantemente molhadas por um roadie, sempre me impressionou. Dos restantes, para além de Patton, destaca-se o guitarrista Big Jim Martin, conhecido pela barba e cabelos enormes e o solo que tocou na cover Easy.
Veia provocatória?
O mais interessante é que o episódio no Estádio de Alvalade é apenas a ponta do icebergue. Insultos feitos às bandas cabeças de cartaz com quem faziam tournées eram habituais. Aliás, está aqui um exemplo recente de como Patton ainda não perdeu esse hábito, insultando os Wolfmother quando os ouviu tocar a meio de uma entrevista que estava a dar.
A MTV também teve a sua dose, aqui quando a apresentadora é impedida de falar. Pior foi a questão do teledisco do Epic: Perto do final, surge um comum peixe de aquário a saltar, agonizando por estar fora de água. A cena foi altamente contestada por instituições de defesa dos direitos dos animais. Em 1990, os Faith no More foram convidados a participar no MTV Music Awards e tocaram essa mesma música. No final da actuação, Mike Patton deitou-se no chão e imitou o peixe da discórdia. Lembro-me também doutra ocasião em que apresentadora foi gozada em directo porque parecia não perceber a ironia do título “Album of the year”. Aqui, a apresentarem o teledisco do From out of nowhere no Headbangers Ball, quando a MTV ainda era um canal de jeito.
E depois havia os concertos, onde tudo podia acontecer. Os tradicionais flips frontais que acabavam com Patton a aterrar de costas no palco mas sem nenhuma falha ao microfone, nem sequer no momento do impacto (Exemplos 1 e 2). Em Santiago do Chile, ficou imortalizado o Midlife Crisis pela reacção da multidão que resolveu cuspir em cima do vocalista que, provocando e retribuindo, continuou a cantar.
Regressemos ao dia 7 de Abril
Só vi o filme do John Voight e do Dustin Hofman muito mais tarde. Mas as notas e os acordes do genérico do Midnight Cowboy com que abriram o concerto, nunca mais me saíram da cabeça. Mike Patton tocava um instrumento de sopro com teclas.
O set subiu de intensidade com Collision, o Midlife Crisis, Naked in front of the computer e Ashes to ashes, um dos temas da noite. Ouviu-se “agora mais tranquilo” no frágil mas pouco tímido português de Patton (assim como uma exclamação “vinho verde!”) e veio o Evidence. Depois, não resistimos a deixar um trecho generoso do Easy, “um fado americano” com o sotaque americano, no voice mail do Mário que resolveu não se juntar a nós nessa noite.
Regressa a intensidade: Introduce yourself, The gentle art of making enemies, Last Cup of Sorrow com “vive la France” e que “que bella è la Itália” pelo meio, Land of sunshine, King for a day, We care a lot, Epic, Just a man.
Não falou em português quando voltaram para os primeiros encores; “dedicated to Amália Rodrigues” antes de tocarem o This guy’s in love with you. Logo de seguida, Get out.
O início do segundo encore foi marcado pela ausência do guitarrista que apenas surgiu a meio do Stripsearch para um solo melódico e saiu assim que acabou, com o feedback da guitarra a acompanhá-lo. A cover do Highway Star dos Deep Purple e, para acabar, As the worm turns.
Angel Dust
Poucos dias depois, os Faith No More acabaram. O concerto do Coliseu dos Recreios fica para a História como o último de sempre. Para além de 1992, houve outras passagens por Lisboa, uma a 29 de Junho de 1993 e outra a 9 de Julho de 1995, na primeira edição do Super Bock Super Rock, na altura, na gare marítima de Alcântara.
Aquilo que na altura foi inesperado, surge afinal como previsível assim que fica enterrado no passado. O cliché será dizer que era desse confronto de diferenças tão pronunciadas, de irreverência e inconstância, que saía a fusão, a diversidade que os caracterizava. Na música e fora dela.
Uma Small Victory ou pequena consolação são os projectos como Fantomas e Tomahawk que mantiveram bastante da criatividade e irreverência. Mas esses ficam para outra altura.
domingo, setembro 24, 2006
A porta de entrada foi o Post - com os seus singles muito badalados. Depois, não por causa do nome, foi o Debut e o Human Behavior, a versão do Like Someone in Love e as experiências de gravação em casas-de-banho de discotecas.
Do início, fui para o fim, para o Vespertine, na altura. Devorei-o até conhecer tudo o que achava que havia para conhecer nele. Já tinha o Homogenic em casa mas ficou durante anos, estacionado em segunda fila na prateleira, sempre preterido pelos outros.
Até que a tendência se inverteu. Sem que o saiba explicar porquê. Não foi no seguimento do concerto no Meco em 2003, por sinal, repleto desse álbum até então, quase ilustre desconhecido. Foi depois. Algures. Agora é o que mais ouço. Que mais gosto de ouvir.
Perguntam-me porque gosto da Björk. Não sei. Recorro aos efeitos como uma possível resposta: a pulsação sobe, a cadência da respiração muda e um arrepio que sobe pela espinha e termina no couro cabeludo a fervilhar.
Não preciso de mais nada.
Do início, fui para o fim, para o Vespertine, na altura. Devorei-o até conhecer tudo o que achava que havia para conhecer nele. Já tinha o Homogenic em casa mas ficou durante anos, estacionado em segunda fila na prateleira, sempre preterido pelos outros.
Até que a tendência se inverteu. Sem que o saiba explicar porquê. Não foi no seguimento do concerto no Meco em 2003, por sinal, repleto desse álbum até então, quase ilustre desconhecido. Foi depois. Algures. Agora é o que mais ouço. Que mais gosto de ouvir.
Perguntam-me porque gosto da Björk. Não sei. Recorro aos efeitos como uma possível resposta: a pulsação sobe, a cadência da respiração muda e um arrepio que sobe pela espinha e termina no couro cabeludo a fervilhar.
Não preciso de mais nada.
Juro que não foi de propósito mas, quando dei por mim, tinha um conjunto simpático de textos relacionados com música. Podia fazer uma daquelas coisas estilo semana temática que, aliás, não seria inédito. Agora parece-me foleiro. Não pretendo pôr tudo de enfiada para não causar enjoos aos mais sensíveis de estômago.
Porém, dada a escassez de tempo para terminar o rol interminável de textos semi-começados ou semi-acabados nas caixas negras e confusas que são o disco deste computador, a minha flash pen, o meu caderno e algumas folhas avulsas, nunca se sabe o que poderá vir a acontecer.
Seja como for, fica o aviso feito.
Porém, dada a escassez de tempo para terminar o rol interminável de textos semi-começados ou semi-acabados nas caixas negras e confusas que são o disco deste computador, a minha flash pen, o meu caderno e algumas folhas avulsas, nunca se sabe o que poderá vir a acontecer.
Seja como for, fica o aviso feito.
sábado, setembro 23, 2006
Fizeste-me as palavras gastas. Vazias, desprovidas de sentido. Ocas. Devo ter falado demasiado. Dito demasiado.
Alturas houve em que falei para o boneco. Já não estavas lá para me ouvir. Só o silêncio. Pesado. Enorme. Nem as paredes conseguem ser assim tão silenciosas.
Não tenho nada para dizer. Se calhar, nem no início tive. Mas tinha a vontade de falar. Agora, nem isso. Apenas uma estática ruidosa.
Ao ponto de nem sequer me querer ouvir.
Alturas houve em que falei para o boneco. Já não estavas lá para me ouvir. Só o silêncio. Pesado. Enorme. Nem as paredes conseguem ser assim tão silenciosas.
Não tenho nada para dizer. Se calhar, nem no início tive. Mas tinha a vontade de falar. Agora, nem isso. Apenas uma estática ruidosa.
Ao ponto de nem sequer me querer ouvir.
sexta-feira, setembro 22, 2006
Uma série de dedicatórias - feitas pelo maradona
A todos os que, ditatorialmente, gostam de pôr músicas nas respectivas páginas a disparar automaticamente assim que se abre o url, por favor, tenham dó de mim. Na barrazinha catita do Media Player há um botão de play. E eu sei carregar nele, não preciso que o façam por mim.
quinta-feira, setembro 21, 2006
quarta-feira, setembro 20, 2006
Liberta-me mas não me desates
Ata-me mas não me prendas
Prende-me mas não me captures
Captura-me mas não me agarres
Agarra-me mas não me amarres
Desamarra-me mas não me soltes
Solta-me mas não me largues
Larga-me mas não me deixes
Deixa-me ir mas não me deixes partir.
Revisitado às 22h e picos
Ata-me mas não me prendas
Prende-me mas não me captures
Captura-me mas não me agarres
Agarra-me mas não me amarres
Desamarra-me mas não me soltes
Solta-me mas não me largues
Larga-me mas não me deixes
Deixa-me ir mas não me deixes partir.
Revisitado às 22h e picos
terça-feira, setembro 19, 2006
segunda-feira, setembro 18, 2006
Quando era miúdo - lembro-me que o conseguia imitar razoavelmente. Embora só saísse bem da primeira vez que tentava; exigia algum esforço e as cordas vocais e a laringe ressentiam-se de imediato. Entretanto, a voz mudou e deixei de o conseguir fazer, o registo agudo já não é o que era.
A puberdade deu-me muita coisa mas tirou-me o Woddy Woodpecker do repertório.
A puberdade deu-me muita coisa mas tirou-me o Woddy Woodpecker do repertório.
domingo, setembro 17, 2006
Correr não tem graça nenhuma. É chato É monótono. É uma seca. É a mesma coisa que andar mas mais depressa, com o inconveniente de cansar e de ser relativamente pouco higiénico.
Corro. As pernas seguem uma atrás das outras ganhando a distância, como autómatos totalmente independentes do resto do corpo. O nariz e a boca sugam golfadas de ar que de seguida expelem.
Corro e desligo porque não preciso fazer nada. Tudo parece estar sob a alçada do meu corpo, entidade que assume a responsabilidade da gestão do esforço. Na liberdade condicionada pelo desgaste físico, não penso. Apenas continuo.
Quando era miúdo, vi o Caça Fantasmas inúmeras vezes. A cena que me causou mais impacto era uma perto do final, quando a entidade sobrenatural ameaça os heróis transformando em real qualquer pensamento que pudessem ter. A personagem do Bill Murray ordena
Empty your heads, don’t think of nothing!
O Ray do Dan Aykroyd não conseguia e um Marshmellow Man gigante e com cara de poucos amigos começava a percorrer as ruas de Nova Iorque. É dessa ameaça terrífica e do seu criador, que acabam por salvar a cidade.
Lembro-me de o filme me deixar baralhado. Não pensar em nada é, em si, pensar em algo. Como raio seria possível, mesmo que apenas por instantes, não ter rigorosamente nada dentro da cabeça.
Corro e tenho a cabeça vazia. Nada percorre a minha cabeça excepto um fio de suor que escorre por detrás da orelha. Corre uma aragem que socorre o meu peito quente, encostando-lhe a T-shirt molhada num choque térmico agradável.
Corro e nada decorre. Nada me ocorre. Ninguém discorre. Corro e é então que tudo transcorre e concorre para que não pense.
Corro. As pernas seguem uma atrás das outras ganhando a distância, como autómatos totalmente independentes do resto do corpo. O nariz e a boca sugam golfadas de ar que de seguida expelem.
Corro e desligo porque não preciso fazer nada. Tudo parece estar sob a alçada do meu corpo, entidade que assume a responsabilidade da gestão do esforço. Na liberdade condicionada pelo desgaste físico, não penso. Apenas continuo.
Quando era miúdo, vi o Caça Fantasmas inúmeras vezes. A cena que me causou mais impacto era uma perto do final, quando a entidade sobrenatural ameaça os heróis transformando em real qualquer pensamento que pudessem ter. A personagem do Bill Murray ordena
Empty your heads, don’t think of nothing!
O Ray do Dan Aykroyd não conseguia e um Marshmellow Man gigante e com cara de poucos amigos começava a percorrer as ruas de Nova Iorque. É dessa ameaça terrífica e do seu criador, que acabam por salvar a cidade.
Lembro-me de o filme me deixar baralhado. Não pensar em nada é, em si, pensar em algo. Como raio seria possível, mesmo que apenas por instantes, não ter rigorosamente nada dentro da cabeça.
Corro e tenho a cabeça vazia. Nada percorre a minha cabeça excepto um fio de suor que escorre por detrás da orelha. Corre uma aragem que socorre o meu peito quente, encostando-lhe a T-shirt molhada num choque térmico agradável.
Corro e nada decorre. Nada me ocorre. Ninguém discorre. Corro e é então que tudo transcorre e concorre para que não pense.
sábado, setembro 16, 2006
sexta-feira, setembro 15, 2006
Tive tanto trabalho - a persuadir-me a mim próprio, a furar o cepticismo e os vários níveis de mecanismos de defesa, a debilitar os meus anticorpos, a capacitar-me e a preparar-me para a mudança. Não venhas tu agora tentar convencer-me do contrário.
quinta-feira, setembro 14, 2006
Anoiteceste nos meus braços. Como sempre. Enroscada numa posição próxima da fetal. Fico sempre com a ideia de que receias alguma coisa, de que necessitas sentir-te segura. Não sei por que te sentes segura quando te seguro mas seguro-te com a força que acho transmitir-me a segurança que não possuo e nunca pensei poder oferecer-te.
Acordo com a luz que desafia os buracos da persiana. Não sinto o contacto. Não sinto o calor. Estico o braço dormente e apenas o lençol remexido, a almofada que ainda exala o odor que não é o meu. Viro-me a abro os olhos, procuro indícios. A tua roupa espalhada na urgência de ontem já não está no chão. Nada do que é teu está dentro do quarto. Como sempre.
Não amanhaceste nos meus braços.
Acordo com a luz que desafia os buracos da persiana. Não sinto o contacto. Não sinto o calor. Estico o braço dormente e apenas o lençol remexido, a almofada que ainda exala o odor que não é o meu. Viro-me a abro os olhos, procuro indícios. A tua roupa espalhada na urgência de ontem já não está no chão. Nada do que é teu está dentro do quarto. Como sempre.
Não amanhaceste nos meus braços.
Mais do que esta Mega-notícia por si só, os comentários valem a pena.
quarta-feira, setembro 13, 2006
terça-feira, setembro 12, 2006
Recentemente aprendi - que existe um comando no Access que serve para reconstruir bases de dados. O que eu não dava para eu próprio ter uma opção do género. Carregava no botão e toda a confusão, a tremenda salganhada que vai nesta cabeça aparecia, como que por milagre, organizada por temas, tópicos, ordem cronológica, níveis de importância ou qualquer outra variável classificativa. E depois era só uma questão de ir à procura daquilo que queria.
segunda-feira, setembro 11, 2006
A macroeconomia e a psiquiatria - são basicamente a mesma coisa. Tudo se resume a tentar acertar qual o choque e a respectiva intensidade a aplicar sobre que variáveis. No limite, para grandes necessidades de amplificação e persistência, ou elevadas voltagens, assemelha-me mais ao código penal de alguns estados americanos.
domingo, setembro 10, 2006
Eh pá, poupem-me. Já não basta a quantidade de tempo de antena consumido na altura, ainda tenho que continuar a ser bombardeado com os aviões a entrar pelas torres, com os gajos que resolveram saltar, com o desabamento, com a poeirada e a confusão e com os heróis dos bombeiros e da polícia.
Se estão com imensa vontade de passar desgraças e horrores, passem guerras, ataques, tropas, tiros e mortes no Afeganistão, atentados uns atrás dos outros no Iraque, de tal forma que já não causam impacto nenhum. Prisões onde os cativos são assumidamente mantidos à margem da Convenção de Haia.
E ainda estão à espera da minha comiseração?
Se estão com imensa vontade de passar desgraças e horrores, passem guerras, ataques, tropas, tiros e mortes no Afeganistão, atentados uns atrás dos outros no Iraque, de tal forma que já não causam impacto nenhum. Prisões onde os cativos são assumidamente mantidos à margem da Convenção de Haia.
E ainda estão à espera da minha comiseração?
sábado, setembro 09, 2006
Pronto, agora é torcer pelo Youzhny para que tenhamos uma final masculina de jeito. Não que ver o Roddick perder com o Federer não tenha a capacidade de arrancar um sorriso ou outro. Mas, já agora, podiamos ver um jogador decente, não um trambolho que sabe servir.
É claro que se o mundo fosse perfeito, num dos lados do court na final estaria
Mas pronto, do outro lado vai mesmo estar
Adenda feita às por volta das 19h45 (uma hora em que, ao que tudo indica, atinjo um estado de clarividência e, passo o pleonasmo, de repente tudo me parece claro)
Enfim, não refilo e dou o alinhamento da final por muito bom, tendo em conta que podia lá estar isto
Mas pronto, do outro lado vai mesmo estar
Adenda feita às por volta das 19h45 (uma hora em que, ao que tudo indica, atinjo um estado de clarividência e, passo o pleonasmo, de repente tudo me parece claro)
Enfim, não refilo e dou o alinhamento da final por muito bom, tendo em conta que podia lá estar isto
sexta-feira, setembro 08, 2006
Não gosto de te ler. Estragas-me tudo. Nas tuas palavras está tudo o que eu quero dizer sem que me tenha ainda apercebido que é isso que quero dizer. É como uma revelação, uma premonição da minha vontade futura transposta para um presente que é, no entanto, prematuro. Roubas-me as linhas, as frases, os textos. Sinto-me espoliado, vazio.
Serás a minha projecção? Serei eu, daqui a uns tempos, tu? Como se fosses uma versão melhorada de mim neste momento? Como se não bastassem os furtos linguísticos, também tenho que viver com a possibilidade de ser um parente pobre, uma versão rasca de ti.
Serás a minha projecção? Serei eu, daqui a uns tempos, tu? Como se fosses uma versão melhorada de mim neste momento? Como se não bastassem os furtos linguísticos, também tenho que viver com a possibilidade de ser um parente pobre, uma versão rasca de ti.
quarta-feira, setembro 06, 2006
Está perfeitamente de acordo - que se poupe e se polua menos usando meios electrónicos nas radiografias. Mas, confessa que fica chateadíssimo quando um dos seus trinta doentes diários lhe põe nas mãos um CD com as imagens. O monitor do computador não tem o mesmo charme que a espessa folha que solta um ruído quase metálico quando é empunhada na direcção da luz do candeeiro.
A loja de fotografias do centro comercial. Aquela onde revelei dezenas de rolos e onde a minha mãe esvaziou a carteira inúmeras vezes. Já não é uma loja de fotografias; ali já não se revela nada. Vendem-se telemóveis numa montra berrante. Sinais do tempo.
Deixei de pôr a revelar. Fui um dos clientes dissidentes que contribuiu decisivamente para o final das imagens em papel. Porque o custo deixa de existir (a não ser o do possível espaço do cartão), tenho muito mais CD’s cheios, gravados até à última consequência, do que álbuns que amarelecem lentamente.
Por isso, não pretendo arremessar a primeira pedra. Sou um assumido fã das máquinas digitais, daqueles que já foram confundidos com nipónicos. Na verdade, gosto dos extremos. Gosto da versatilidade e sentido prático dos modernos gadgets mas adoro ter que decidir a velocidade de obturação e a abertura do diafragma da Nikkormat pesadíssima, de fotómetro avariado, que era do meu avô.
Tenho é pena de não tomar decisões dessas com maior frequência.
A loja de fotografias do centro comercial. Aquela onde revelei dezenas de rolos e onde a minha mãe esvaziou a carteira inúmeras vezes. Já não é uma loja de fotografias; ali já não se revela nada. Vendem-se telemóveis numa montra berrante. Sinais do tempo.
Deixei de pôr a revelar. Fui um dos clientes dissidentes que contribuiu decisivamente para o final das imagens em papel. Porque o custo deixa de existir (a não ser o do possível espaço do cartão), tenho muito mais CD’s cheios, gravados até à última consequência, do que álbuns que amarelecem lentamente.
Por isso, não pretendo arremessar a primeira pedra. Sou um assumido fã das máquinas digitais, daqueles que já foram confundidos com nipónicos. Na verdade, gosto dos extremos. Gosto da versatilidade e sentido prático dos modernos gadgets mas adoro ter que decidir a velocidade de obturação e a abertura do diafragma da Nikkormat pesadíssima, de fotómetro avariado, que era do meu avô.
Tenho é pena de não tomar decisões dessas com maior frequência.
terça-feira, setembro 05, 2006
O problema surge quando deixas de te aperceber. A percepção é a tua salvação, uma espécie de bóia à qual te podes agarrar em qualquer situação, por mais assustadora ou aparentemente irremediável que possa parecer. E, nestas coisas, a primeira impressão é a melhor. O instinto pode ser muito mais certeiro que o melhor dos guias.
A questão é confiar.
A questão é confiar.
Luz
I know someday you'll have a beautiful life,
I know you'll be a sun in somebody else's sky, but why
Why, why can't it be, why can't it be mine
I know someday you'll have a beautiful life,
I know you'll be a sun in somebody else's sky, but why
Why, why can't it be, why can't it be mine
domingo, setembro 03, 2006
Pertenço ao grupo - dos cépticos que nunca se dá por convencido sem um conjunto considerável de provas irrefutáveis antes de me lançar ao ar a gritar eureka. Aliás, fico sempre com a impressão de que mais facilmente acabo a dizer o rei vai nu.
Marcos Baghdatis surgiu no início deste ano em grande destaque. Do quase perfeito desconhecimento (a não ser para quem segue juniores e torneios menores) aterrou na final do Open da Austrália. Perdeu para o Federer. Mas chegou lá.
O desafio começa dessa final para a frente. Porque periodicamente há um ilustre desconhecido que chega longe e que depois regressa ao anonimato para nunca mais ser visto. Aqui o céptico, quando questionado acerca do eventual futuro risonho do jogador, furtava-se a vaticinar grandes feitos.
Entretanto, refugiado no escudo que é o avançar do calendário, com a regularidade da presença mos grandes torneios e os recentes acontecimentos na memória (meia final de Wimbledon), estava na altura de redefinir o receio de apostar umas palavras no cipriota.
Agora, a somar a isto o jogo da segunda ronda do US Open com o Agassi torna a redefinição inevitável. Ainda para mais com um tipo de jogo corajoso, vistoso, sempre atacante e em busca de winners. Ainda para mais tendo em conta que é bem novo (21 anos).
Se existe uma réstia de lógica e justiça neste mundo, um jogador assim terá forçosamente que ganhar qualquer coisa qualquer dia.
Marcos Baghdatis surgiu no início deste ano em grande destaque. Do quase perfeito desconhecimento (a não ser para quem segue juniores e torneios menores) aterrou na final do Open da Austrália. Perdeu para o Federer. Mas chegou lá.
O desafio começa dessa final para a frente. Porque periodicamente há um ilustre desconhecido que chega longe e que depois regressa ao anonimato para nunca mais ser visto. Aqui o céptico, quando questionado acerca do eventual futuro risonho do jogador, furtava-se a vaticinar grandes feitos.
Entretanto, refugiado no escudo que é o avançar do calendário, com a regularidade da presença mos grandes torneios e os recentes acontecimentos na memória (meia final de Wimbledon), estava na altura de redefinir o receio de apostar umas palavras no cipriota.
Agora, a somar a isto o jogo da segunda ronda do US Open com o Agassi torna a redefinição inevitável. Ainda para mais com um tipo de jogo corajoso, vistoso, sempre atacante e em busca de winners. Ainda para mais tendo em conta que é bem novo (21 anos).
Se existe uma réstia de lógica e justiça neste mundo, um jogador assim terá forçosamente que ganhar qualquer coisa qualquer dia.