Saúde – Andava eu, alegremente, devo confessar, nas minhas andanças festivas de fim-de-semana sossegado, sem mãe, pai, irmã, avó que me perturbem, quando dei de caras com um artigo do suplemento de saúde de “O Independente” deveras interessante. No meu caso, devo acrescentar, algo assustador pelo meio.
A propósito do dito cujo (e também porque me apetece escandalosamente aumentar o número de pessoas que me lêem, recorrendo a práticas assumidamente sensacionalistas) vou falar dum tema importantíssimo, controverso, tabu à mistura, mas extremamente adorado e nunca posto de parte, seja por quem for, de todas as classes sociais, idades e orientações políticas. É verdade, pela primeira vez neste espaço vou falar de sexo. Sim, porque eu sou um gajo que sim senhor, até gosto dessas coisas do amor e dos beijinhos.
Toda a gente conhece o velho cliché, frase feita maior que esta é difícil de arranjar, da amável esposa, namorada, amante, amiga colorida ou engate esporádico que se vira para o tigre de olhos penetrantes e esfomeados com quem partilha os lençóis e lhe diz qualquer coisa do tipo “Mor… fofo, hoje não, dói-me a cabeça…” assim como quem diz não estou para aí virada, cheiras mal, deixas pêlos no ralo da banheira, divirto-me mais com a minha revista e um daqueles aparelhos maravilhosos a pilhas.
É aqui que entra o artigo. Alterações do padrão de sono e mudanças de dieta (menos cafeína, mais doces) poderão, efectivamente, estar relacionadas com as ditas “cefaleias de fim-de-semana”. Contudo, deverão estar na mesma proporção que a falta de vontade de relações sexuais e, por isso, continuam a ter um carácter manifestamente de afastamento.
Mas há mais tipos de dores de cabeça, decorrentes da actividade sexual em si, e que são despoletadas pelo aumento da pulsação, pressão arterial, tensão muscular e da produção da seratonina, uma coisa que tem um nome terrível mas que tem a incrivelmente nobre tarefa de controlar os nossos impulsos ao nível do sistema nervoso. São as chamadas cefaleias orgásmicas (outro nome genial), porque aparecem durante ou depois do auge sexual.
E agora, pasmem-se, minhas senhoras e meus senhores, mas as investigações apontam para um sexo masculino mais atreito a sofrer desta última estirpe da maleita. Caríssima leitora, da próxima vez que estiver na trungalhunguice com o seu companheiro de horas não vagas, tenha atenção. Em vez de dizer “ai Jesus que lá vou eu”, ele poderá dizer “ai Jesus que lá vem ela”. A dor de cabeça, claro está. Assim, quando chegar à hora do “ora zus truz truz, ora zás trás trás”, em vez de ouvir o normal “ora chega, chega, chega”, poderá, ao invés, ouvir “ora arreda lá pra trás!”. Isto tudo com uma cara visivelmente assustada, evocando a valente cefaleia de que agora foge a sete pés.
Estará descoberta a origem da palavra “enxaqueca”?
P.S. – Convocam-se os blogoespectadores, masculinos e femininos (sim, também são visadas…!) para uma marcha lenta dos Restauradores até à Assembleia da República, onde se realizará um minuto de silêncio, em honra das vítimas deste flagelo.