Os jogadores de snooker profissionais são exemplos vivos desta realidade noutra faixa etária. São tipos que primam pela sua apresentação, sempre de smoking, muito correctos e comedidos em todos os gestos que fazem nos jogos das competições. Depois destroem todo o efeito das suas roupas janotas e da postura britânica quando enfiam o cubo de giz no bolso.
domingo, fevereiro 27, 2005
O caso clássico – é o dos putos que escondem os chocolates no bolsos para os devorarem quando os progenitores não estão por perto. Resultado: comem-nos derretidos, com as mãos todas sujas. Eu não era desses. Mas lembro-me de uma vez ter levado um saco de berlindes nos bolsos para qualquer lado e de os ter perdido quase todos. Fiquei triste na altura.
Os jogadores de snooker profissionais são exemplos vivos desta realidade noutra faixa etária. São tipos que primam pela sua apresentação, sempre de smoking, muito correctos e comedidos em todos os gestos que fazem nos jogos das competições. Depois destroem todo o efeito das suas roupas janotas e da postura britânica quando enfiam o cubo de giz no bolso.
Os jogadores de snooker profissionais são exemplos vivos desta realidade noutra faixa etária. São tipos que primam pela sua apresentação, sempre de smoking, muito correctos e comedidos em todos os gestos que fazem nos jogos das competições. Depois destroem todo o efeito das suas roupas janotas e da postura britânica quando enfiam o cubo de giz no bolso.
sexta-feira, fevereiro 25, 2005
Tenho uma coisa contra – os suportes de rolos de papel-higiénico. Não funcionamos bem. Enfim, estou a exagerar, não é com todos. É só com aqueles que foram sabiamente colocados na mesma parede onde está a própria sanita. Isto porquê? Porque obriga a um contorcionismo, para o lado onde se encontra o bicho, enquanto sentado na loiça.
É claro que, no caso dos suportes que se encontram à nossa frente, numa parede perpendicular à da do “trono”, a questão não se coloca, o acesso é fácil, a utilização banal, a comodidade acima de qualquer suspeita. Agora, a maioria dos ditos objectos não se encontra nestas condições, antes obriga-nos a constantes rotações do tronco. O problema é ainda maior quando o rolo está por encetar e queremos levar a cabo a tarefa de soltar a primeira folha dupla com requintes de profissional.
Parece que todas as classes profissionais ligadas à construção civil, dos arquitectos aos ladrilhadores, dos engenheiros aos trolhas, pensam que todos somos adolescentes chinesas ou de países do antigo bloco comunista. Tendo em consideração que, de facto apenas uma minoria o é, este posicionamento geo-estratégico do objecto em causa deveria ter uma saída menor do que aquela com a qual efectivamente nos deparamos no dia-a-dia.
Então, qual é portanto a razão pela qual subjugamos a integridade física dos nossos costados, dia após dia, aos maléficos suportes colocados em sítios muito pouco estratégicos? Será uma mania de arrumação e organização funestas? Será uma conspiração mundial de médicos ortopedistas e fisiatras para verem aumentar progressivamente as receitas de consultas que fazem?
A verdade é que não sei. O que eu sei é que a minha vida não vai ser regida pelo maléfico suporte de rolo de papel higiénico que tenho na minha casa-de-banho. Declaro-lhe guerra. Sou dono do destino que dou ao meu corpo. Os rolos que utilizar serão depostos na bancada onde está o lavatório. E ninguém me conseguirá demover.
Ai de quem sequer tentar.
É claro que, no caso dos suportes que se encontram à nossa frente, numa parede perpendicular à da do “trono”, a questão não se coloca, o acesso é fácil, a utilização banal, a comodidade acima de qualquer suspeita. Agora, a maioria dos ditos objectos não se encontra nestas condições, antes obriga-nos a constantes rotações do tronco. O problema é ainda maior quando o rolo está por encetar e queremos levar a cabo a tarefa de soltar a primeira folha dupla com requintes de profissional.
Parece que todas as classes profissionais ligadas à construção civil, dos arquitectos aos ladrilhadores, dos engenheiros aos trolhas, pensam que todos somos adolescentes chinesas ou de países do antigo bloco comunista. Tendo em consideração que, de facto apenas uma minoria o é, este posicionamento geo-estratégico do objecto em causa deveria ter uma saída menor do que aquela com a qual efectivamente nos deparamos no dia-a-dia.
Então, qual é portanto a razão pela qual subjugamos a integridade física dos nossos costados, dia após dia, aos maléficos suportes colocados em sítios muito pouco estratégicos? Será uma mania de arrumação e organização funestas? Será uma conspiração mundial de médicos ortopedistas e fisiatras para verem aumentar progressivamente as receitas de consultas que fazem?
A verdade é que não sei. O que eu sei é que a minha vida não vai ser regida pelo maléfico suporte de rolo de papel higiénico que tenho na minha casa-de-banho. Declaro-lhe guerra. Sou dono do destino que dou ao meu corpo. Os rolos que utilizar serão depostos na bancada onde está o lavatório. E ninguém me conseguirá demover.
Ai de quem sequer tentar.
quinta-feira, fevereiro 24, 2005
Mais depressa falava no diabo – e mais depressa apareceria ele. Feita a analogia para o caso em questão, resta individualizar. Mais depressa me dava na cabeça vir para aqui falar acerca da minha aparelhagem e mais depressa, possivelmente como forma de protesto, ela se avariaria. É verdade, o prato do leitor de CD’s pifou. Ou pifaram-no, ainda não sei concretamente.
A grande questão: como sobreviver em tão desumanas condições? O vetusto mas enormemente apreciado aparelho, e não digo isto apenas porque deixou de funcionar, era um dos grandes pólos nevrálgicos da minha existência diária, do meu quotidiano. Estou transtornado.
Como poderei concentrar-me a fazer seja o que for sem música, como poderei relaxar confortavelmente sentado sem acordes...? Como poderei proceder à minha higiene pessoal matinal (sim, faço dessas coisas) sem música de fundo, como poderei, ao fim-de-semana para evitar que me linchem, pôr música aos berros enquanto canto no banho?
A grande questão: como sobreviver em tão desumanas condições? O vetusto mas enormemente apreciado aparelho, e não digo isto apenas porque deixou de funcionar, era um dos grandes pólos nevrálgicos da minha existência diária, do meu quotidiano. Estou transtornado.
Como poderei concentrar-me a fazer seja o que for sem música, como poderei relaxar confortavelmente sentado sem acordes...? Como poderei proceder à minha higiene pessoal matinal (sim, faço dessas coisas) sem música de fundo, como poderei, ao fim-de-semana para evitar que me linchem, pôr música aos berros enquanto canto no banho?
quarta-feira, fevereiro 23, 2005
terça-feira, fevereiro 22, 2005
O meu leitor de CD’s - Tem mais de dez anos, já precisou de levar umas cabeças de leitura novas. Quando ponho um disco em reprodução, tenho que girar energicamente o botão do volume que deve estar a fazer algum mau contacto. Só assim se sente a coluna da esquerda disparar, depois de fazer um ruído que parece estática da rádio.
Os deck’s das cassetes já nem devem funcionar. Caíram-me totalmente, já não os utilizo há muito tempo. A equalização varia muito pouco, tem preferência definida. Irrita-me quando a EDP resolve cortar a electricidade. E não são poucas as vezes, irrito-me regularmente. Obriga-me a ter de escolher o programa do equalizador e a carregar naqueles botões que fazem o mostrador das horas parar de piscar. Mas sem me dar ao trabalho de o acertar.
Também, quem precisa de ver as horas na aparelhagem? São inúmeros os aparelhos e sítios que cospem as horas a torto e a direito. Prefiro que este objecto em particular me dê música.
Não gosto de leitores com tabuleiros para muitos discos. Gosto de escolher discos um a um. Às vezes, oiço apenas uma faixa, retiro o disco e ponho outro. Gosto do ritual de escolher, de tirar da caixa, de arrumar outro (ou deixá-lo desarrumado no meio da confusão).
Os deck’s das cassetes já nem devem funcionar. Caíram-me totalmente, já não os utilizo há muito tempo. A equalização varia muito pouco, tem preferência definida. Irrita-me quando a EDP resolve cortar a electricidade. E não são poucas as vezes, irrito-me regularmente. Obriga-me a ter de escolher o programa do equalizador e a carregar naqueles botões que fazem o mostrador das horas parar de piscar. Mas sem me dar ao trabalho de o acertar.
Também, quem precisa de ver as horas na aparelhagem? São inúmeros os aparelhos e sítios que cospem as horas a torto e a direito. Prefiro que este objecto em particular me dê música.
Não gosto de leitores com tabuleiros para muitos discos. Gosto de escolher discos um a um. Às vezes, oiço apenas uma faixa, retiro o disco e ponho outro. Gosto do ritual de escolher, de tirar da caixa, de arrumar outro (ou deixá-lo desarrumado no meio da confusão).
segunda-feira, fevereiro 21, 2005
Portas foi o grande protagonista - duma tragédia grega. Falhanço, chumbo redondo nos objectivos eleitorais, e lá vai ele abandonar o trono do partido, lágrima a querer furar o olho. Santana não dá o braço a torcer. Afinal foi porque tiveram pouco tempo e porque muitos dos nomes pesados dos laranjas não se puseram do lado dele. Pior, apenas prejudicaram. Num discurso hábil, está já a preparar o caminho para Belém.
Louçã ganhou. Mais do que duplicou. A curva é logarítmica, ou seja, nos primeiros momentos é mais fácil ter ascensões deste género. O pior é manter o ritmo de crescimento nos anos vindouros. Vamos ver. Jerónimo, esse índio guerreiro, estoira gargantas, um poço de emotividade e simplicidade, inverteu a trajectória descendente dos comunistas e ergueu bem alto a sua foice e o seu martelo.
O pior de tudo. As palavras do novo primeiro-ministro. O nosso novinho e folha primeiro-ministro não tem graça nenhuma. Fez um discurso insípido, muito pouco emotivo. Em nada se coadunou com alguém que arrancou a primeira maioria absoluta de sempre dos socialistas. Foi inócuo, banal, desprovido de qualquer tipo de mobilização. Um rosto seco, carregado. Falar quase foi um frete. Chegou ao cúmulo de refrear os ânimos dos que queriam exteriorizar, gritando, aquela vitória rosa (que chatos, inconvenientes, não me deixam acabar de dizer isto).
Louçã ganhou. Mais do que duplicou. A curva é logarítmica, ou seja, nos primeiros momentos é mais fácil ter ascensões deste género. O pior é manter o ritmo de crescimento nos anos vindouros. Vamos ver. Jerónimo, esse índio guerreiro, estoira gargantas, um poço de emotividade e simplicidade, inverteu a trajectória descendente dos comunistas e ergueu bem alto a sua foice e o seu martelo.
O pior de tudo. As palavras do novo primeiro-ministro. O nosso novinho e folha primeiro-ministro não tem graça nenhuma. Fez um discurso insípido, muito pouco emotivo. Em nada se coadunou com alguém que arrancou a primeira maioria absoluta de sempre dos socialistas. Foi inócuo, banal, desprovido de qualquer tipo de mobilização. Um rosto seco, carregado. Falar quase foi um frete. Chegou ao cúmulo de refrear os ânimos dos que queriam exteriorizar, gritando, aquela vitória rosa (que chatos, inconvenientes, não me deixam acabar de dizer isto).
Uma das maiores relações de fidelidade -desta campanha, é a de Dina em relação a Manuel Monteiro. A cantora famosa pelo “vem cá tenho sede, quero o teu amor de água fresca”, que costumava andar pelos comícios do CDS-PP e tocar umas músicas, foi atrás do criador da Nova Democracia e até escreveu o hino daquela gaita. O que é um pouco estranho porque, se bem me lembro, num documentário que apareceu na televisão já há uns anos, e que eu até achei corajoso, Dina assumia-se como homossexual e tinha uma criança a seu cargo. Faz-me lembrar o meu espanto quando percebi que o número dois do partido de Pim Fortuyn na Holanda era um cabo-verdiano.
A melhor banda sonora é, sem dúvida a do PSD. Não há nada que consiga chegar sequer aos calcanhares do “guerreiro” e “um homem também chora”. Assim como as incursões de Pedro Santana Lopes pelos locais do povo. Eu que considerava Paulo Portas o campeão das peixeiras, com beijinho aqui e ali e mais um passozito de dança, tenho de reconhecer que o Santana trava essa frente de batalha com muito gabarito.
O Oscar de melhor tempo de antena, no entanto, vai para o PCTP-MRPP. Pelo argumento, pelas interpretações, pela convicção, pela foto do cartaz em que Garcia Pereira parece ter mais 30 quilos. Por tudo.
A melhor banda sonora é, sem dúvida a do PSD. Não há nada que consiga chegar sequer aos calcanhares do “guerreiro” e “um homem também chora”. Assim como as incursões de Pedro Santana Lopes pelos locais do povo. Eu que considerava Paulo Portas o campeão das peixeiras, com beijinho aqui e ali e mais um passozito de dança, tenho de reconhecer que o Santana trava essa frente de batalha com muito gabarito.
O Oscar de melhor tempo de antena, no entanto, vai para o PCTP-MRPP. Pelo argumento, pelas interpretações, pela convicção, pela foto do cartaz em que Garcia Pereira parece ter mais 30 quilos. Por tudo.
domingo, fevereiro 20, 2005
Acaso Pedro Santana Lopes - , mesmo tendo saído derrotado, resolva levar a cabo a sua mais convincente promessa eleitoral, a saber, processar as empresas de sondagem que se afastem da realidade da escolha do povo, o guerreiro menino irá processar, ironicamente, todas aquelas que mais o beneficiaram.
Portugal, Portugal
Tiveste gente de muita coragem
E acreditaste na tua mensagem
Foste ganhando terreno
E foste perdendo a memória
Já tinhas meio mundo na mão
Quiseste impor a tua religião
E acabaste por perder a liberdade
A caminho da glória
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Tiveste muita carta para bater
Quem joga deve aprender a perder
Que a sorte nunca vem só
Quando bate à nossa porta
Esbanjaste muita vida nas apostas
E agora trazes o desgosto às costas
Não se pode estar direito
Quando se tem a espinha torta
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração
Pela ponta das tuas lanças
Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto
De brincar com as tuas crianças
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Rui Malheiro e Tiago Leitão
Tiveste gente de muita coragem
E acreditaste na tua mensagem
Foste ganhando terreno
E foste perdendo a memória
Já tinhas meio mundo na mão
Quiseste impor a tua religião
E acabaste por perder a liberdade
A caminho da glória
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Tiveste muita carta para bater
Quem joga deve aprender a perder
Que a sorte nunca vem só
Quando bate à nossa porta
Esbanjaste muita vida nas apostas
E agora trazes o desgosto às costas
Não se pode estar direito
Quando se tem a espinha torta
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração
Pela ponta das tuas lanças
Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto
De brincar com as tuas crianças
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Rui Malheiro e Tiago Leitão
sexta-feira, fevereiro 18, 2005
Deadline - ou a linha morta no melhor português martelo. A inexorabilidade do tique-taque, a matemática do tempo, a mecânica dos ponteiros. Sem falhas, sem interrupções, sem hesitações. São assim os prazos, pequenos ditadores das nossas vidas subjugadas por marcos diários, horários.
Agora, perceber se é alívio ou prazer que sentimos quando os cumprimos na recta final, em grande sprint, eis a questão.
Agora, perceber se é alívio ou prazer que sentimos quando os cumprimos na recta final, em grande sprint, eis a questão.
quarta-feira, fevereiro 16, 2005
domingo, fevereiro 13, 2005
“É uma questão psicológica” - , respondem-me sempre os que advogam a técnica. Se puseres o teu relógio um pouco adiantado, dois três minutos, não te atrasas tu e fazes boa figura. Porquê? Porque a pressão de ver que estás atrasado no mostrador, quando de facto não estás porque está adiantado, leva-te a apressar e a ganhar uns minutos.
Pergunta típica, chapa quatro: então e vocês, os sábios utilizadores de contadores de tempo adiantados, não são meninos para olhar para o relógio e imediatamente pensar que não estão de facto atrasados, têm mais dois três minutos, aqueles que deram a mais ao ponteiro dos minutos, no fundo dar um desconto e aperfeiçoar a informação que retiram do objecto? Não, porque é psicológico.
Ficamos por aqui.
Pergunta típica, chapa quatro: então e vocês, os sábios utilizadores de contadores de tempo adiantados, não são meninos para olhar para o relógio e imediatamente pensar que não estão de facto atrasados, têm mais dois três minutos, aqueles que deram a mais ao ponteiro dos minutos, no fundo dar um desconto e aperfeiçoar a informação que retiram do objecto? Não, porque é psicológico.
Ficamos por aqui.
sábado, fevereiro 12, 2005
Quando, por momentos, - me esqueço que os reis também são gente, dou por mim a ler artigos no jornal que deixam um pouco sem palavra. Ao que parece, segundo consta, por aquilo que ouvi dizer. o Carlinhos, aquele que é herdeiro da Coroa Britânica e que tem umas proeminentes orelhas de abano, surpreendeu-me. Não só ele. A amiga dele, a Camilla qualquer coisa, também.
O Carlinhos e a Camila conheceram-se em 1970. Alguns anos depois, descobriram que havia ali uma chama-se entre os dois. Aquilo até deve ter dado alguns momentos de paixão e folia algures (dentro do padrão britânico) mas nunca se consubstanciou em voos mais altos, em águas mais profundas. Foi andando até que surgiu a Diana, a bonita Princesa de Gales ou do Povo, como no quotidiano a ela se referiam.
Em 1989, Carlinhos e Diana deram o nó. Nunca percebi muito bem como a rapariga foi na música dele, feio e com a atribulada vida de futuro rei, mas o que é facto é que foi. No meio disto tudo, com filhos à mistura, o Carlinhos não estava contente. O Carlinhos queria era a Camila. Um tabloíde qualquer chegou a apanhar conversas de telefone entre os dois em 1992, Diana começou a andar ciumenta e a fazer comentários de baixo nível aos jornalistas em relação à ligação agora proibida. Dos dois lados, porque a Camilla também tinha arranjado um apelido muito sofisticado, Parker-Bowles.
Resultado. Ela divorciou-se e o “King to be” aprovitou a deixa para fazer o mesmo no ano seguinte. Ainda Diana era viva e a relação deles já tinha alguma saída pública. E foi crescendo nesse sentido, com a crescente preocupação de lentamente ir conquistando o povo que, nestas coisas da vida privada dos representantes da monarquia de um país, manda muito.
Trinta anos depois, uns gajos que se curtiam à brava, só agora se vão casar. Há quem diga que por precipitação do Carlinhos na altura, que poderia ter dado a música dele de entrada à Camila em vez de ter enveredado pela Diana. Mas, como se costuma dizer, o amor é muito forte e tem mesmo que ser e, não querendo andar aqui com tautologias ou redundâncias, o que tem mesmo que ser, tem mesmo que ser tem muita força.
Histórias de príncipes e princesas como nos livros e filmes.
O Carlinhos e a Camila conheceram-se em 1970. Alguns anos depois, descobriram que havia ali uma chama-se entre os dois. Aquilo até deve ter dado alguns momentos de paixão e folia algures (dentro do padrão britânico) mas nunca se consubstanciou em voos mais altos, em águas mais profundas. Foi andando até que surgiu a Diana, a bonita Princesa de Gales ou do Povo, como no quotidiano a ela se referiam.
Em 1989, Carlinhos e Diana deram o nó. Nunca percebi muito bem como a rapariga foi na música dele, feio e com a atribulada vida de futuro rei, mas o que é facto é que foi. No meio disto tudo, com filhos à mistura, o Carlinhos não estava contente. O Carlinhos queria era a Camila. Um tabloíde qualquer chegou a apanhar conversas de telefone entre os dois em 1992, Diana começou a andar ciumenta e a fazer comentários de baixo nível aos jornalistas em relação à ligação agora proibida. Dos dois lados, porque a Camilla também tinha arranjado um apelido muito sofisticado, Parker-Bowles.
Resultado. Ela divorciou-se e o “King to be” aprovitou a deixa para fazer o mesmo no ano seguinte. Ainda Diana era viva e a relação deles já tinha alguma saída pública. E foi crescendo nesse sentido, com a crescente preocupação de lentamente ir conquistando o povo que, nestas coisas da vida privada dos representantes da monarquia de um país, manda muito.
Trinta anos depois, uns gajos que se curtiam à brava, só agora se vão casar. Há quem diga que por precipitação do Carlinhos na altura, que poderia ter dado a música dele de entrada à Camila em vez de ter enveredado pela Diana. Mas, como se costuma dizer, o amor é muito forte e tem mesmo que ser e, não querendo andar aqui com tautologias ou redundâncias, o que tem mesmo que ser, tem mesmo que ser tem muita força.
Histórias de príncipes e princesas como nos livros e filmes.
sexta-feira, fevereiro 11, 2005
«Eleitorado do PCP candidato a património mundial – A presidente da Câmara Municipal de Almada, Maria Emília Sousa, anunciou que vai propor à UNESCO a candidatura do “eleitorado PCP do concelho, e do Sul em geral, a património mundial da humanidade”. Segundo fontes próximas da autarca, “a UNESCO está deveras impressionada com o estado de conservação do eleitorado comunista do País”. Mas diz mais, “para já apresentámos só fotografias, mas a reacção foi óptima. Quando viram que alguns ainda têm a dentição de origem entusiasmaram-se e marcaram a primeira visita já para Outubro”. A comissão proponente prepara tudo ao pormenor: “Arranjámos um casal ainda em idade reprodutiva e caso consigamos fazê-los acasalar até ao fim do ano, seremos património mundial de certeza”, rematou a mesma fonte.»
Inimigo Público
Inimigo Público
A Montanha que pariu um rato
E se?
Não...
E daí...
Se calhar
De certeza
Olha...
Na volta...
Vai-se a ver
Por isso
Mesmo que
Possivelmente
Afinal
Só pode!
Então e...
Portanto
A não ser que
Já pensaste?
Enfim
Sei lá eu!
Só se...
Isso mesmo!
Certo e sabido
Certeza absoluta
Realmente
Sim...
Pode ser
Talvez
Não estou a ver
Pois
E se?
Não...
E daí...
Se calhar
De certeza
Olha...
Na volta...
Vai-se a ver
Por isso
Mesmo que
Possivelmente
Afinal
Só pode!
Então e...
Portanto
A não ser que
Já pensaste?
Enfim
Sei lá eu!
Só se...
Isso mesmo!
Certo e sabido
Certeza absoluta
Realmente
Sim...
Pode ser
Talvez
Não estou a ver
Pois
terça-feira, fevereiro 08, 2005
Quelqu'un m'a dit
On me dit que nos vies ne valent pas grand-chose,
Qu'elles passent en un instant comme fânent les roses,
On me dit que le temps qui glisse est un salaud,
Et que de nos chagrins il s'en fait des manteaux.
Pourtant quelqu'un m'a dit que tu m'aimais encore
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore,
Serait-ce possible alors ?
On dit que le destin se moque bien de nous,
Qu'il ne nous donne rien, et qu'il nous promet tout,
Paraît que le bonheur est à portée de main,
Alors on tend la main et on se retrouve fou.
Pourtant quelqu'un m'a dit...
Mais qui est-ce qui m'a dit que toujours tu m'aimais ?
Je ne me souviens plus, c'était tard dans la nuit,
J'entends encore la voix, mais je ne vois plus les traits,
"Il vous aime, c'est secret, ne lui dites pas que je vous l'ai dit."
Tu vois, quelqu'un m'a dit que tu m'aimais encore,
Me l'a-t-on vraiment dit que tu m'aimais encore,
Serait-ce possible alors ?
On me dit que nos vies ne valent pas grand-chose,
Qu'elles passent en un instant comme fânent les roses,
On me dit que le temps qui glisse est un salaud,
Et que de nos tristesses il s'en fait des manteaux.
Pourtant quelqu'un m'a dit...
Carla Bruni
On me dit que nos vies ne valent pas grand-chose,
Qu'elles passent en un instant comme fânent les roses,
On me dit que le temps qui glisse est un salaud,
Et que de nos chagrins il s'en fait des manteaux.
Pourtant quelqu'un m'a dit que tu m'aimais encore
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore,
Serait-ce possible alors ?
On dit que le destin se moque bien de nous,
Qu'il ne nous donne rien, et qu'il nous promet tout,
Paraît que le bonheur est à portée de main,
Alors on tend la main et on se retrouve fou.
Pourtant quelqu'un m'a dit...
Mais qui est-ce qui m'a dit que toujours tu m'aimais ?
Je ne me souviens plus, c'était tard dans la nuit,
J'entends encore la voix, mais je ne vois plus les traits,
"Il vous aime, c'est secret, ne lui dites pas que je vous l'ai dit."
Tu vois, quelqu'un m'a dit que tu m'aimais encore,
Me l'a-t-on vraiment dit que tu m'aimais encore,
Serait-ce possible alors ?
On me dit que nos vies ne valent pas grand-chose,
Qu'elles passent en un instant comme fânent les roses,
On me dit que le temps qui glisse est un salaud,
Et que de nos tristesses il s'en fait des manteaux.
Pourtant quelqu'un m'a dit...
Carla Bruni
segunda-feira, fevereiro 07, 2005
Tu, que sempre me disseste que o tempo não existe e que as nuvens não correm velozmente pelo céu ventoso
Sim, tu
Que quase me bateste quando te disse que precisavas arranjar um relógio quando me deixavas plantado à tua espera,
Só esperas porque queres
Tu que não toleravas esperar, quando me atrasava cinco minutos já lá não estavas à minha espera
Não tenho mais nada que fazer senão esperar que Sua Excelência se digne a aparecer...?
Eu, que estava farto de esperar que mudasses, que conseguisses perceber o quão injusta eras
Sim, eu
Que quase me batia quando sentia que te dizia algo que te punha louca, com vontade de me bater
Desculpa
Eu que aguentava esperar, ficava a olhar para ontem cinco, dez, quinze, vinte minutos, meia-hora, três quartos de hora
Então, aconteceu alguma coisa...?
Porque é que perguntas? O que é que havia de ter acontecido...?
Sim, tu
Que quase me bateste quando te disse que precisavas arranjar um relógio quando me deixavas plantado à tua espera,
Só esperas porque queres
Tu que não toleravas esperar, quando me atrasava cinco minutos já lá não estavas à minha espera
Não tenho mais nada que fazer senão esperar que Sua Excelência se digne a aparecer...?
Eu, que estava farto de esperar que mudasses, que conseguisses perceber o quão injusta eras
Sim, eu
Que quase me batia quando sentia que te dizia algo que te punha louca, com vontade de me bater
Desculpa
Eu que aguentava esperar, ficava a olhar para ontem cinco, dez, quinze, vinte minutos, meia-hora, três quartos de hora
Então, aconteceu alguma coisa...?
Porque é que perguntas? O que é que havia de ter acontecido...?
domingo, fevereiro 06, 2005
Cor-de-laranja - Uma palavra (ou três…?) que me faz(em) confusão. Se bem me recordo, as laranjas (o fruto!) foram introduzidas na nossa península pelos nossos amigos árabes. Ou seja, aí há coisa de uns bons séculos. De qualquer das formas, quer-me parecer que as pessoas, mesmo nessa altura tão remota da nossa História colectiva, já comunicavam com recurso a linguagem verbal.
Para além disso, penso que já deviam existir cores. Azul, preto, amarelo, roxo, verde, por aí fora. Ou seja, aonde eu quero chegar, vou-me deixar de rodeios e de falinhas mansas, é perceber porque raio se já existia a cor cor-de-laranja antes das laranjas terem aparecido por aí, porque raio não surgiu outro nome para a cor?
A resposta óbvia é: não parvo, o fruto é que foi denominado assim porque a cor dele é cor-de-laranja! Mas se a cor da laranja é cor-de-laranja, porque raio não se chama só laranja à cor e à laranja fruto-laranja? Assim respeitar-se-ia a ordem natural das coisas, a laranja chegou depois da cor-de-laranja e portanto não obriga a cor-de-laranja a uma modificação para não ser confundido com a laranja.
Isto não fica, obviamente, completo sem a o belo do cor-de-rosa. Aqui está outro bicho giro. Neste caso, duas observações: há rosas brancas, amarelas, vermelhas, etc.; em inglês, descobriram uma palavra chamada “pink”.
Enfim, estas coisas perturbam e assolam o meu dia-a-dia. A etimologia das palavras fascina-me.
P.S. - Ajuda preciosa do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, que não tem a entrada “cor-de-laranja”.
Laranja - s. f., fruto (hesperídio) da laranjeira;
variedade de pereira cultivada em Portugal;
estar a pão e ~s:
passar fome;
ser castigado.
(Do pers. narang, «laranja», pelo ár. naranjâ, «id.»)
Cor-de-Rosa - adj. e s. 2 gén. 2 núm.
que ou o que é da cor característica das rosas;
tonalidade, muito ténue ou diluída em branco, do vermelho ou da cor avermelhada;
sonhos ~:
sonhos felizes;
ver tudo ~:
ser optimista.
Rosa –
1.s. f.
flor da roseira;
roseira;
(fig.) coisa ou figura de simetria radiada, que lembre a disposição das pétalas da flor das
Rosáceas;
mulher formosa;
s. f. pl.
venturas;
alegria;
maré de ~s:
tempo em que sucede tudo à medida dos nossos desejos;
não há ~ sem espinhos:
não há bela sem senão;
não há gosto sem desgosto;
cor vermelha desmaiada;
cor-de-rosa.
(Do lat. rosa-, «id.»)
Para além disso, penso que já deviam existir cores. Azul, preto, amarelo, roxo, verde, por aí fora. Ou seja, aonde eu quero chegar, vou-me deixar de rodeios e de falinhas mansas, é perceber porque raio se já existia a cor cor-de-laranja antes das laranjas terem aparecido por aí, porque raio não surgiu outro nome para a cor?
A resposta óbvia é: não parvo, o fruto é que foi denominado assim porque a cor dele é cor-de-laranja! Mas se a cor da laranja é cor-de-laranja, porque raio não se chama só laranja à cor e à laranja fruto-laranja? Assim respeitar-se-ia a ordem natural das coisas, a laranja chegou depois da cor-de-laranja e portanto não obriga a cor-de-laranja a uma modificação para não ser confundido com a laranja.
Isto não fica, obviamente, completo sem a o belo do cor-de-rosa. Aqui está outro bicho giro. Neste caso, duas observações: há rosas brancas, amarelas, vermelhas, etc.; em inglês, descobriram uma palavra chamada “pink”.
Enfim, estas coisas perturbam e assolam o meu dia-a-dia. A etimologia das palavras fascina-me.
P.S. - Ajuda preciosa do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, que não tem a entrada “cor-de-laranja”.
Laranja - s. f., fruto (hesperídio) da laranjeira;
variedade de pereira cultivada em Portugal;
estar a pão e ~s:
passar fome;
ser castigado.
(Do pers. narang, «laranja», pelo ár. naranjâ, «id.»)
Cor-de-Rosa - adj. e s. 2 gén. 2 núm.
que ou o que é da cor característica das rosas;
tonalidade, muito ténue ou diluída em branco, do vermelho ou da cor avermelhada;
sonhos ~:
sonhos felizes;
ver tudo ~:
ser optimista.
Rosa –
1.s. f.
flor da roseira;
roseira;
(fig.) coisa ou figura de simetria radiada, que lembre a disposição das pétalas da flor das
Rosáceas;
mulher formosa;
s. f. pl.
venturas;
alegria;
maré de ~s:
tempo em que sucede tudo à medida dos nossos desejos;
não há ~ sem espinhos:
não há bela sem senão;
não há gosto sem desgosto;
cor vermelha desmaiada;
cor-de-rosa.
(Do lat. rosa-, «id.»)
sexta-feira, fevereiro 04, 2005
Talvez para não destoar - o debate tivesse de ser ao nível do resto da campanha. Desde a imediata abertura pelo tema quente das ofensas pessoais até à falta de concretização prática dos chorrilhos de promessas. Desta feita, ainda pior. A questão era estrutural, começava na adopção daquele modelo importado repleto de regras como tempo limitado, muito à americana.
Na puritana América, o conceito de democrático está muito agarrado à noção de conferir a todos igualdade de oportunidades à partida. À chegada é que a porca torce o rabo, os que se safarem melhor serão, naturalmente, os indivíduos com melhores capacidades e, portanto, merecedores do destaque e enfoque dados. Para defender este princípio, todos falam exactamente os mesmos segundos para evitar acusações de parcialidade. Mas isto aqui não são os States.
E se sou o primeiro a concordar que os pseudo-debates em que cada um fala para seu lado e interrompe e atropela e maldiz, são tudo menos democráticos, também me parece que o extremo do ultra-regulamentado não serve minimamente o propósito de bem informar e esclarecer. E a SIC, na pessoa do Rodrigo Guedes de Carvalho, ainda se gabou de ser a primeira a ter uma iniciativa do género no país.
Aliás, nunca uma interrupção me soube tão bem ouvir, quando, a páginas tantas, o Sócrates teve de esclarecer qualquer coisa que o Santana disse, sem sequer se tratar e algum ataque ou provocação, uma mera decorrência da conversa entre duas pessoas. Serviu para mostrar que, de facto, aquele show-off de som, luzes e moderadores tiranos, não serve para nada.
Como em tudo, no meio está a virtude. Nada como bom-senso para resolver a questão. E bons jornalistas e moderadores. Isto é como os meninos da escola. Se o professor não é bom, cada um fala para seu lado e abusa o máximo que puder. Quando o professor é bom, andam todos direitinhos sem necessidade de recorrer a idas para a rua e recadinhos para casa. De jornalistas daquela experiência e craveira, esperava-se que conseguissem dar conta do recado.
Mini-discursos de dois minutos intercalados das campanhas principais não me convencem. Nem mesmo se tiverem réplicas de um.
Na puritana América, o conceito de democrático está muito agarrado à noção de conferir a todos igualdade de oportunidades à partida. À chegada é que a porca torce o rabo, os que se safarem melhor serão, naturalmente, os indivíduos com melhores capacidades e, portanto, merecedores do destaque e enfoque dados. Para defender este princípio, todos falam exactamente os mesmos segundos para evitar acusações de parcialidade. Mas isto aqui não são os States.
E se sou o primeiro a concordar que os pseudo-debates em que cada um fala para seu lado e interrompe e atropela e maldiz, são tudo menos democráticos, também me parece que o extremo do ultra-regulamentado não serve minimamente o propósito de bem informar e esclarecer. E a SIC, na pessoa do Rodrigo Guedes de Carvalho, ainda se gabou de ser a primeira a ter uma iniciativa do género no país.
Aliás, nunca uma interrupção me soube tão bem ouvir, quando, a páginas tantas, o Sócrates teve de esclarecer qualquer coisa que o Santana disse, sem sequer se tratar e algum ataque ou provocação, uma mera decorrência da conversa entre duas pessoas. Serviu para mostrar que, de facto, aquele show-off de som, luzes e moderadores tiranos, não serve para nada.
Como em tudo, no meio está a virtude. Nada como bom-senso para resolver a questão. E bons jornalistas e moderadores. Isto é como os meninos da escola. Se o professor não é bom, cada um fala para seu lado e abusa o máximo que puder. Quando o professor é bom, andam todos direitinhos sem necessidade de recorrer a idas para a rua e recadinhos para casa. De jornalistas daquela experiência e craveira, esperava-se que conseguissem dar conta do recado.
Mini-discursos de dois minutos intercalados das campanhas principais não me convencem. Nem mesmo se tiverem réplicas de um.
terça-feira, fevereiro 01, 2005
Há duas ocasiões no ano - que são uma espécie de tosta mista. Sempre. Os aniversários e a passagem de ano marcam o final de unidades de tempo, segmentam de uma forma estanque e inexpugnável períodos aos quais convencionámos chamar anos. São naturalmente, circunstâncias de alegria, festa, sorrisos e coisas boas. Mas, depois de passar o momento inicial de maior euforia, seja no dia ou no minuto seguinte, fazem pensar.
Sei que sou um puto, entrado na casa dos vinte anos há não muitos. Porém não consigo evitar pensar no passar, no avançar, no esgotar das hipóteses de andar por aqui, no ver, no saber, no aprender, numa palavra, no tempo de vida que vai andado inexoravelmente. É um discurso triste, eu sei, concordo perfeitamente. Aliás, se conseguisse não o sentir, podem crer que preferiria.
Se há coisa da qual tenho medo é da velhice. Muito mais do que de alturas (só para dar um termo de comparação a quem me conhece). Da debilidade, física e mental, da nostalgia, do peso do passado esmagador comparado com o futuro na balança da vida.
Da doença. A doença petrifica-me. Será por ser filho de quem lida com ela todos os dias, de quem a traz para casa e solta a fera na mesa onde jantamos, com frases e palavras que se tornaram banais e corriqueiras? Os médicos são os primeiros a pensar que essas coisas só acontecem aos outros. Ossos do ofício, uma forma de vencer a violência do dia-a-dia. Talvez por isso fumem desalmadamente.
Os filhos deles não. Devia ser muito novo quando percebi que um AVC era um acidente vascular cerebral e um TAC uma tomografia axial computorizada. Pior, as razões pelas quais as pessoas têm AVC’s e as consequências. Também devo ter percebido muito novo o que é um cancro, metásteses e que a quimioterapia provoca queda do cabelo. Assim como anemias.
Vivo com medo. Serei o único. Quem tem cu tem medo. Há para aí muitos cus. Um belo silogismo. Contudo, não sou obcecado por levar uma existência terrivelmente saudável e regrada. Faço os meus disparates e abusos. Porque entendi que o único remédio é fazer tudo, levar tudo, devorar tudo. Até ao tutano.
E foi nessa mesma altura que passei a olhar para estes dois marcos anuais como uma contabilidade de experiências e vivências. Uma contabilidade que se quer com um activo gigantesco. Não importa se à custa de muitos capitais próprios ou de um passivo brutal. Neste ponto até o Bagão estaria de acordo comigo.
E acho que foi assim que venci o medo.
Sei que sou um puto, entrado na casa dos vinte anos há não muitos. Porém não consigo evitar pensar no passar, no avançar, no esgotar das hipóteses de andar por aqui, no ver, no saber, no aprender, numa palavra, no tempo de vida que vai andado inexoravelmente. É um discurso triste, eu sei, concordo perfeitamente. Aliás, se conseguisse não o sentir, podem crer que preferiria.
Se há coisa da qual tenho medo é da velhice. Muito mais do que de alturas (só para dar um termo de comparação a quem me conhece). Da debilidade, física e mental, da nostalgia, do peso do passado esmagador comparado com o futuro na balança da vida.
Da doença. A doença petrifica-me. Será por ser filho de quem lida com ela todos os dias, de quem a traz para casa e solta a fera na mesa onde jantamos, com frases e palavras que se tornaram banais e corriqueiras? Os médicos são os primeiros a pensar que essas coisas só acontecem aos outros. Ossos do ofício, uma forma de vencer a violência do dia-a-dia. Talvez por isso fumem desalmadamente.
Os filhos deles não. Devia ser muito novo quando percebi que um AVC era um acidente vascular cerebral e um TAC uma tomografia axial computorizada. Pior, as razões pelas quais as pessoas têm AVC’s e as consequências. Também devo ter percebido muito novo o que é um cancro, metásteses e que a quimioterapia provoca queda do cabelo. Assim como anemias.
Vivo com medo. Serei o único. Quem tem cu tem medo. Há para aí muitos cus. Um belo silogismo. Contudo, não sou obcecado por levar uma existência terrivelmente saudável e regrada. Faço os meus disparates e abusos. Porque entendi que o único remédio é fazer tudo, levar tudo, devorar tudo. Até ao tutano.
E foi nessa mesma altura que passei a olhar para estes dois marcos anuais como uma contabilidade de experiências e vivências. Uma contabilidade que se quer com um activo gigantesco. Não importa se à custa de muitos capitais próprios ou de um passivo brutal. Neste ponto até o Bagão estaria de acordo comigo.
E acho que foi assim que venci o medo.