terça-feira, novembro 30, 2004

Não percebo – porque é que há gajos que gostam de ir ao barbeiro. Para o mesmo efeito e, possivelmente também pelo mesmo preço, num cabeleireiro, têm direito a que uma tipa jeitosa lhes mexa na cabeça e a lave.

segunda-feira, novembro 29, 2004

«Disse que - as guerras com Bonaparte não teriam êxito enquanto os Russos se obstinassem em procurar aliar-se aos Alemães e interviessem nos assuntos europeus, e a isso se viam arrastados pela paz de Tilsitt. – Os Russos não deviam intervir nem contra a Áustria nem a seu favor. A nossa política está toda no Oriente, e, no que diz respeito a Bonaparte, só temos uma coisa a fazer: armar a nossa fronteira e mostrarmo-nos firmes. Eis a maneira de ele nunca mais transpor a nossa fronteira, como aconteceu em 1807.

- E como poderíamos lutar contra os Franceses, príncipe? – interrogou então o conde Rostoptchine. – Podemos acaso armar-nos contra nossos amos e deuses? Ponde os olhos na juventude, olhai para as senhoras da nossa sociedade. Os nossos deuses são os Franceses, o nosso éden é Paris – prosseguiu mais alto, naturalmente para que todos o ouvissem. – Modas francesas, ideias francesas, sentimentos franceses, tudo é francês! Pôs na rua o Métivier, por ser francês e canalha, mas as nossas belas damas rojam-se-lhe aos pés.

Ainda ontem estive numa recepção: das cinco senhoras presentes, três eram católicas e bordavam ao domingo, com autorização especial do papa. Pois estavam quase nuas como se fossem tabuletas de um balneário, com sua licença. Ah!, príncipe, quando ponho os olhos na nossa juventude, vêm-me ganas de ir buscar o bastão de Pedro, o Grande, ao museu e de lhe dar uma sova à russa. Talvez assim lhe passasse a maluqueira! – Fez-se silêncio. O velho príncipe olhava para Rostoptchine, aprovando com a cabeça, o rosto iluminado por um sorriso.»

in Guerra e Paz, Leão Tolstoi

domingo, novembro 28, 2004

Costuma-se dizer – que quando os pais chamam os filhos pelo nome completo que vem lá cascadela, borrasca, tempestade. João Victor Mendes da Silva anda cá já ou apanhas!, Sónia Cristina Oliveira Rosário Conceição olha lá para onde pões os pés!. Enfim, exemplos há muitos. Agora, giro giro seria ver isto aplicado na casa da nossa família real:

Afonso Miguel Rafael Tiago … João Pedro Luís Nuno … Mendonça Pinheiro Sousa… de Bragança larga já o bigode do teu pai!

sábado, novembro 27, 2004

Fui à praia colher cordões, vim da praia quatro cordões colhi
Com a fuçanguice toda – não consegui fixar tudo o que me disse ao certo. Qualquer coisa como desejar que aquele papel me trouxesse muitas felicidades e sucesso. Agradeci-lhe muito, dei-lhe aquele aperto de mão que a situação assim exige, enquanto o via sorrir.

Haverá um misto de orgulho e satisfação (naquela expressão que nunca mais vou esquecer) por ver antigos alunos sair de canudo em riste daquele anfiteatro? Não tenho a mínima dúvida.

E espero que também não haja no que toca à reciprocidade.

quinta-feira, novembro 25, 2004

A transitividade - no seu melhor

Turquia = Turkey = Perú

quarta-feira, novembro 24, 2004

Está sol - Virado a oeste, só o verei quando a tarde começar a tomar conta do dia e a luz invadir a janela. Então a divisão aquece e sinto a luz acariciar-me a pele. Tive de colar folhas de papel na vidraça para evitar usar o estore. O estore só se move na horizontal, não me permite apanhar a dose de sol que eu quero apanhar, deveria mover-se na horizontal.

Estou no terceiro piso. Entre três e quatro andares têm as habitações do bairro degradado que vejo. Casas sem estuque, telhados sem telhas onde se passeiam gatos, caixilhos partidos. Já aqui à frente, na varanda quase térrea cheia de vasos e com a mangueira a um canto onde acabam os ramos duma nespereira, a mulher de cabelo curto dá à manivela para abrir os toldos.

Na rua seguinte, os prédios são mais altos. Ali, onde há uma varanda de quarto, quinto piso, alguém pendura metodicamente roupa. Nos dias a puxar para o chuvoso, de pijama e robe; quando está calor, inclusive de sutiã. Nas águas furtadas, toalhas, calças e plantas ondulam ao sabor do vento, os pombos aproveitam as janelas abertas ou inexistentes para se fazerem convidados.

Neste dia de céu limpo, gaivotas ocasionais passam a bater as asas. O rio não está longe, ao invés da tempestade. A proximidade do hospital traz o som das ambulâncias, o trânsito as buzinadelas e os ataques verbais aos demais condutores e transeuntes. Gostava de não trabalhar com o computador porque o computador só é possível com aquele silvozinho. Não há computadores que, em actividade, não o tenham.

Isto porque gostava de sentir o silêncio aqui dentro para poder perceber o que não existe lá fora. Do homem do café, do homem dos jornais, do taxista, do condutor da Carris, da mãe que leva o filho à escola, do bêbado da esquina, do polícia de plantão, do drogado que sobe a rua, do engravatado que se enfia no escritório.

É este o silêncio que eu gostava de ouvir.

terça-feira, novembro 23, 2004

Cada vez estou mais convencido - que só há duas finalidades úteis para o limão. A primeira é no fabrico de detergentes, aqueles que desengorduram não sei quantos pratos com uma simples gotinha. A outra é para os toxicómanos prepararem a sua dose, misturando o sumo com a substância.

segunda-feira, novembro 22, 2004

Há uma catrefada - de anos e séculos e milénios atrás, uns tipos chamados gregos, num sítio chamado Grécia Antiga, em oposição à dos dias que correm, passavam os dias a pensar. Ao que parece, punham-se a andar dum lado para o outro lá numa parte da cidade, uma praça, que denominavam ágora e resolviam fazer perguntas uns aos outros e discutir coisas e sabe-se lá mais o quê.

Um dia depararam-se com um problema. Os gajos, que até foram os inventores daquela história da democracia, estavam preocupados com a dificuldade do acesso das pessoas de menores posses aos cargos de representação democrática. Como os trabalhadores do Conselho, da Assembleia e do Tribunal não eram pagos, apenas quem vivesse desafogadamente, fosse financeiramente confortável, poderia desempenhar este tipo de funções e, ao mesmo tempo, sobreviver.

Vai daí, os gajos não foram de modos. Não houve cá falinhas mansas nem parlapiés. Como resolveram eles o problema? Liderados por um cromo de seu nome Péricles, criaram a “mistoforia”, uma espécie de salário para quem tivesse aquele tipo de funções. Foram democráticos.

Por muito que pensassem e filosofassem, mal sabiam os gregos (grécios, como diria W. Bush) que esta questão teria uma aplicação em tempos que lhes são tão distantes. A verdade é que os salários de funções governamentais têm andado em discussão.

É que é fácil criticar quando um tipo é contratado para desempenhar um cargo estatal a ganhar bastante mais que os seus pares ou, inclusive, que o Presidente da República, comparação que parece ser completamente à prova de bala. Agora, se tivermos em conta que é isso que a pessoa em causa ganha no sector privado, dá que pensar.

No limite, na maioria dos casos não vamos ter as pessoas mais competentes do nosso país a trabalhar com os olhos postos na cidadania e no bem estar colectivo. A não ser que o altruísmo fale muito mais alto, custa-me a crer que abdiquem de condições melhores para vestir a camisola de um qualquer Governo.

Ou seja, em muitos casos, só restam segundas escolhas. Subir os ordenados é uma hipótese um pouco para o complicado, num país onde o salário de um deputado já deve ser umas dez vezes superior ao do salário mínimo nacional. A ética impõe reticências.

Podemos sempre começar a andar dum lado para o outro no Terreiro do Paço e pensar em soluções.

domingo, novembro 21, 2004

«Só sei que nada sei»

José Sócrates

sábado, novembro 20, 2004

«There is a Japanese visual art in which the artist is forced to be spontaneous. He must paint on a thin stretched parchment with a special brush and black water paint in such a way that an unnatural or interrupted stroke ill destroy the line or break through the parchment. Erasures or changes are impossible.

These artists must practice a particular discipline, that of allowing the idea to express itself in communication with their hands in such a direct way that deliberation cannot interfere. The resulting pictures lack the complex composition and textures of ordinary painting, but it is said that those who see will find something captured that escapes explanation.

This conviction that direct deed is the most meaningful reflection, I believe, has prompted the evolution of the extremely severe and unique disciplines of the jazz or improvising musicians.»

Bill Evans

sexta-feira, novembro 19, 2004

Se há - saídas de emergência, onde ficam as entradas?

quinta-feira, novembro 18, 2004

A vaca ingrata – é aquela que enche um balde depois de devidamente mungida, mas que manifesta o seu desagrado com um valente coice que espalha o leite pelo chão. A primeira vez que vi o conceito de vaca ingrata ao contrário tratado foi por Herman José. É, nada mais nada menos, aquela vaca cujas tetas não merecem o esforço de espremer porque nada delas sai mas que, a espaços, nos presenteia com uns copitos do dito líquido.

A vaca ingrata ao contrário nacional são as estatísticas. Colocam-nos na cauda da Europa, envergonham-nos, fazem-nos bramar e refilar. Mas, de vez em quando, lá vem um dos benditos copitos, como este que vos proponho.

Como está frio e há muita gente constipada até pode ser bem quentinho e com um pouco de mel.

quarta-feira, novembro 17, 2004

Estará a Colômbia - infestada de pombos?
Por norma - , sou gajo para não ir em provocações. Dá trabalho, chatices, preocupações… Mas, por vezes, também sou gajo para não resistir a dar resposta a este tipo de solicitações. Sobretudo quando são daqueloutro tipo de provocações saudáveis.

Fui questionado acerca das viagens que me faltam. Imensas, respondi de imediato, quase instintivamente, pese embora considerar-me um tipo sortudo, com umas boas milhas em cima. Fiquei a remoer. Até chegar a esta lista, o meu top ten, que aqui ponho.

Patagónia
Ilha da Páscoa e Santiago do Chile
Escandinávia
Austrália e Nova Zelândia
Tóquio
Índia
Peru
Nova Iorque e Nova Orleães
Islândia
Nepal e Tibete

Modo de emprego – Não há qualquer tipo de gradação entre estas hipóteses; poderiam perfeitamente encontrar-se noutra posição da lista, são sonhos com igual importância. Não são as dez melhores viagens; estas são as que me faltam; já tive o prazer de realizar algumas que fui riscando do rol. Não agitar antes de abrir; consumir de preferência ao final do dia.

terça-feira, novembro 16, 2004

Disse que ia
Teimou que ia
Bateu com o pé no chão
Como quem não aceita um “não”

Depois pediu-lhe que também viesse.

segunda-feira, novembro 15, 2004

Só por encomenda – Eventuais reclamações devem ter em conta a dificuldade em traduzir determinados assuntos, expressões e vocábulos. Espero que vá ao encontro do desejado. Abraço.

Là-bas dans la rue où j’habite j’ai connu une voisine,
Separée de son mari, elle habite toute seule,
Au delà d’être jolie, elle est un puits de bonté
En voyant ma bagnole à la pluie elle m’a offert son garage

Elle a dit que personne ne l’use dès qu’il m’a quitté
Dans son intérieur des toiles d’araignées il a ramassé
Mets ta bagnole ici dedans ou elle va rouiller
C’est un garage usé mais ta bagnole l’aimera

Je mets la bagnole, je retire la bagnole à l’heure que je veux
Quel petit garage serré, quelle douceur de femme,
Je la retire de bonne heure, je la mets à la nuit et quelques fois pendant la soirée
Je change même l’huile dans le garage de la voisine.

Mais ma puissante bagnole a une jolie remorque
Que j’utilise pour vendre des cocos et faire des sous,
Le garage est trop petit, que peux-je faire maintenant,
Ma bagnole rentre dedans et les cocos restent dehors

Ma voisine est gentille, je vais ranger son garage,
À la porte des herbes ont grandi, je les ai coupées
La bonté de la voisine c’est une chose de l’autre monde
Quand je n’utilise pas celle de devant j’utilise le garage de derrière

Je mets la bagnole, je retire la bagnole à l’heure que je veux
Quel petit garage serré, quelle douceur de femme,
Je la retire de bonne heure, je la mets à la nuit et quelques fois pendant la soirée
Je change même l’huile dans le garage de la voisine.

P.S. – Merci bien pour l’aide, mec!

domingo, novembro 14, 2004

Com a devida - declinação do adjectivo, a inclusão de um inocente "h" e omissão de uns míseros "e" e "s", aqui temos a versão alemã de um nosso conhecido:

der (António) gute Herr

Ou seja, em lusitano, e evitando traduções demasiado à letra, aquilo que designaríamos corriqueiramente por um "bom rapaz" ou, melhor ainda, "gajo porreiro".

NOTA:
Gut I. adj. (besser, am besten) bom.
Herr m. <-n, -en> 1. (Mann) senhor, cavalheiro.

in Dicionário Alemão-Português, Porto Editora

sexta-feira, novembro 12, 2004

Há quem pense – que eu sou um jogador de futebol. Em concreto, que sou brasileiro, novito e que dou uns toques no CSKA de Moscovo. Partilhei convosco a notícia que vi no Record na entrada de sábado, 6 de Novembro. Partilhei convosco, também, em Abril e, posteriormente, em Junho, alguns mails de brasileiros que me apareceram na minha caixa nitidamente por engano.

Acontece que, por sugestão amiga, resolvi confrontar esses mails à luz da recente descoberta do mundo futebolístico do quase homónimo meu. Em cheio. Quatro dessas mensagens trocadas são, sem sombra de dúvida, para um senhor chamado Daniel Silva Carvalho e que, neste momento, vive em Moscovo. Aqui fica a página pessoal e aqui algumas informações.

Aqui ficam as transcrições de correio electrónico, por ordem cronológica:

1. «Fala Daniel!
Esqueceu de nós, heim!?
Mas já estou acostumado...
Fora o Tinga, que me liga sempre e até já mandou uma camisa 77 do Sporting para minha coleção, o restante não está nem aí para a gente...
Tô sabendo de umas tuas por aí...
Como estás, tudo bem!?

Por aqui estamos arrebentando de vender, graças a Deus.
Se teu e-mail estiver correto, mandarei umas fotos do evento que
fizemos.

Aguardo teu retorno.

Um abraço»

2. «Dããããã

E ai Daniel, como vão as coisas ai neste frio, tudo bem? E o passeio de hoje, como foi, deve ter sido muito legal. Já ouvi falar que a Praça Vermelha é bonita demais. Tinha que tirar uma foto nela com a camisa do inter e mandar dizendo: A Praça é Vermelha e Colorada!!! Tá garantido teu emprego no Inter até o fim da vida.

A pergunta que tu tinha me feito sobre o vestiário: vai se chamar Frederico Arnaldo Balve, que foi um presidente do Inter. Vai inaugurar na terça feira, dia 06/04 as 18:00 horas daqui. O nome tinha que ser Daniel Carvalho....

Cara, todo mundo que te conheceu fala em ti, conta tuas histórias - é claro
que o Galo aumenta tudo - e sente tua falta por aqui, é bom ver que tu
deixou um monte de amigos por onde tu passou.

Manda tuas histórias dai, fala dos furos que tu vai inventar de fazer, por
que afinal de contas teu tico e teco só se entendem na hora de jogar bola,
no resto do tempo eles brigam.

As fotos do vestiário a gente vai mandar depois, pq tá em obras ainda,
quando tiver tudo pronto a genta manda, certo.
Um abraço prá ti e pra tua família ai, ve se responde.
Abração
Déda»


3. «E aí Daniel! Tudo bem?
Como andam as coisas por aí? Qdo puder, mantenha-nos informado sobre tua participação no CSKA, de repente a gente dá a notícia aqui, informando os torcedores.
Sucesso. Abraços
Fernando»

4. «Oi Daniel,

Ontem t vi no 2 toques, e não acreditei em t ver de volta pra poa!!!!!!!!!!!!!!
Apesar das circunstâncias (da tua lesão), é muito bom te ver pela cidade!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Bem, espero ter a oportunidade de te conhecer pessoalmente!!!!!!!!! :)
Nem q seja pra vc autografar minha camisa do Inter!!!!!!!!!!!!!!!
Espero meeeeesmo t conhecer... qq coisa.

Bjussssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss»
Comentário aos comentários – Paulo e V., precisam dar desconto ao bicho. Normalmente não o defendo, acho que não merece. Neste caso, estão a tecer considerações acerca dele que são mais da culpa do fotografo (sim, minhas…) que dele. A manipulação de informação é algo extremamente presente na sociedade dos nossos dias.

Foi isso que eu fiz. Nada como apanhar um determinado ângulo, um determinado esgar da criatura por lhe estar a disparar flashes consecutivos para os olhos. Então tu, V., não tinhas mais nenhum adjectivo para lhe dar… Só a Sara é que percebeu, com inside information, diga-se em abono da verdade, que ele tinha era fome e de que eu me aproveitar desse estado de alma.

Gonçalo, qual rato qual quê..! Ratos apanha ele a torto e a direito e depois traz para casa para exibir o troféu. Acrescenta lagartixas, gafanhotos, pássaros e até coelhos à lista.

Finalmente, Querido, que raio de história é essa de afecto…? Ok, estou a exagerar. Ele até não é assim tão mau rapaz. É meiguinho mas não deixa de ser uma melga certificada. E, já agora, que é isso de assinar os comentários com nomes alternativos como, por exemplo, Ana? Fachavor de se identificar correctamente!
Impressões - Desculpa-me não te ter desculpado

quinta-feira, novembro 11, 2004

Talvez uma forte - e bem sentida vontade de redenção. No fundo, nunca o saberemos. Palpita-me que nem sequer o próprio. O que é certo é que depois de inúmeras más prestações por terra alheia, outra boa dose cá no tal rectângulo ao pé do mar e essas coisas, o rapaz, nos últimos tempos, tem andado demasiado activo.

Tem dias que aparece mesmo. Comentários do costume saem como, por exemplo, deves estar doente, olha quem ele é, estão a oferecer alguma coisa. E muitos mais. Para além das caras perplexas e os olhares perdidos por entre os comportamento estranhos e muito pouco vistos.

Até que conseguiu ser elemento agregador. Às suas custas, sete foram ao jantar, o oitavo estava no Bairro à espera, sou faltou mesmo o nono (que até é coisa parecida com o nome próprio), que é gajo para meter muitas horas e querer voltar a casa assim que possível.

Começa a não ser necessário tanto esforço para não criticar.

quarta-feira, novembro 10, 2004

Tobias - ou a materialização (gatização, em alternativa) dos adjectivos "chato", "maçador" e "aborrecedor".

Mal-cheirosos - Gente à porta, alguns notáveis das artes e televisão. Lá dentro, tipos com travessas cheias de línguas de gato prontas a serem agarradas e devoradas. A última fila do primeiro balcão esperava por nós. Escada acima, confusão adentro, lá estavam os apertados lugares, qual voo intercontinental em classe turística.

O primeiro arranque era só piada. Não chegou a arrancar. Foi preciso vir outra vez a voz off e a cortina abrir pela segunda vez para deixar os quatro à nossa vista. Começaram com uma cantoria a quatro vozes que primou tanto pela gozação como pela desafinação. Foi aqui que arrancou.

Seguiu-se um desfile dos melhores sketches: senhor Tobias, o homem a quem aconteceu não sei quê, o que tu queres sei eu, senhor Victor, o terrorismo, concurso adivinhe quem é a filha do produtor deste programa, licença para andar ao pé coxinho na via pública depois das 22h, etc. A fechar, a minha vida dava um filme indiano.

Alguns foram alongados, esticados ao sabor da actuação ao vivo. Exagerados para aproveitar o balanço da gargalhada na sala. Esta foi a grande mais-valia. De resto, alguns problemas de som (não usaram microfones) e o facto de muita gente já saber aquilo que vai sair da boca deles. O que, em comédia, não parece ser o indicado.

Não obstante, muito cómico.

segunda-feira, novembro 08, 2004

Pensamento do dia - O aperto de mão a criaturas femininas foi uma defesa inteligentemente concebida contra mulheres feias ou com alguma idade ou que conjuguem as duas características.

domingo, novembro 07, 2004

Esta coisa – de chamar as pessoas pelo seu nome sempre me desgostou sobremaneira. Sobretudo quando há todo um conjunto de circunstâncias que rejeitam fórmulas impessoais e afastadas de tratamento.

Não gosto de cerimónias, não gosto de cortesias, muito menos de graxa e mariquices. Gosto de à-vontade, coisas que relembrem situações, de preferência engraçadas, e alcunhas giras. Em particular, deliro quando consigo eliminar o nome “correcto” de alguém da memória do telefone ou da agenda do e-mail e substituir por algo com muito mais piada.

O teu caso concreto já me andava a irritar. Já havia o Fresquinho, o GSM, a Sandocha, a Querido, o Granito, a Pipinha, o Met Miguel, o XôTôr. Quer-se dizer, faltavas tu, só tu.

Finalmente ocorreu-me. Ainda por cima, uma daquelas coisas tão fáceis e óbvias que fiquei perplexo durante uns tempos para tentar perceber porque raio não me tinha lembrado disto antes.

Que tal Nunho…? Lá está, é engraçado e relembra bons tempos.

P.S. – se não gostares, como opção, tens Nuna.

sábado, novembro 06, 2004

Há uma primeira vez - para tudo, claro está, todos sobejamente conhecemos esta expressão ou, mais que sobejamente, estamos fartos até à ponta dos cabelos, até à medula de a ouvir. No outro dia pus em prática essa velha máxima e fiz algo que nunca antes tinha feito. Por incrível que pareça, comprei um jornal desportivo.

Desistam já à partida os cépticos, aqueles que pretendem acusar-me de querer enfiar uma valente galga, uma peta descomunal, mas verdade mais verdade não existe, é como o Omo. Podem, isso deixo, achar um acontecimento iminentemente furtivo e esporádico porque, aliás, é exactamente disso que se trata.

Então porque carga de água comprei eu o Record num lindo dia de sol? Porque um dos passageiros do meu comboio lia o dele calma e tranquilamente quando os meus olhos recaíram sobre o título da notícia que aqui exponho. O resto, estão mesmo a ver, não necessito dar mais explicações, palavras para quê.


Nota - Dada a dificuldade em ler o corpo da notícia, aqui fica a transcrição:

«O avançado Daniel Carvalho está em fase final de recuperação de uma inflamação na coxa esquerda. Fez ontem uma ressonância magnética para avaliar a evolução do tratamento. Se tudo estiver perfeito, será convocado para o jogo de segunda-feira, frente ao Dínamo, em que o CSKA poderá confirmar a conquista do título russo. "Estou a melhorar bastante. Já comecei a correr e a trabalhar sem bola. Tudo dependerá dos exames, mas estou optimista", disse o brasileiro. Caso haja algum imprevisto, o jogador fica reservado para o duelo com o FC Porto, no dia 24, em Moscovo.»

quinta-feira, novembro 04, 2004

Parafernália - Hoje vou falar de um dos grandes mistérios da nossa tão querida e estimada Humanidade. Em particular, dos que dizem respeito à metade feminina, quando analisados pela metade masculina. Muitos poderiam ser incluídos nesta categoria, dos problemas de estacionamento à contagem diária de calorias ingeridas, das idas à casa-de-banho em pares aos orgasmos múltiplos. Poderão estes ficar em stand-by, segundas núpcias quando me der na veneta. Para já, aqui fica uma breve dissertação acerca das malas das senhoras.

O que têm de tão fascinante estes aparentemente normais objectos do quotidiano feminino para o sexo oposto? À primeira vista, parecem desconfortáveis, pouco práticas. São um peso morto constantemente ao ombro, podem ser gamadas, achar o telemóvel lá dentro pode ser uma odisseia, é preciso depositá-las em qualquer lado sempre que se sentam ao volante ou numa mesa.

Não poderiam ter só desvantagens. Se pensarmos bem, apresentam uma série de características de interesse, também para os senhores. Senão vejamos. Nunca é preciso levar canetas, papéis, lenços de papel quando há uma por perto; é sempre possível descobrir objectos desta natureza naqueles infindáveis depósitos de mercadorias. Para além disso, também servem para nós próprios nos livrarmos dos nossos pesos mortos, aproveitando aquele apetite devorador de armazém sem fundo e confiando os nossos pertences à respectiva dona.

É verdade, as malas das senhoras são verdadeiras cartolas de ilusionista, dentro das quais não há limites físicos à quantidade e diversidade de coisas que podemos achar e donde se pode tirar praticamente tudo. Quis um exemplo e indaguei. Vou partilhar convosco a descrição exaustiva dum conteúdo de mala que uma boa samaritana fez o favor de espalhar numa mesa e partilhar comigo. Por motivos óbvios, vou-me abster de divulgar a sua identidade. Disse-me ela o seguinte:

1. «Carteira com dinheiro (pouco, muito pouco) e alguns cartões (alguns já inválidos, quase adivinho);
2. porta-documentos a abarrotar, já que inclui desde o BI ao cartão de eleitor, passando por vários cartões de cliente (Biblioteca Almada Negreiro, Biblioteca Francisco Pereira de Moura, Biblioteca Nacional, Office Centre, Galp, Club House Health Club, EUL, Sport Zone, River Woods);
3. escova de dentes Aquafresh, contorcionista e azul;
4. documentos do carro (sendo que a ando com a guia provisória desde Maio);
5. porta-chaves azul, com símbolo desactualizado da UE, onde tenho a chave do gabinete;
6. porta-chaves imitando o globo terrestre, em esponja (objectivo: apertar, eliminar o stress), com a chave do carro;
7. estojo das lentes de contacto, parte integrante do líquido de limpeza Bausch & Lomb. Deve conter o referido líquido, mas já com muitos dias;
8. porta-chaves com as chaves de casa: a do portão, a da entrada do prédio e a de casa propriamente dita, todas elas com argolas de borracha coloridas que permitem a sua fácil identificação;
9. Berodual a acabar o prazo de validade; Bricanyl ainda selado (tubos para a asma);
10. tubo de pasta de dentes (pequeno) Colgate;
11. livro de cheques CGD cruzados; estojo com óculos: 2 dioptrias no olho esquerdo, 2,25 no direito;
12. hidratante labial Clinique; óculos escuros dentro do respectivo estojo;
13. talões vários: do multibanco, de compras... numa palavra: lixo;
14. pequeno pacote de excicante;
15. penso Evax normal alas.»

Confesso que fiquei algo decepcionado. Queria encontrar alguma coisa diferente, um brinquedo e um chocolate. Alguma coisa fora do normal, que comprovasse a teoria da cartola de ilusionista. Vá daí resolvi indagar mais, interroguei mais espécimes do sexo feminino, fiz perguntas e inquéritos, lancei questionários e pedidos de informação.

Nada feito. Eu que procurava qualquer coisa tipo um pé-de-cabra, um tijolo à la Duarte e Companhia, uma bifana, quiçá sandes de courato. Fui assolado por uma profunda onda de tristeza.

Resta-me a consolação de que dei o meu melhor.

P.S. – Ajudante, ficam aqui, para ti, sugestões para completar o espólio da tua mala. Tudo coisas normais!! Cá vão elas: lenços de papel (já falei neles), agenda ou filofax, bolachas integrais, água, rebuçados e gás mostarda.

quarta-feira, novembro 03, 2004

Ficamo-nos - pela extrema polarização da sociedade americana. O mapa das cores dos estados separa o norte do sul, o litoral do interior. O norte mais instruído, cosmopolita, moderno; o sul mais tradicional, fechado e retrógrado. Relembra velhos tempos da Guerra da Secessão.

terça-feira, novembro 02, 2004

Tás bem, ou vais pra Belém?
Tás mal, ou vais pró Bombarral?
Tás baril, ou vais pró Estoril?
Tás fixe, ou vais pra Peniche?
Tás contente, ou vais pra Benavente?
Tás feliz, ou vais pra Paris?
Tás chique, ou vais pra Monchique?
Tás lixado, ou vais pró Carregado?
Tás porreiro, ou vais pró Barreiro?
Tás numa boa, ou vais pra Lisboa?
Tás com uma paranóia, ou vais pra Tróia?
Tás com pinta, ou vais pra Freixo de Espada à Cinta?
Tás com pica ou vais pra Caparica?
Tás com a telha, ou vais pra Marselha?

segunda-feira, novembro 01, 2004

O prazer é todo meu - , Miguel. Até porque vens elevar o nível, os termos de comparação dos meninos à volta da fogueira. Pode ser que assim se sintam espicaçados, pressionados a aumentar a sua produtividade, esse grande desígnio nacional. Sim, porque há aí gajos que falam falam falam e eu não os vejo fazer nada…fico chateado, ah pois claro que fico!!

Ah e tal não…!
Recebi um SMS – que dizia “Grande Estoril!”. Já tinha ouvido falar mas ainda não tinha investigado. Uma goleada por 5-0 ao Beira-Mar. Se não fosse o sucesso do Penafiel, o único mau resultado da temporada, a ofuscar…