domingo, agosto 31, 2003


A saga continua – Confesso que nunca fui grande amante de bancos. Basta-me ouvir essa palavra para pensar em sítios onde se mete o dinheiro e onde temos de lá ir forçosamente, perder tempo em filas de atendimento, para tratar de situações, normalmente, chatas. Contudo, devo dizer que a Holanda despertou em mim um novo interesse por um banco em especial, um interesse para o qual julgava nunca vir a ter a potencialidade para o desenvolver.

É verdade. Rabobank. Que linda firma para uma empresa ter. As perguntas sucedem-se na minha cabeça estilo cascata, atropelam-se umas às outras na ânsia de serem respondidas.

Por exemplo:
O que será necessário para abrir uma conta num dos balcões deste estabelecimento? Uma cópia do contrato de casamento gay? Ou será que bastará viver num regime de união de facto? E será que isto quer dizer que os gays solteiros não têm direito a nada? Será que os heterossexuais podem simplesmente entrar nas agências bancárias? Será que há contas de poupança habitação especiais? E será que têm alternativas de financiamente especiais para investimento em empreendimentos na área do lazer, nomeadamente, estabelecimentos gay, eventos gay, cinemas gay?

Felizmente abri uma conta no SNS Bank.



sexta-feira, agosto 29, 2003


Música – Realmente, estou bastante mais dentro da música do que qualquer outra forma de arte. Se bem que também goste de teatro, cinema, pintura, fotografia, entre outros. Mas há qualquer coisa em relação aos sons que me fascina, um je ne sais quoi...

Vai daí pôs-me a pensar nisso. Sim, porque às vezes dá-se o acontecimento de me pôr a pensar. E talvez tenha encontrado uma justificação. Não sei se é válida, não sei se justifica seja o que for, nem sequer sei se mais alguém se sente identificado com ela. Querem saber? Cá vai alho no próximo parágrafo.

Porque há uma componente física que é exclusiva da música. As ondas sonoras atingem-nos. Sentimos a sua vibração. Tocam a pele, agitam as entranhas, afagam e acariciam a cara.

Um quadro pode-me fascinar. Posso ficar minutos a fio a olhar para ele, a perder-me nos seus contornos. Porém, não me lembro de alguma vez ter sentido um arrepio daqueles que sobem pelas costas e explodem até aos limites da pele dos braços, do couro cabeludo, das pernas, como se um batalhão de formigas percorresse incansavelmente o corpo, de uma ponta à outra. Enquanto que a ouvir música, é constante.

Com todo o respeito, que me desculpem os actores, cineastas, pintores, fotógrafos. Mas não consigo evitar que a música prevaleça em mim.




quarta-feira, agosto 27, 2003


Short&Sweet #3 - Disseram-me que na Holanda era característico o à-vontade com que os casais homossexuais viviam no quotidiano. Um país tolerante onde até mesmo os casamentos são possíveis entre tais pessoas. Também, que mais seria de esperar duns gajos que chamam a um dos seus maiores bancos Rabobank?



terça-feira, agosto 26, 2003


Ora bem, em resposta às simpáticas questões que me têm colocado, cá vai uma sumária descrição dos acontecimentos destes últimos dias.

Já sabia que Maastricht era uma cidade relativamente pequena. Li algures que o cerca de 120.000 habitantes. Mas não tinha ideia que as coisas fossem tão próximas umas das outras e que o ambiente em geral fosse extremamente acolhedor e simpático, típico das pequenas aglomerações. No sábado, demos umas voltas pelo centro da cidade e fiquei logo a conhecer grande parte dos locais por onde vou andar frequentemente.

No domingo, apanhámos o comboio até Amesterdão. Um mundo à parte. A nota dominante é a atmosfera relaxada, algo que gostaria de aprofundar noutro blogue. Visitámos o mercado das flores, o museu dos gatos (uma roubalheira....), o museu do Van Gogh e a casa da Ann Frank.

Ontem, segunda-feira, a coisa foi bem mais animada. Dei entrada na Guesthouse da universidade aqui do sítio e comecei por dar de caras com mais cinco lusos, com quem depois fui, às 17h30, fazer a visita guiada da cidade pelos tipos da Erasmus Student Network (ESN) que, voluntariamente, posso dizer desde já que fazem um trabalho impecável a ambientar a malta toda. Depois da dita visita fomos jantar ao bar de eleição deles, onde se reunem pelo menos uma vez por semana às terças.

A noite começou com um concurso de emborcar cerveja. Devo dizer que a equipa Tugas só perdeu com os tipos da ESN que bebem a sério... mas fizémos óptima figura, gajos de Glasgow e mais não sei donde vieram torcer por nós e disseram que ficaram com pena por termos perdido, que éramos óptimos bebedores e que tínhamos verdadeiras hipóteses de os derrotar numa ocasião futura. Como aqui as coisas começam todas a horas muito pouco avançadas, eram 22h00 e já estávamos acelaraditos... A música prossegue, com muita animação e a noite acaba às 2h00.

Como podem ver, até agora está a ser muito fixe.



sexta-feira, agosto 22, 2003


Decisões – Decidi (felizmente sem perder muito do meu sono com isso) desenvolver um pouco o blogue de 18 de Agosto. Vai daí pensei em encruzilhadas, pensei em dilemas, pensei em pessoas divididas, cheguei mesmo a pensar em balanças. Pensei como por vezes parece que a vida se afasta daquilo que era, momentaneamente, para, passado algum tempo, voltar exactamente ao ponto de partida, como se nunca tivesse existido aquele desvio. Também pensei no contrário, quando acontece afastarmo-nos tanto daquilo que éramos que, quando olhamos para trás, custa-nos a acreditar que tivéssemos saído dali, por ali, por aquela porta específica.

Certo? Errado? Cheguei à conclusão que não há lugar para classificar decisões de certas ou erradas, assim como também não há lugar para as respectivas e consequentes recriminações das supostas erradas. Há apenas decisões consentâneas com as circunstâncias de cada momento específico, aquele em que são tomadas. E há um tempo para tudo.

A lógica seria perguntar de seguida se alguma vez se reunirão todas as circunstâncias necessárias para que determinada acção possa ter lugar. Por vezes elas estão todas presentes, a questão é apercebermo-nos disso. Às vezes nunca chegam a estar. O que pode ser mais difícil de aceitar, mais doloroso.

O que nos leva à temática dos desencontros. Noutra oportunidade.



Aviso à navegação - Quase me esquecia... òbvio que vou deixar a actividade blogueira em stand by durante uns dias. Em princípio, recomeçarei no inicí­o da semana que vem. Com muitas notí­cias, decerto...

Até lá.

Uns bichos estranhos, estas coisas das despedidas. Pese embora o facto de não morrer de amores por elas, decidi fazer uma aqui mesmo. Abraços e beijinhos para todos, tanto aqueles de quem infelizmente não me pude despedir fisicamente, mas também outra vez para aqueles de quem efectivamente me despedi.

Podia terminar com uma piadinha estúpida do tipo “até ao Natal” ou “ a gente vê-se lá para o Natal”. O que, não sendo de maneira nenhuma uma mentira, não me apraz.

Prefiro até já. Ou até jazz, como diz o outro.

P.S. – Já agora, esclarecer um pequeno mal entendido. A lágrima no canto do olho de ontem era mesmo uma piada, não tinha nada a ver com o facto de me ir embora. Nem me passou pela cabeça que pudesse ser interpretada dessa forma quando aqui o coloquei...



quinta-feira, agosto 21, 2003


Insólito #1 - Teeenhooo umaaa laaagriiima noos cantoo doos oolhooo, teeenhoo umaa laaagriimaa noos caaantooo dooos oolhooo....

Um Bongo, o verdadeiro sabor da selva.



quarta-feira, agosto 20, 2003


A queda dos anjinhos – uma sondagem

Estará Ferro Rodrigues em processo de oxidação?
Estará Durão Barroso a amolecer?
Estará Manuela Ferreira Leite a azedar?
Estará Mogais Sagmento a teg aulas de dicção?
Estará Mota Amaral com problemas no carburador?
Estará Alberto João Jardim a fenecer?
Estará Paulo Portas a empenar? Ou será o Miguel?
Estará Rui Rio a secar?
Estará José Sócrates a sofismar?
Estará António Capucho a enfiar o barrete?
Estará Fernando Seara a ser debulhado?
Estará Fernando Rosas a murchar?

Vote no melhor trambolhão da classe política através do seu comentário.



terça-feira, agosto 19, 2003


Short&Sweet #2 – O filme é anglo-saxónico como a maior dos que aqui vemos são. Naquele momento os personagens têm flutes na mão e preparam-se para beber champagne. Com uma entoação enérgica, um deles diz: Let`s make a toast!

E aparece escrito na legenda: Vamos fazer uma torrada.



segunda-feira, agosto 18, 2003


Adivinha - Dão que pensar. Fazem-nos matutar horas a fio, imaginando e extrapolando qual o impacto, as consequências que delas podem advir. Chegam mesmo a tirar-nos o sono ou a fazer-nos ter pesadelos confusos e intrincados. Às vezes damos por nós completamente alheados, perguntam-nos o que temos, respondemos com uma evasiva quando o momento não é oportuno.

Pedimos conselhos a outros. Estes começam por nos colocar à frente dos olhos um esquema sintético, estilo organigrama, com todas as alternativas. E depois, as possíveis ilações a tirar. Quando muito, podem chegar ao ponto de dizer o que fariam caso estivessem na nossa posição. Mas sempre salvaguardando que seria na sua própria perspectiva.

A lição a tirar é extremamente simples. Em relação a elas ninguém nos pode ajudar por aí além. Mesmo quando pensamos que aquela conversa que tivemos com Fulano de Tal foi muito importante para resolver o problema, no momento crítico, já não vai parecer assim. E mesmo que tenhamos Fulano de Tal em grande consideração e estima, às vezes mandar uma moeda ao ar pode ser mais resolutivo.

São, normalmente, momentos complicados, dependendo, obviamente, do nível de importância de que se revestem. Tanto mais que são um verdadeiro exercício da individualidade de cada um, da idiossincrasia, o que é quase o mesmo que dizer solidão.

Já devem ter adivinhado que falo de decisões.



domingo, agosto 17, 2003


No comments - Carla Vanessa é uma pobre menina de quinze anos que não tem um braço nem uma perna, vive nesta barraca que estão a ver com a sua avó, reformada e que recebe uma pensão de miséria, e que é surda do ouvido esquerdo e coxeia da perna direita, sem condições nenhumas, sem casa-de-banho, sem uma divisão só para si, chove cá dentro e no Inverno faz muito frio, há ratos e lagartixas, é um cheiro que não se pode, o irmão dela dorme na cama ao lado, tem asma e pé de atleta, da mãe nada sabe a não ser que é uma prostituta e que a abandonou a ela e ao irmão há um bom par de anos, o pai é toxicodependente e encontra-se preso em Vale de Judeus por posse e tráfico de estupefacientes e assalto à mão armada, sem possibilidade de liberdade condicional, não tem mais nenhuma família, tinha uma tia mas morreu de susto quando um camião quase a ia atropelando, deixou de ir à escola porque as possibilidades escasseiam....

...Blá blá...

...esta menina nunca viu a cidade nem o mar e o seu maior sonho era conhecer a Dona Fulana, a sua heroína da telenovela Grandessíssima Pepineira, que iremos transmitir já a seguir a partir das 21h00, não perca, não saia do seu lugar, um encontro que iremos proporcionar a esta pobre menina para a semana que vem e que lhe iremos mostrar a si, para que você aí em casa possa assistir em directo a mais um belo momento de solidariedade, de compaixão para com os mais pobres e desfavorecidos.

Este foi o telejornal da TVI, boa noite, tenha um óptimo serão na nossa companhia.



sábado, agosto 16, 2003


Condução - Há dias ouvi uma linda nas notícias, já não sei de que canal. Não apanhei do início mas retive o essencial. Fez-se um estudo por causa da sinistralidade nas estradas portuguesas (outro...) e foram colocadas questões aos excelentíssimos senhores condutores, umas de auto-análise, outras em relação ao que pensavam dos demais cidadãos que conduzem.

Conclusão: quando inquiridos são todos responsáveis, cuidadosos, bons condutores e mais não sei quê; os outros é que têm uma falta de civismo, andam para aí a acelerar e fazem manobras perigosas.

Realmente, isto é mesmo típico. Enquanto a capacidade de se criticarem a si próprios for esta maravilha que se vê, vai continuar a morrer muita gente. Mas sempre temos a sorte de poder dizer que a culpa é da malta pouco cívica que anda pelas estradas.

Eles andam aí.



sexta-feira, agosto 15, 2003


E-128 - Tudo começou na Caixa de Cascais. O jovem herói deste relato que agora inicio, necessitava de um impresso E-128, por forma a ter cobertura médica no estrangeiro, uma vez que ia para a Dinamarca ao abrigo do programa Erasmus. Tirou a sua senha de vez por volta das 9h30. Expedito, conhecedor da vida e dos meandros pelos quais esta se rege, imediatamente se deu conta que não faria sentido ali ficar, esperando que o atendessem. Voltou a casa, deu umas voltas, para só voltar pelas 12h30, precisamente um quarto de hora antes de ser chamado. Explicou a situação e foi informado que ali não lhe poderiam resolver o problema. Não havia ali o impresso. A funcionária explicou-lhe que só no Areeiro.

De maneira que no dia seguinte, depois de ter identificado o local através da fila de pessoas que havia à porta, tirou a senha às 8h40. O número era o 86. indicaram-lhe a sala B. Havia cerca de 20 mesas, nem todas estavam a ser utilizadas, e estava o nº10 a ser atendido. Às 10h00, foi o momento de sorte do portador da senha com o número 43. Uma vez mais, provando que é uma pessoa que sabe viver, adaptar-se às circunstâncias, fez algumas contas de cabeça, umas regras de três simples, e chegou à conclusão que, com a curta evidência estatística que a sua presença naquele local lhe proporcionava até ao momento, só seria atendido lá para as 11h30. Foi tomar o pequeno-almoço. Voltou. Para constatar que durante quinze minutos, o número 51 não arredava pé. O desespero começava a instalar-se. Felizmente havia ar condicionado.

O Eldorado, finalmente. Viram as papeladas que ele trazia, e constataram que não havia formulários. Aqueles que em Cascais tinham confirmado que havia. Foi mandado para as relações internacionais. Porta B no sétimo andar. Uma vez lá chegado, foi reencaminhado para o oitavo. No oitavo, foi novamente reencaminhado para o sétimo. Onde lhe indicaram a sala de espera. Resolveu enviar-me um SMS a dizer que estava a ser tratado como uma bola de ping-pong. Foi chamado, verificaram a papelada uma vez mais. No meio disto tudo, depois de explicar a sua odisseia à funcionária, ela refere qualquer coisa acerca de tratar as pessoas como bolas de ping-pong. Imediatamente antes de o deixar sozinho em frente ao computador, onde se lia num papel colado no monitor e virado para ele, o username e a password 12345678, que facilmente memorizou.

Precisamente 3 horas, 57 minutos e 48 segundos após ter chegado, foi-lhe entregue um impresso E-128 nas mãos, uma folhinha formato A-4, onde consta o nome do beneficiário, o número, o país de destino, a data de cobertura e a rubrica do funcionário. A esmagadora maioria dos intervenientes neste relato são senhoras com idade superior a 50 anos, que teclam com um único dedo.

Bem lhe pedi desculpa, mas não conseguia evitar rir-me.



quinta-feira, agosto 14, 2003


It`s Oh So Quiet – Para quem não conhece, trata-se de um tema da Björk, do albúm Post. Se bem que mesmo aqueles que afirmarem não conhecer, possivelmente fazem-no porque não o associam nem à intérprete nem ao título. De qualquer das formas, fica aqui aconselhado para uma futura audição.

O tema consiste de duas partes extremamente demarcadas, que se vão intercalando, quer ao nível da música em si, quer ao nível da letra. Começa a islandesa por discorrer sobre a calma, o silêncio, a paz que antecede uma grande paixão enquanto os sopros vão produzindo uma melodia suave e envolvente. De seguida explode, discorre sobre o dito estado de euforia e arranca um contrabaixo em walking bass, contagiando o resto da orquestra a “swingar” vigorosamente com alguns kicks à mistura. É o céu que cai na cabeça, é desatar a rir e a chorar, é um motim, é o diabo à solta, é um fusível rebentado, é...

Até tudo estar acabado. A calma regressa com os doces sopros e os sons que fazem lembrar caixas de música que embalam o sono de crianças. Até tudo recomeçar novamente. E, no meio deste ciclo interminável interroga-se (ou interroga-nos) para dar o tema por encerrado: What`s the use of falling in love?

Boa pergunta. Aí está uma boa altura para me calar.



quarta-feira, agosto 13, 2003


A Sudoeste tudo de novo – Disseram-me que, comparando com os anos anteriores, o problema da poeirada era bem menor. A relva tem destas maravilhas. Mesmo assim, as calças, o carro, a cara, as narinas, não escaparam incólumes aos fininhos grãozinhos que se infiltram por todo o lado.

Há a música. Muito boa por sinal. Do funk contagioso do Jamiro à presença explosiva da Skin, até à irreverência do Beck. É claro, também há a cerveja. Sim, porque, como ouvi dizer, muito boa gente perde o Norte no Sudoeste. Estava calor...

E depois há as pessoas. Há reencontros com este ou aquela que não víamos há séculos e tão depressa não vamos voltar a ver outra vez (talvez para o ano, quem sabe...). Mas mais importante, há os reencontros com pessoas verdadeiramente importantes que, por vicissitudes da vida, descolaram de nós ou nós delas. Não interessa saber se foi a primeira ou a segunda opção (embora esteja mais inclinado para aceitar a segunda), o que interessa é retomar o fio à meada e recomeçar. Os quilómetros, as noitadas, os copos, as gargalhadas, as poucas horas de sono, as dores nas pernas e nas costas das horas passadas em pé...nada disto teria feito sentido se não fosse por vocês.

E, de repente, ficámos ali sentados no chão,. com o som da Beth Gibbons por detrás. Eu na ponta do estrado de madeira da esplanada, ela na relva, em cima duma revista. A falar de coisas da vida. A pôr a conversa em dia. Pelo menos parte dela.
- Vamos ver o Beck? – perguntei assim que ouvi o primeiro acorde. Era o momento ideal para nos calarmos. A minha anfitriã anuiu com a cabeça e soltou um sorriso enquanto se levantava do chão.

Obrigado por tudo e mais alguma coisa.



quinta-feira, agosto 07, 2003

Pequeno aviso à navegação - Por motivos de força maior (vou ao Sudoeste!!!) não poderei continuar com a produção diária que tenho tentado manter. Desde já as minhas profundas desculpas... No entanto, regressarei no início da próxima semana com novo fôlego e alento para retomar esta tarefa.

Até ao próximo blogue.

Caguíssimo Senhogue Ministgo da Pguesidência Mogais Sagmento,

Depois da confusão que gegou, quando iniciou o seu mandato, em guedogue do assunto da Égue.T.P e, em especial, da ameaça de extinção do canal dois, voltou novamente à cagga com esta melindgosa questão que, na altuga, desencadeou uma séguie de pgotestos, não só pogue pagte dos tgabalhadogues envolvidos, mas também pogue pagte de algumas elites opinion makegs e da pgópguia opinião pública.

Contudo, lá diz o povo e com gazão que gato escaldado de água fguia tem medo, desta vez paguece tegue abogdado a questão com a ajuda duns quantos paninhos quentes.

Senão vejamos: daqui a nem mais nem menos do que oito anos, o guefeguido canal segá geguido pogue uma entidade cguiada para esse mesmo fim, a segue definida pogue uma outga lei, e que seja guepguesentativa da sociedade civil da altuga. Entguentanto, o canal segá uma concessão da holding Égue.T.P. SGPS.
Peggunta: Afinal o canal dois já não vai às ugtigas?

Indefinição, adiamento de decisões, guecuos.... Afinal em que ficamos, senhogue ministgo?



quarta-feira, agosto 06, 2003


Ensino - Há coisas que me espantam, que se me assemelham como irrisórias. Os exames nacionais do 12º ano são um bom exemplo. Porquê, perguntam vocês pensando que, já que tiveram a coragem e a ousadia de abrir esta página, ao menos que fiquem ao certo o que este marmelo quer insinuar com tal afirmação.

É simples. E pode ser concretizado sobre a forma duma interrogação. Será que alguma vez teremos um ano neste famigerado país em que os exames nacionais decorram com normalidade? E já nem sequer falo dos tradicionais resultados desastrosos, falo apenas do processo de avaliação em si.

Confesso não ter acompanhado de perto o que sucedeu este ano mas, pelos vistos, não é sequer necessário dar muita atenção para ficar com má impressão. Eis algumas das notícias que me ficaram nos ouvidos:
1 – A prova de física tinha uma pergunta dúbia que admitia mais que uma resposta. Os exames voltaram aos correctores para que estes reavaliassem a dita pergunta segundo os novos critérios estabelecidos;
2 – Penso que decorrente desta primeira notícia, a data de afixação das notas atrasou do dia 22 Julho para o dia 2 de Agosto, altura em que muitos gostariam ir de férias mas acabaram por não o fazer, na expectativa da saber o que lhes calhou na rifa e de tratar do processo de candidatura ao ensino superior;
3 – A prova de Geometria Descritiva também padecia duma dessas perguntas meio dúbias, se bem que desta vez não houve lugar a alteração dos critérios de avaliação nem reavaliação das notas, pese embora a contestação de alunos e professores;
4 – Houve um professor dum dos inúmeros liceus que, por lapso, se esqueceu cobrir um capítulo da matéria estabelecida para exame. Os alunos deram pela falha, comunicaram-lhe e, nas vésperas do exame, o stôr deu-lhes umas esfregas de Eugénio de Andrade que, acaso do destino, acabou por ser o autor que saiu na prova. Os alunos queixam-se que a prova lhes correu mal devido à forma como lhes foi ministrada a matéria. E, é claro, querem repetir.

Quedo-me por aqui, mesmo que soubesse mais não continuaria, penso que chega para dar uma ideia do panorama. Só acho é que, com tanta preocupação manifestada e tanta discussão em torno dos maus resultados dos alunos, se calhar está na hora de pensar em classificar os responsáveis pela feitura dos exames e averiguar se estes últimos sofrem ou não dum problema de insucesso escolar.

Digo eu, que não percebo nada disto



terça-feira, agosto 05, 2003


Short&Sweet #1 - A Associação Nacional de Operadores de Redes Móveis de Telecomunicações deseja tornar público o seu especial agradecimento ao deputado Ferro Rodrigues, sem as chamadas do qual, a módica quantia de 1892 no espaço de um mês e meio, não poderia, este ano, a administração desta associação deixar o Algarve para fazer férias nas Maldivas.

Bem haja, senhor deputado



segunda-feira, agosto 04, 2003


Devora a adolescência – Já não me lembro ao certo o que ela dizia. Qualquer coisa do género: “Hoje faço anos; acordei, fui ao quarto dos meus pais...blá blá... pus maquilhagem e sapatos de salto alto (seria??). Lembro-me melhor a nível visual, ainda consigo ver alguns dos gestos dela.

“Hoje dei o anus, uups, hoje fiz anos!” – gozava o Pedro com aquele sorriso matreiro que só ele sabia fazer, exibindo os dentes. Desta parte lembro-me melhor. E não era razão para menos. A partitura que aquele tipa alta e esguia fazia não constava da peça no início, surgiu a páginas tantas e resolveram inclui-la lá mais para o final do espectáculo. Para nós que conhecíamos tudo o que havia para conhecer, fez-nos um bocado de confusão. Porque era uma alteração a meio do campeonato.

Porém, não me parece que tenhamos sido os únicos. Houve muito quem me dissesse que não gostava, não só aquelas pessoas que iam muito assiduamente assistir, a quem seria mais fácil perceber que aquele bocado havia sido encaixado ali a martelo, mas também aquelas que só esporadicamente iam. “Gostei muito, mas aquela cena da tipa que faz anos e mais não sei o quê...”. E torciam o nariz no final da frase.

E que podíamos nós fazer? Gozávamos, simulávamos, imitávamos, ríamos. Até nos espectáculos ficávamos a engolir um sorriso menos próprio quando começava a chegar a hora dela iniciar.

Do que eu me havia de lembrar hoje, hã?




Incêndios - Mesmo que haja alguns que se destaquem pela dimensão dos estragos e prejuízos (ao que tudo indica, 2003 vai ser um desses, de longe), isto é todos os anos a mesma coisa. Basta o calor começar a apertar mais um bocado e desata o país a arder aos bocados qual purgatório de trazer por casa.

A comunicação social dá um grande relevo às imagens da bestialidade das chamas a consumir árvores, campos e casas, às operações dos bombeiros, às suas constantes queixas de falta de meios e às recorrentes suspeitas e acusações de crime de fogo posto. No rescaldo, a velha história da má planificação e gestão das espécies florestais, bem como a deficiente limpeza das matas e dos corredores de segurança.

No entanto, fica tudo por aqui. Porque relatos de progressivas melhorias na diminuição da quantidade de área queimada, aumento de meios de combate aos incêndios ou julgamentos de criminosos pirómanos é mentira. E o calor não tem umas costas assim tão largas.

Até quando? Até não haver mais nada para arder?



domingo, agosto 03, 2003


A 1ª semana – É verdade, sei que ainda é bastante cedo, ainda nem no adro vai a procissão. Não obstante, gostaria de fazer uma breve alusão e comemorar a passagem por um pequeno grande marco na minha nova carreira como bloguista, cujo início assinala o início do resto da minha vida: a minha primeira semana de actividade blogueira está completa e, segundo os critérios que havia inicialmente estabelecido para comigo próprio (que não divulgo, são pessoais, vou mantê-los na maior obscuridade), penso poder afirmar que o resultado foi bastante bom.

Números? Estatisticazecas? É claro que também interessam. Saber que a página já foi visitada mais de cem vezes é um enorme regozijo. Falar, como escrever, tocar, representar ou cantar, não tem grande piada se for para o boneco; confessei-o e admiti-o logo no pontapé de saída.

Aqui ficam os meus votos de que consiga continuar a cativar-vos, seja pela diversão duma piada ou pelo interesse de um escrito mais sério.

Amanhã há mais. E sem lamechices.



sábado, agosto 02, 2003


Escuta nº1892
FR: Tou sim?
AC: Sim
FR: Estou?
AC: Tás bom, pá?
FR: Ah, olha quem ele é..!
AC: Então? Que tal?
FR: Eh pá, olha, já tou a caminho, ainda demoro mais um bocado
AC: Sim, tá bem... mas como correu?
FR: Lá foi. Mas os gajos são os chatos e fazem umas perguntas mesmo irritantes, aquelas que a gente não quer responder, o que é que um gajo há de fazer?
AC: Pois, pá, só uma solução, um gajo aguenta e pronto... espera que corra tudo pelo melhor.
FR: Mas eu agora vou tratar da questão, vou jantar com o P.R. Tenho é de ir tomar banho, cheiro a cavalo que empesta.
AC: É normal, pá, é dos nervos, vais ver que isso depois passa. Podias-me ter ido que eu orientava-te uns desodorizantes novos da NIVEA que são uma maravilha.
FR. Fica para a próxima
AC: Ouve lá, acho que deves insistir, agora no jantar, naquela cena do Procurador-geral ter pouca disponibilidade e o catano
FR: Pá, pera, pera, cala-te! Não digas mais népia! Tava aqui a pensar numa cena...
AC: Então?
FR: Eh pá, se os gajos já andam aí a falar de escutas há algum tempo, se calhar é melhor termos um bocado de cuidado com isso... não achas?
AC: Agora que falas nisso... és capaz de ter razão... até porque parece que tu tás implicado. Pelo menos o teu nome já foi referido por aí. Se calhar é mesmo melhor não falarmos nessa cena do Procurador e dos putos ao telefone, né?
FR: Pois, pá, eu acho que não, pode dar um bocado de bandeira e os gajos podem ficar a pensar coisas de nós. Se nos pusermos aí a falar daquilo que sabemos podemos arranjar sarilhos. Tás a ver?
AC: Claro, tens toda a razão... Pá, então é melhor ires lá a casa estilo amanhã ou depois para ver se a gente fala um bocado, hã? Organizo uma sardinhada e conversamos à vontade, que achas?
FR: Por mim tá porreiro. Só não posso é comer salada de pimentos que o estômago já não é o que era
AC: Tá bem, não te preocupes com isso. Então pronto, ficamos assim, dá lá uma saltada amanhã.
FR: Tá bem. Queres que leve alguma coisa, sobremesa, vinho?
AC: Não é preciso nada, pá, não te preocupes.
FR: OK, pronto, até amanhã, então.
AC: Vá, um abraço, pá. E cumprimentos à patroa.



sexta-feira, agosto 01, 2003


Lance - Este ano a coisa já foi um bocado mais complicada, não foram favas contadas como nos outros. Tiveste de te aplicar, sobretudo quando viste que o Ullrich não estava para brincadeiras. Mas acabaste por resolver a questão sabia e autoritariamente e, uma vez mais, mostraste que o teu reinado ainda parece estar para durar.

Parabéns por teres igualado o recorde do Indurain de cinco Tours consecutivos. Acima de tudo, parabéns por teres a força que tens. E não estou a falar da contida nos teus músculos, que é bem visível. Estou a falar daquela que te permitiu derrotar esse sacana que é o cancro e voltar da experiência com a vivacidade suficiente para te realizares profissionalmente como atleta e como indivíduo, no apoio à luta à doença.

Afinal não devias ser Armstrong. Devias ser Legstrong ou mesmo Mindstrong. Fico a torcer para que repitas a façanha para o ano. Se bem que nem sequer necessitas quebrar definitivamente o recorde. Mesmo agora, ganhando o mesmo número de vezes a mesma prova que os outros recordistas, já és bastante mais especial que os outros, sejam eles o Merckx ou o Hinault.